Edição 300
Administradores de planos de contribuição definida (CD) não são cientes de seu dever fiduciário com os recursos desses planos. Segundo reportagem da Pensions and Investments (P&I), pesquisas recentes mostram que há um gargalo no entendimento dos executivos em relação ao dever fiduciário quando se trata dos planos CD, o que prejudica a eficiência operacional e aumenta riscos de ações judiciais movidas por participantes.
Especialistas destacam que esses administradores não têm consciência de que possuem responsabilidade pessoal ao gerir esses planos, e ainda aumentam o risco quando terceirizam a gestão, imaginando que vão eliminar sua responsabilidade. “Eles podem mitigar riscos fiduciários com a terceirização, mas não consegue eliminá-los”, destaca o diretor de conteúdo da American Retirement Association, Nevin Adams à reportagem.
Uma pesquisa realizada pela gestora americana AllianceBernstein (AB) questionou mais de mil executivos que administram planos CD sobre sua responsabilidade como fiduciários. As atribuições de um fiduciário, segundo a pesquisa, se referem às pessoas que têm a responsabilidade principal por seus planos CD; pessoas que tomam “todas as decisões” em relação ao plano; membros do comitê de investimento escolhendo ou monitorando aplicações; ou membros do comitê administrativo do plano. Entre os entrevistados pela pesquisa da AB, apenas 6% não sabiam se tinham essa responsabilidade e 49% não se consideravam fiduciários. Grande parte dos participantes da pesquisa eram responsáveis por planos com mais de US$ 500 milhões em ativos.
Mas não foi sempre assim. Ainda segundo a AB, a compreensão fiduciária dos executivos está piorando ao longo do tempo, já que em 2011 a mesma pesquisa foi realizada e 61% dos entrevistados identificaram-se corretamente como fiduciários. A porcentagem caiu para 58% em 2014 e 44% em 2016. Todos os entrevistados eram fiduciários no momento em que foram pesquisados, com base em suas responsabilidades em cargos de recursos humanos, tesouraria, finanças e liderança sênior, de acordo com a AB.
Além disso, o relatório da AllianceBernstein diz que a maioria dos executivos passou por um treinamento fiduciário, mas cerca de metade dos executivos participantes da pesquisa acham que o treinamento não é abrangente.
Outra pesquisa – Os resultados de uma pesquisa semelhante realizada no ano passado pela J. P. Morgan Asset Management também apontou que 43% dos entrevistados não sabiam se eram fiduciários ou acreditavam que não eram fiduciários. Por outro lado, as pessoas que sabem que possuem dever fiduciário tomam medidas prudentes com essa finalidade, diz o JP Morgan. A pesquisa também destacou que 17% dos entrevistados acreditavam que poderiam eliminar suas responsabilidades fiduciárias ao contratar um terceiro, podendo ser um consultor.
Inclusive, a busca por um responsável fiduciário é o que tem motivado patrocinadores de planos a contratar consultores, segundo relatório da Cerulli Associates. Uma pesquisa da Cerulli, realizada no quarto trimestre de 2017, destacou que 35,8% dos patrocinadores citavam a ajuda fiduciária como motivo para buscar um consultor. Por outro lado, 37,4% disseram que o mau desempenho do consultor atual é um motivo para contratar um novo consultor.
Políticas de investimento – Outro apontamento realizado pela gestora Callan foi que 5,2% dos entrevistados não revisaram e atualizaram suas declarações de política de investimento nos últimos três anos, enquanto 1,9% disseram que não sabiam se tinham feito a atualização. Embora 36,4% tenham revisado entre um e três anos atrás, a prática recomendada é a de uma revisão anual, especialmente se os planos CD passarem por alterações. A pesquisa disse ainda que 56,5% dos entrevistados seguiram a prática recomendada.