O mercado elege os melhores de 2001 | Votação direta promovida po...

Edição 98

A revista Investidor Institucional está premiando, pelo segundo ano consecutivo, os melhores profissionais do mercado financeiro, escolhidos por votação direta dos seus leitores. Os 19 premiados eleitos, que segundo o mercado tiveram o melhor desempenho nas suas respectivas categorias, receberão o troféu “Investidor 2001 – Os melhores profissionais do mercado de investimentos” em evento a ser realizado no final de junho.
O objetivo do prêmio é destacar a atuação destes profissionais e expressar o reconhecimento do próprio mercado aos seus méritos. O reconhecimento, como pode ser constatado nas páginas seguintes, é o resultado de muita dedicação, rigor metodológico e senso de oportunidade, características que fizeram com que os premiados se diferenciassem de seus pares por indicar com precisão e firmeza os rumos mais seguros ou mais rentáveis para as aplicações de seus clientes. O acerto nas previsões dos rumos corretos do mercado proporcionou bons negócios aos seus clientes, que agora dão o devido reconhecimento por meio desta premiação.
Ficou evidente que, para boa parte dos premiados, os méritos são frutos de um trabalho em equipe, com as quais procuraram dividir o reconhecimento do mercado.“Um prêmio desse tipo significa também o reconhecimento do trabalho da equipe”, diz Roberto Scretas, da Schroders, escolhido como o melhor gestor de renda variável.
Saíram também, das indicações dos leitores, casos exemplares de profissionais que, ao se destacarem em duas categorias diferentes, obtiveram o reconhecimento em dose dupla. São os casos de Paulo Caricatti, do Citigroup, eleito melhor gestor de títulos públicos e de renda fixa, e de Marcelo Kayath, do CSFB Garantia, que destacou-se como melhor analista dos segmentos de mineração e comércio varejista. Para Kayath, o reconhecimento em duas áreas tão distintas pode ser creditado a uma visão global dos mercados na América Latina e ao trabalho em equipe. “Temos uma boa disciplina com a análise dos números”, disse ele.
A escolha dos premiados é o resultado de um processo de seleção realizada diretamente junto a fundos de pensão, empresas de previdência aberta, seguradoras, assets management e grandes corporações, que compõem o quadro de leitores de Investidor Institucional. Diferentemente da edição do ano passado, em que a consulta foi feita a todos os leitores, neste ano os questionários foram endereçados às empresas.
Das 22 categorias que constavam nos questionários, em três – as de melhor consultor financeiro, melhor analista de investimentos imobiliários e melhor analista de autopeças e material de transporte – não foi alcançado o número mínimo de votos para a definição de um vencedor, embora tenham sido enviadas indicações para as três áreas.
Nas páginas seguintes, conheça os premiados e saiba um pouco das estratégias que adotaram para vencer em meio à turbulência do mercado.

Melhor analista do setor de alimentos e bebidas
O prêmio de melhor analista do setor de alimentos/bebidas deste ano ficou com Adriano Seabra, responsável no CSFB Garantia pela área em toda a América Latina. Há 2 anos trabalhando no escritório mexicano da instituição financeira, Seabra também acompanha o desenvolvimento do setor de tabaco.
Seu grande mérito foi sinalizar para a queda das ações da Sadia e da Perdigão, no início do ano passado. “Eu era um dos únicos analistas que estavam vendo, naquele momento, a crise desses papéis no Brasil. Eles chegaram a cair cerca de 60% no primeiro semestre, e depois iniciaram uma recuperação”, explica.
Formado em engenharia eletrônica e economia, Seabra começou sua carreira na área financeira da Shell, passando posteriormente pela Andersen Consulting e pelo antigo Banco Garantia, até sua compra pelo CSFB.

