Edição 249
Com patrimônio de R$ 15,43 bilhões, o 7° maior fundo de pensão do País irá selecionar três novas assets para a carteira de renda variável. A fundação Sistel precisa de duas gestoras para assumir dois mandatos de valor de R$ 50 milhões cada, com operações previstas para este ano. Além disso, uma terceira asset ficará responsável pela gestão de um fundo já existente na instituição com cerca de R$ 90 milhões em recursos. Segundo o diretor de investimentos e finanças, Carlos Alberto Cardoso Moreira, estas ações fazem parte das mudanças previstas na política de investimentos para 2013. “Estamos trabalhando nosso portfólio de renda variável baseado com três vertentes principais: dividendos, um fundo ativo referenciado pelo IBrX-50 e estas duas novas opções de retorno absoluto.”
O segmento de renda variável deve crescer 4%, deixando os atuais 16% para alcançar os 20% da carteira até dezembro. Os recursos realocados serão retirados da renda fixa, que cairá dos 82% para os 75%.
As mudanças também abarcam modalidades como investimentos estruturados (recebíveis imobiliários, fundos de infraestrutura e desenvolvimento, voltados para portos, energia e aeroportos, além de FIPs (Fundos de Investimentos em Participações) com lastro imobiliário. Os FIPs que antes somavam participação de 1% no portfólio fecharão este ano com 8%. Deste total, 6% já são de recursos comprometidos com projetos. Outra novidade foi a primeira aplicação em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que aconteceu no fim de 2012, quando foram alocados R$ 20 milhões na modalidade.
Para garantir mais rendimentos, a entidade também mira setores e companhias que o mercado atual não vê com bons olhos, mas que possuem potencial de desenvolvimento. “Queremos identificar empresas que não são ‘top’ na bolsa e que não estejam bem precificadas, mas que apresentam possibilidade de valorização”, conta o diretor. Para ele, esta opção não é mensurável, mas foi um dos critérios escolhidos para garantir diversificação entre os ativos. “Enxergamos que alternativas pontuais em grupos empresariais subavaliados com certeza trarão mais ganhos que o Ibovespa”, diz.
No suporte desde novo plano de investimentos, a fundação contou com auxílio da MCM Consultores Associados que forneceu informações macroeconômicas. O responsável pelas pesquisas na MCM, Leandro Padulla, detalha que pela ótica da demanda foram vistos aspectos como o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), consumo das famílias, potencial de novos projetos de infraestrutura e alta nos gastos do governo federal.
Seleção dos gestores – Moreira conta que os processos para escolha das companhias de gestão estão sendo realizados separadamente. Para a asset que irá assumir o fundo ativo, estão sendo avaliadas características como tamanho do patrimônio sob gestão da casa, atendimento específico de institucionais e um histórico do desempenho dos produtos. Também são vistos rankings de performance do mercado e é feita uma checagem dos membros que farão parte da equipe de gestão. A expectativa é de que até agosto o comitê do fundo de pensão já tenha um nome definido. Mas, quando se trata da contratação para as estratégias de retorno absoluto, o dirigente afirma que a análise dos pretendentes é mais complexa. “A opção exige uma formação de portfólio diferenciada, habilidade com pouco track record no Brasil”, explica. Até o fim de junho onze assets já haviam se candidatado à seleção.
Hoje parte da carteira de renda fixa é gerida pela equipe interna que também desenvolve os estudos de ALM (Asset Liability Management) da casa. A outra parte fica com as assets que têm um prazo de até 18 meses para a entrega satisfatória dos ganhos. No caso da renda variável, a responsabilidade fica sob a administração das mesmas gestoras por 24 meses, período considerado adequado pela direção para que uma estrutura e planejamento sejam montados e apresentem seus resultados. Até o fim deste ano, os recursos sob gestão terceirizada estarão sob responsabilidade de nove gestores (quatro na renda fixa e cinco na variável). Os nomes atuais são BTG Pactual, Bradesco, Itaú, Santander, Western e Schroders.
O maior plano da instituição multipatrocinada é exclusivamente de participantes assistidos e representa 80% do patrimônio. Nos anos 2000, foram criados mais dois planos de benefício que já passaram por estudos de ALM. São estes que irão receber os ganhos destas novas alocações em renda variável e estruturados.