Edição 109
Terminar justamente com as maiores contas parece ser uma ação contrária às estratégias de negócios de qualquer seguradora, mas a seguradora norte-americana MetLife – Metropolitan Life Seguros e Previdência Privada – está desistindo de trabalhar com planos 401(k), de contribuição definida, dirigidos justamente a esses grandes clientes. Os executivos da empresa nos Estados Unidos alegam que, por exigirem uma vasta gama de serviços aos clientes, esses planos têm estrutura muito custosa. Além de os maiores planos nem sempre terem fundos exclusivos, também não contam com uma divisão de renda favorável. Os menores, em contrapartida, tendem a seguir um padrão e são mais em conta, acreditam.
No último dia 22 de outubro, a MetLife descontinuou seus serviços de recordkeeping (processo de elaborar e manter em dia os relatórios das contas dos empregados), utilizado por 26 de seus maiores patrocinadores de planos 401(k). Juntos, eles abrigavam 1 milhão de participantes. Cada um desses planos tem em média 38 mil participantes, e ativos da ordem de US$ 65 bilhões. Até 30 de junho último, a MetLife prestava serviços de recordkeeping para US$ 101 bilhões de ativos, ocupando a sexta posição pela classificação dos ativos e a quarta, se analisado o número de participantes, segundo revista norte-americana Pensions&Investments, numa recente avaliação que levou em conta os provedores de serviços de planos CD.
A MetLife garante, todavia, que não está abandonando o setor de planos CD, mas somente a parte que não estava trazendo lucros, e continuará oferecendo serviços padronizados para patrocinadores de planos de pequeno e médio portes. Anunciou, ainda, que deve cortar cerca de 450 cargos ao longo do próximo ano no ramo institucional – resultado de sua saída do mercado dos grandes planos.
Também por sua fraca performance, outra iniciativa é eliminar as estratégias de seu índice South Station Index, grupo de quatro portfólios de índices referenciado no índice de títulos Lehman Aggregate. Os patrocinadores dos planos que investiram nestes portfólios receberão uma quantia global em dezembro ou poderão optar por transferir o montante para outra opção de investimento.
A empresa também continuará a oferecer a linha de estratégias de índices Grand Central, atualmente utilizada por 42 patrocinadores de planos. Cada produto e serviço da empresa será fundido e transformado em uma única unidade de negócios, que terá uma nova linha de serviços para planos CD e desenhos de planos de pequeno e médio porte para o mercado.
A Hewitt Associates LLC, empresa norte-americana de consultoria, especializada na área de Recursos Humanos, deve ser a sucessora da MetLife no segmento dos grandes planos. As duas empresas já planejam uma parceria para criar novas estratégias no intuito de proteger os ativos dos participantes de planos CD que se aposentam.
Estréia brasileira – No Brasil desde 1999, mas com foco em seguro de vida na área corporativa e, posteriormente também para o varejo, a MetLife fez sua estréia no segmento de previdência privada este ano, com o plano de PGBL InvestMet, ofertado ao mercado a partir de agora. Segundo o diretor executivo, Maurício do Amaral, não existe em solos nacionais qualquer restrição em operar com o grande, médio ou pequeno, e nem há qualquer modificação à vista mesmo porque o mercado ainda encontra-se em fase de crescimento. Pelo contrário, a meta é aproveitar a experiência de 133 anos da MetLife nos ramos de segurança de vida e previdência privada no mundo. “Esperamos que 2002 marque a entrada da MetLife como grande operadora nesse mercado de previdência complementar”, afirma o diretor executivo, apostando no poder de persuasão de sua equipe de 75 pessoas.