Melhor analista do setor de energia elétrica
Prever que um dos principais “micos” do setor elétrico se transformaria em uma das empresas mais valorizadas na Bovespa foi uma das principais cartadas de Marcos Severine, da Sudameris Corretora, eleito o melhor analista do setor elétrico. Desde 1994 na instituição, Severine anteviu o potencial de valorização do papel da Empresa Metropolitana de Águas e Energia Elétrica (Emae) – um dos últimos redutos estatais na produção de eletricidade em São Paulo que, apesar de possuir um parque gerador considerável, tinha a sua produção limitada principalmente por entraves ambientais.
A partir de uma série de melhorias empreendidas pelo governo paulista, a empresa passou a registrar, pela primeira vez, no fim do ano passado, azul nos seus balanços financeiros. E com a possibilidade de se resolver boa parte do seu passivo ambiental, diante da iminente crise energética, a empresa passou a exibir um potencial que logo traduziu-se em valorização de suas ações. Os papéis da Emae, que chegaram a registrar R$ 5,64 por ação em dezembro de 2000, atingiram o pico de R$ 13 por ação em fevereiro e estavam, em meados de maio, em R$ 9,32 por ação. Formado em economia pela Universidade Mackenzie, Severine atuou, antes de ingressar no Sudameris, no BFB entre 1992 e 1994.

Melhor analista do setor de siderurgia
Para Edmo Chagas, escolhido por seus colegas do mercado financeiro como o melhor analista do setor de siderurgia, seu maior feito, nos últimos doze meses, não foi somente uma questão de escolha do papel adequado, mas principalmente de timing. Orientar os investidores a aguardar o melhor momento para adquirir as ações da Companhia Siderúrgia Nacional (CSN) foi, para Chagas, do UBS Warburg, sua melhor recomendação no período.
“Os investidores não sabiam como e quando se daria o descruzamento societário das ações da companhia. Tive de guiá-los de forma que obtivessem a melhor rentabilidade e não desperdiçassem o momento”, disse Chagas. Em relação a uma possível retração do setor, causada pela crise energética que abala o país, Chagas acredita que “apesar do racionamento, o setor deve terminar o ano com um saldo positivo produzido pelo crescimento que o Brasil deve verificar ainda neste ano. Chagas é administrador de empresas e está há quase um ano e meio no UBS Warburg.

Melhor analista do setor de telecomunicações
A visão global do setor de telecomunicações rendeu ao analista do Credit Lyonnais Securities Asia (CLSA), Carlos Constantini, acertos importantes nos últimos meses e o topo do ranking dos profissionais que acompanham este segmento. Constantini apostou, por exemplo, na erosão do valor dos papéis da Brasil Telecom, em conseqüência da disputa entre os seus sócios, a Telecom Itália e o Opportunity com os fundos de pensão. Depois de o preço da ação ter caído de R$ 34,00, no início de 2000, para R$ 22,00, em outubro do ano passado, Constantini manteve a previsão de queda das ações da empresa.
Os investidores americanos e europeus acreditavam que o Opportunity poderia comprar a parte da Telecom Itália na Brasil Telecom e que os conflitos seriam solucionados. Os papéis chegaram a subir para R$ 25,00 em janeiro deste ano, mas, em 23 de abril deste ano, recuaram para o mínimo de R$ 16,00. “A euforia não se consolidou e pude ter um feed-back positivo por parte dos investidores que seguiram minha recomendação, em particular dos institucionais”, diz. Ele considera que, agora, os conflitos na Brasil Telecom estão mais próximos de uma solução. O analista está no Credit Lyonnais desde junho de 2000.

Melhor analista do setor de mineração
Marcelo Kayath, diretor da área de mineração e varejo para a América Latina do CSFB Garantia, voltou a figurar, neste ano, na relação dos melhores profissionais do mercado financeiro. No ano passado, Kayath já havia sido premiado por sua atuação na área de mineração, prêmio que voltou a abocanhar neste ano. Nessa área, Kayath conseguiu acertar a pontaria em várias recomendações. Um deles foi apostar na continuidade da alta das ações da Caemi, em um momento em que, no início de 2000, já haviam registrado uma valorização de 100%. Após recomendá-la a seus clientes, a ação, de fato, valorizou-se em mais 200%. O outro êxito foi a recomendação da compra da Vale do Rio Doce, em meados de outubro, pouco antes do papel começar a subir. Com MBA em Stanford, Kayath credita sua premiação à visão global dos mercados da América Latina.

