Edição 379

A política de investimentos de 2026 do Metrus, o fundo de pensão dos funcionários do Metrô de São Paulo, prevê alterações que incluem a redução da exposição a risco do Plano I e ao mesmo tempo a revisão do macroprocesso de investimentos do Plano II, que permitirá fazer a segregação dos ativos no modelo de perfis, com a alocação dos recursos de acordo com o perfil de risco indicado pelo participante.
Segundo João Ernesto Mesquita, diretor de investimentos da entidade, a adoção de perfil de risco no Plano II abrirá espaço para o aumento do apetite a risco nesse plano,. “Ao contrário do Plano I, a revisão do macroprocesso de investimentos possibilitará o aumento da exposição a risco no Plano II, principalmente com atenção às classes de renda variável local e no exterior”, diz.
Com R$ 3,7 bilhões em investimentos sob gestão, relativos aos recursos garantidores de três planos de benefícios, o Metrus tem hoje 89,6% de sua alocação total concentrada na classe de renda fixa e tem reforçado os investimentos em títulos públicos federais pós-fixados visando o processo de imunização de seu passivo atuarial.
“Diante do cenário de juros altos e inflação acima da meta, em 2025 o Instituto aumentou a alocação nesses papéis para aproveitar as taxas reais elevadas. Além da renda fixa, temos atualmente 2,8% do patrimônio aplicados em renda variável; ativos imobiliários que representam 2,6% do total; investimentos no exterior com 2,3%, empréstimos a participantes com 1,6% e investimentos estruturados com 1,2%”, explica Mesquita.
Venda de ilíquidos – Para avançar na imunização do seu passivo atuarial, garantir mais liquidez e melhores retornos a médio e longo prazos, a entidade anunciou no dia 18 de setembro o início de uma operação de venda de ativos ilíquidos, no valor total de R$ 140 milhões, recursos que representam 3,5% do seu patrimônio total.
A carteira em negociação engloba em sua maior parte ativos de crédito privado em recuperação, seguidos por participações imobiliárias – incluindo um shopping center e um empreendimento residencial – e pela participação em fundos de investimento em participações (FIP).
A imunização do passivo tem sido feita por meio da compra de títulos do Tesouro atrelados à inflação, as NTN-B (IPCA +), com duration menor do que a duration do passivo, buscando melhores retornos e sempre de acordo com os estudos de ALM de cada plano, detalha o diretor. Ele informa que os novos recursos serão utilizados integralmente para a compra de títulos do Tesouro atrelados à inflação.
Esse movimento, ainda que alinhado ao que tem sido registrado por outros fundos de pensão interessados em explorar a oportunidade de retorno oferecida pelos títulos públicos e garantir a imunização de seus planos, no Metrus é considerado como uma operação pontual uma vez que os ativos ilíquidos a serem vendidos representam uma pequena parcela do portfólio total.
O processo de alienação está sendo conduzido por meio de negociação direta junto a gestores especializados. “Estamos em fase inicial de leitura de interesse do mercado secundário com gestores especializados nestas classes de ativos. É um processo competitivo e confidencial, que obedece os nossos ritos internos de governança e processos internos de desinvestimento de ativos financeiros”, observa.
Esse modelo de negociação, avalia a entidade, garante transparência e aderência às melhores práticas de governança e de mercado, até porque nenhuma decisão de investimento ou desinvestimento é tomada de forma individual. Todas passam por um processo de governança que inclui análise técnica, de risco, jurídica e de compliance, além da deliberação pelos comitês e órgãos colegiados – comitê de investimentos, diretoria executiva e conselho deliberativo. Essa estrutura confere transparência, conformidade com a legislação, mitigação de riscos e equilíbrio entre segurança e rentabilidade no longo prazo,
A estratégia permitirá capturar ganhos ao longo do tempo, o que reforçará a previsibilidade do fluxo de caixa dos planos administrados. “Nosso compromisso é atuar com responsabilidade e prudência, buscando o equilíbrio entre rentabilidade, liquidez e segurança. Essa operação reforça a solidez do Metrus e amplia a proteção aos participantes”, afirma Mesquita.