Edição 116
A captação de cerca de R$ 1,8 bilhão em debêntures simples da Nova Marlim Petróleo, em dezembro de 2001, foi o maior negócio no período, embora tenha sido dividido em duas tranches. Metade foi remunerada por CDI e a outra pelo IGP-M. Essa Sociedade de Propósito Específico (SPE) foi criada em 11 de setembro de 2001 para exploração de gás e petróleo, em consórcio com a Petrobras, no Campo de Marlim (na Bacia de Campos, Rio de Janeiro). O ABN Amro Bank foi a instituição escolhida para a modelagem da companhia e tentar conquistar novos investidores, além de ter coordenado essa operação de debêntures. Os recursos vêm sendo aplicados no maior campo do País (que tem reservas de 2,044 bilhões de barris de petróleo e 2,025 bilhões de metros cúbicos de gás, com vida útil de 20 anos).
Já outras empresas tiveram dificuldades na venda dos papéis no mercado. Não pela qualidade de crédito dessas operações, mas pelas condições macroeconômicas negativas de 2001. “Para conter a alta do dólar, o governo jogou títulos cambiais com cupom muito alto e ninguém queria comprar papéis de empresas abaixo daqueles oferecidos pelo governo”, conta o responsável pelo mercado interno do ABN Amro Bank, Ciro Giannini.
As emissões feitas pela Tele Norte Leste (Telemar), a segunda maior registrada no ano, e pela CPFL, por exemplo, ficaram bem menos atrativas com essas oscilações de mercado, segundo fontes. A operadora de telefonia fixa emitiu 13 mil debêntures não conversíveis em ações, de R$ 100 mil com remuneração pelo CDI + 0,70% ao ano. A captação foi feita para cumprir as metas de universalização de serviços, determinadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que foram alcançadas no início deste ano. Apesar do esforço, a Telemar também sofreu neste ano uma crise de confiança no mercado interno, por conta do crescimento do seu endividamento líquido.