Melhor analista do setor de bancos
O analista Pedro Guimarães, que venceu na categoria de melhor analista de bancos, credita sua indicação aos estudos que fez sobre a situação dos bancos estatais frente ao processo de privatização – a exemplo dos bancos BEMGE, Banestado e Banespa, entre outros que analisou. O outro trabalho que considera ter alcançado especial relevância tratou dos relatórios que produziu sobre a situação geral do segmento e, em especial, do Banco Bradesco. “Enquanto o mercado acreditava na perda de lucratividade do Bradesco após a crise dos anos 1997 e 1998, antecipei a retomada de sua liderança. E, como se confirmou, o banco recuperou posições e deve ser a instituição que vai contabilizar um dos maiores crescimentos no segmento”.
Guimarães, que é doutor em economia pela universidade norte-americana de Rochester, já trabalhou nos bancos Bozano, Simonsen e Santander.

Melhor analista do setor de petroquímica, petróleo e gás
Crescendo a todo vapor, mesmo com a perda do monopólio, e com os preços do petróleo batendo recordes no mercado internacional, a Petrobrás foi a grande aposta de Cleomar Parisi Júnior, do Unibanco, eleito pelo mercado o melhor analista das áreas de petróleo, gás e petroquímica. O desempenho das ações da estatal brasileira na bolsa não tem desapontado os investidores. No ano passado, lembra Parisi, enquanto que o índice Ibovespa acumulou uma queda de cerca de 11%, as ações ON da estatal registraram alta de 24% e as PN, uma valorização de 1%. Essa tendência tem se mantido neste ano: enquanto que o índice da bolsa registrava, até 18 de maio, uma retração de 2%, as ações ON da Petrobrás haviam subido 38% e as PN, 33%.
Antes de ingressar no Unibanco, Parisi foi professor universitário (entre 1992 e 1993) e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP (de 1992 a 1995). E traz o gosto pelo setor que acompanha desde os tempos de militância acadêmica. Graduado em 1989 pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Parisi obteve o mestrado na mesma instituição, em 1994, com uma tese que tinha como tema a competitividade da indústria petroquímica e defendia a constituição de empresas maiores e verticalizadas no setor. Parisi está no Unibanco desde dezembro de 1995, tendo passado pelas funções de analista setorial das indústrias de bens de consumo, bens de capital e insumos intermediários, até assumir a análise de empresas de petróleo, gás e petroquímica, em 1997.

Melhor analista do setor têxtil
Com formação na análise de investimentos nos setores de varejo e consumo, a analista Daniela Bretthauer, do Banco Santander, teve diversas recomendações de ações acertadas durante o ano passado. No setor têxtil, os papéis de Coteminas foram sua principal aposta, com valorização de 5,25% no ano passado, contra uma queda de 10,67% do Ibovespa no mesmo período. Desde quando começou a recomendar a ação da empresa, em junho de 2000 até o final daquele ano, a valorização dos papéis de Coteminas subiram 23%, contra uma queda de 4,8% do Ibovespa no mesmo período. Num período de onze meses, desde junho de 2000 a maio deste ano, as ações valorizaram-se em 55%, ante um recuo de 8,6% do índice da Bolsa paulista.
A Coteminas, uma empresa do grupo mineiro Gomes da Silva, com presença forte no Nordeste, em Minas e no Sul do país, é uma das líderes no setor têxtil. Bastante voltada para a exportação e reconhecida pela distribuição das marcas Santista, Artex e Calfat, a empresa teve lucro líquido de R$ 66,6 milhões em 2000. Além de Coteminas, que continua sendo uma das principais recomendações de compra da analista, ela ainda indica para este ano a aquisição dos papéis da Souza Cruz, Sadia, Pão de Açúcar e Saraiva. Os potenciais de valorização desses papéis são, respectivamente e em dólar, de 50%, 73%, 68% e 48%.
Daniela está desde 1997 no Santander. Antes, trabalhou na área de investimentos do Unibanco e do Citibank. Ela é formada em administração de empresas pela Iowa State University, dos Estados Unidos.

