Edição 352
Fundos de pensão precisam de um conjunto diferente de ferramentas para navegar com seus portfólios por águas desconhecidas como as que encontram hoje em dia, diz a controller do estado da Califórnia, Betty Yee, que também é membro dos conselhos dos fundos de pensão dos funcionários públicos e dos professores da Califórnia, respectivamente CalPERS e CalSTRS.
Em reportagem da Pension & Investment, ela diz que para entender as novas dinâmicas econômicas os dirigentes de fundações precisam de mais educação financeira relacionada aos novos temas e riscos do mundo, incluindo mudanças geopolíticas e climáticas, ao mesmo tempo em que precisam contratar pessoal com diferentes habilidades que permitam ampliar as possibilidades das carteiras de investimento.
“Como podemos desempenhar melhor nosso dever fiduciário em um mundo onde há mais risco geopolítico, em um mundo onde o clima está mudando?” pergunta Yee, que no início de janeiro encerrará seu mandato de oito anos como controller do estado da Califórnia, cargo que lhe deu assentos nos conselhos dos dois maiores fundos de pensão públicos do país: o Sistema de Aposentadoria dos Funcionários Públicos da Califórnia, de US$ 444,1 bilhões, e o Sistema de Aposentadoria de Professores da Califórnia, de US$ 297,6 bilhões.
Depois de uma carreira de 38 anos que incluiu dois mandatos como controller do estado da Califórnia, Yee diz que planeja fazer uma pausa. No entanto, ela pretende manter seu assento no conselho da Ceres, uma organização sem fins lucrativos que ajuda lideranças do mercado de capitais a entender a importância da sustentabilidade nos negócios financeiros.
Ao deixar seu cargo nos conselhos da CalPERS e CalSTRS, após cumprir dois mandatos em cada fundo, ela conclui que administrar os fundos de pensão da maneira como sempre foram administrados, num formato tradicional, não funcionará mais à luz dos novos desafios relacionados às mudanças climáticas, à guerra na Ucrânia e ao impacto de uma China em ascensão no cenário mundial. “Com esses novos riscos, está ficando cada vez mais difícil ser um fiduciário”, diz Yee.
Segundo ela, os dois fundos de pensão estão fazendo o melhor que podem para avaliar suas tolerâncias ao risco e adaptá-las àquilo que acreditam como investidores institucionais. “O CalSTRS está fazendo um bom trabalho e é bastante disciplinado ao analisar tudo isso”, afirma.
Parte desse trabalho é a abordagem de orçamento de risco que a CalSTRS vem adotando desde 2020 e que, segundo Yee, “está sendo seguido pelo CalPERS. Entre 2020 e 2021, a CalSTRS adotou orçamentos de risco para suas estratégias de mercados públicos – ações globais, renda fixa e estratégias sustentáveis de investimento e administração – dando à equipe flexibilidade de investir dentro das classes de ativos desse mercado.
Yee sugeriu que o conselho do CalPERS “deve se envolver mais na definição de estratégias, de curto e longo prazo”, e não apenas por meio do importante processo de seleção de uma alocação estratégica de ativos. “O conselho (do CalPERS) precisa se aprofundar e ficar mais sintonizado com todas as externalidades que podem impactar o fundo”, afirma Yee. “Precisamos de reuniões mais frequentes do comitê de investimentos e de educação do conselho sobre o risco geopolítico”.
O CalPERS agendou quatro reuniões do comitê de investimento para 2023, enquanto o CalSTRS tem seis reuniões do comitê de investimento agendadas para o ano fiscal de 2023. Essas agendas não incluem uma reunião que acontece fora do local do conselho, que cada fundo de pensão agendou para o próximo ano e ano fiscal, respectivamente, nem inclui um dia de educação do conselho que o CalPERS agendou para janeiro do ano que vem.
“O conselho (CalPERS) precisa estar mais conectado, mais informado sobre o que pode acontecer conosco”, disse Yee. “Gostaria de ver o comitê de investimentos reservar tempo para a educação do conselho relacionada a alguns desses riscos”.
O Conselho do CalPERS deve trabalhar mais em parceria com outros investidores institucionais para tentar compartilhar as melhores práticas, pois todos os institucionais enfrentam riscos e encontram oportunidades de investimento que nunca viram antes. Tanto o CalPERS quanto o CalSTRS estão abordando a tarefa de investir em um ambiente desafiador de maneiras diferentes e os funcionários de cada fundação devem estar mais sintonizados com o que o outro plano está fazendo, diz Yee.