Melhor analista do setor de papel e celulose
Pessimismo, nervosismo, ações em queda. Apesar do mau momento em que se via o setor de papel e celulose, a analista Andrea Kannebley, do UBS Warburg, escolhida como a melhor profissional deste segmento pelo mercado financeiro, decidiu recomendar a compra de papéis da Companhia Suzano. E se saiu bem. “Percebi que a empresa não iria seguir a tendência de queda mundial, pois estava passando por um processo de reestruturação e melhorias, além de ter adquirido a subsidiária Bahia Sul. Por isso, recomendei a sua compra”, comentou, referindo-se a seu maior acerto nos últimos doze meses.
Antes de trabalhar para o banco suíço, a engenheira formada pelo Instituto Mauá passou pelo Banco Votorantim, também na função de analista de investimentos. Sobre o futuro do segmento, arrisca: “Acredito na tendência de melhora no mercado de celulose mundial impulsionada principalmente pela volta ao crescimento da economia americana.”

Melhor analista do setor de comércio varejista
Marcelo Kayath, diretor da área de mineração e varejo para a América Latina do CSFB Garantia, foi também o mais votado na categoria de melhor analista de comércio varejista. Nessa área, destaque para duas de suas tacadas certeiras: a recomendação de compra do papel da Globex (Ponto Frio) e a percepção de que a ação do Pão de Açúcar já atingira o seu topo e começaria a cair. Kayath, que credita sua premiação à visão global dos mercados da América Latina, diz que a premiação é resultado de um trabalho de equipe. “Temos uma boa disciplina com a análise dos números”, resume.

Melhor analista de títulos privados
Formada em administração de empresas pela FGV, a jovem Ana Lívia Pereira foi premiada pelo seu trabalho na área de distribuição de títulos privados a fundos de pensão e empresas de asset management, cuja emissão é estruturada pelo banco BBA. Segundo ela, o título reflete o trabalho de toda a equipe do banco nessa área e é um reconhecimento da qualidade dos papéis privados ofertados pelo banco e do tratamento personalizado dado aos clientes.
Ela cita como exemplo duas emissões de debêntures feitas no ano passado, uma da Telemar e outra da Finaustria, financeira ligada ao grupo BBA. “Essas emissões foram muito bem aceitas pelo mercado e consideradas como excelentes oportunidades de investimentos na época”, diz. Segundo Ana Lívia, o reconhecimento de seu trabalho vem no momento em que a procura por papéis privados está crescente, devido à queda da taxa de juros e, por isso, há uma maior exposição dos profissionais dessa área.

Melhor analista de títulos públicos
A premiação de melhor analista de títulos públicos ficou com o gestor dos fundos de renda fixa do Citigroup Asset Management, Paulo Caricatti, eleito também como o melhor gestor de renda fixa (ver nessa categoria). Segundo ele, dois fatores são muito importantes em estratégias que envolvem títulos públicos: “a análise das tendências de taxa da Selic em relação ao CDI e o gerenciamento da exposição dos portfólios ao risco de alterações nos prêmios pagos por esses títulos em relação aos indexados”
Graduado em engenharia pela Escola Politécnica da USP e pós-graduado em Finanças pela FGV, Caricatti começou a sua carreira na área de tesouraria do Lloyds Bank. Em junho de 1992 ingressou no Citibank, sendo hoje responsável pela gestão dos fundos de renda fixa, dos fundos cambiais e pelos fundos de principal protegido.

Melhor administrador de portfólio de renda variável
Ambev, Coteminas, Duratex, Globex, Guararapes, Saraiva, Pão de Açúcar, Bradesco, Itaú e Unibanco foram algumas das recomendações feitas no ano passado pelo analista da Schroders, Roberto Scretas, votado como o melhor gestor de renda variável.
As ações do setor de consumo (varejo, alimentos e bebidas e bancos) tiveram valorização média de 40% no decorrer do ano, contra uma queda de 10,67% do Ibovespa. Por causa da guinada na política monetária interna, porém, a Schoders está diminuindo a recomendação nestes setores e voltando-se para o setor de commodities, antecipando-se à perspectiva de recuperação da economia norte-americana já no final deste ano.
Beto Scretas, como gosta de ser chamado, também foi bem-sucedido no zigue-zague das ações do setor de telecomunicações no ano passado, indicando primeiro a compra de papéis das empresas de celulares e recomendando depois a venda dos mesmos antes das primeiras grandes quedas da Nasdaq, em abril de 2000. Em junho de 2000 voltou a recomendar a compra de ações das celulares e em setembro propôs a redução das posições.

Melhor analista de câmbio
O modelo de avaliação do câmbio utilizado por Paulo Tenani, economista do Citigroup Asset Management, garantiu-lhe acertos no ano passado. Enquanto a maioria do mercado apostava em câmbio acima de R$ 2,00, pelo fraco desempenho da balança comercial brasileira, a média do dólar ficou em R$ 1,83, dentro das projeções do analista. No final de 2000, estava em R$ 1,95. Ele atribui o acerto ao seu modelo de avaliação. “O câmbio é dado no mercado de ativos”, diz. Isso significa dizer que o maior peso na formação do preço do câmbio é exercido pelos fluxos financeiros.
O que mais importa, na opinião de Tenani, é a conta de capitais, e não a conta de transações correntes, que leva em consideração o desempenho da balança comercial e dos demais ítens da conta externa. Ainda segundo este modelo, quando o risco Brasil cai, o que significa mais recursos entrando, o câmbio se valoriza.
Economista do Citigroup Asset Management desde meados de 1999, Tenani atuou anteriormente por três anos como economista no Banco Warburg Dillon Read, em Nova York. O analista é PhD em economia pela Columbia University e bacharel em economia pela USP e em administração de empresas pelo Mackenzie.

Melhor administrador de portfólio de renda fixa
Ao longo do ano passado, enquanto a maioria do mercado diminuía a exposição em títulos pré-fixados, o gestor de renda fixa do Citigroup asset Management, Paulo Caricatti, aumentava a sua carteira com operações pré, acreditando que a alta dos juros era transitória. Os juros no mercado futuro chegaram a atingir 22,5% no início de maio, mas em agosto já haviam cedido para 17%.
Essa atuação proporcionou excelente resultados para os fundos exclusivos administrados pela instituição e fez com que os fundos abertos pré-fixados do Citibank fossem incluídos entre os melhores na categoria pela Agrif, empresa especializada na análise de fundos de investimentos.
Assim como há um ano, o gestor não acredita que as atuais taxas de juros se sustentem nos níveis atuais. Ele prevê que, no curto prazo, o Copom promova novas altas, mas que a tendência no médio e longo prazo continua sendo de queda.
Paulo Caricatti, graduado em engenharia pela Escola Politécnica da USP e pós-graduado em Finanças pela FGV (ver perfil na categoria melhor analista de títulos públicos).

Melhor administrador de portfólio balanceado
Alexandre Póvoa conseguiu, em curtíssimo período de tempo, o reconhecimento do mercado. Promovido a diretor de investimentos da asset do ABN AMRO no início deste ano, Póvoa foi o mais votado como melhor administrador de portfólio balanceado. Na pesquisa do ano anterior, o economista, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com MBA na Universidade de Nova York, já havia arrematado o prêmio de melhor administrador de portfólio de renda variável. “O título é o reconhecimento, pelo mercado, do nosso trabalho no balanceamento ativo das carteiras dos fundos de pensão”, comenta Póvoa.
O executivo explica que a asset vem reforçando o caráter ativo da gestão dos portfólios, procurando obter ganhos também no curto prazo, tanto na renda variável quanto na renda fixa. “Estamos realizando movimentos mais rápidos, com a intenção de buscar ganhos no curto e médio prazos”, afirma. Antes do ABN AMRO, para onde foi em 1998, Póvoa trabalhou no Morgan Stanley e no Inter Atlântico, além de passar pelos fundos de pensão Eletrobrás e Eletros.

Melhor asset allocation
O diretor do JP Morgan Fleming Asset Management, Wagner Murgel, escolhido como o melhor profissional de asset allocation, compara o sucesso de seu trabalho nos últimos doze meses com o desempenho de um fundo lançado em abril do ano passado pela instituição, o Frontier. Esse fundo, a partir da alocação de recursos de ativos de renda fixa pré-fixados, bolsa, dólar, CDI e títulos da dívida externa, tem proporcionado aos investidores institucionais ganhos bem acima de seu benchmark (20% do Ibovespa e 80% do CDI), sem riscos muito elevados. De abril de 2000 a maio de 2001, atingiu 165% do benchmark.
“Ficar restrito ao balanceamento entre renda fixa e variável não é a maneira mais eficaz de melhorar o desempenho. Por isso, agregamos outros ativos, sem exceder o limite de risco do benchmark”, afirma Murgel. O executivo divide o prêmio com sua equipe, formada por profissionais que atuam juntos desde antes da fusão do Chase com o Patrimônio, em março de 1999. Wagner Murgel tem formação em administração de empresas pela FGV-SP e já trabalhou no Citibank e Patrimônio.

Melhor administrador de risco
Independência, credibilidade e conhecimento profundo do setor em que atua. Essas características foram determinantes, na opinião do consultor Marcelo Rabbat, da RPR Consultores, para que ele fosse eleito pelo mercado como o melhor administrador de riscos. “Somos apenas consultores de investimentos, não estamos ligados a nenhum grupo financeiro, e isso dá credibilidade e confiança dos clientes”, acrescenta Rabbat, um dos principais consultores de fundos de pensão, atribuindo o reconhecimento do seu trabalho ao seu caráter independente e técnico.
Além disso, outro diferencial apontado por ele é o conhecimento do ambiente dos fundos de pensão, que “não pode ser visto nem como um gestor de recursos nem como outro investidor qualquer, dada a característica de seu passivo atuarial de longo prazo”. Foi baseado nessa visão que Rabbat recomendou, em outubro do ano passado, aos seus clientes que evitassem aplicações em renda fixa pré-fixada naquele momento. Recomendação que se revelou acertada logo em seguida, com a alta de juros. “Dissemos aos clientes que correriam um risco muito grande para ganhar um pouco mais do que o CDI, no máximo 2%, isso se nada desse errado”, disse Rabbat.

Melhor economista de instituição financeira
Guilherme Bacha de Almeida, economista do Banco Pactual, destaca que a sua função, “voltada para uma análise mais macro, algo mais conceitual”, não é “nem tão clara, nem tão objetiva” como a dos analistas de investimentos. As diferenças não impediram, porém, que os acertos de Almeida na condução do trabalho de análise de conjuntura e na elaboração de cenários macro-econômicos e políticos para o Pactual recebessem a distinção do mercado financeiro. Almeida considera que o seu grande êxito, nos últimos doze meses, foi detectar, no decorrer de 2000, a melhoria de alguns fundamentos domésticos – entre eles os que se referem ao crescimento econômico, por exemplo –, ao mesmo tempo em que procurou alertar o mercado sobre as fragilidades que acompanhavam essa constatação – como a excessiva dependência do país de financiamento externo.
No Pactual desde julho de 1997, Almeida havia atuado antes (entre 1994 e 1997) na Caixa de Previdência do Banco do Nordeste (Capef), como analista e, posteriormente, como superintendente de administração de investimentos; foi pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) (entre 1991 e 1994); e já havia sido assessor econômico do Ministério da Indústria e Comércio (entre 1988 e 1989).