Edição 101
Muitos dos melhores e mais brilhantes professores de finanças dos Estados Unidos compõem um pacato grupo com preferência por discretos investimentos e aplicações em fundos passivos de ações. A maior parte desses professores evita uma administração direta dos seus portfólios, contribuindo para fortalecer a teoria dos mercados eficientes, pela qual os preços das ações são baseados em informações públicas relevantes e nas expectativas dos investidores, tornando impossível a um investidor visto de forma isolada levar vantagem sobre o mercado durante a longa corrida.
Mas enquanto alguns acadêmicos falam abertamente sobre seus investimentos pessoais, outros fogem do assunto, alegando que uma discussão sobre suas aplicações pessoais prejudicaria os investimentos de seus clientes. Não surpreendentemente, Eugene F. Fama, que desenvolveu a teoria dos mercados eficientes há mais de 30 anos, é um investidor puro sangue em fundos passivos de ações. Muitos outros seguem na mesma linha, como Andrew Lo, fundador e diretor científico da AlphaSimplex Group; Robert Whitelaw, sócio e professor de Finanças na Leonard N. Stern School of Business; e Kent Daniel, também sócio e professor de Finanças na J.L. Kellogg School of Management at Northwestern University.
“Não há nada que se ganhe com uma administração ativa. Pelo menos não o suficiente para compensar o dinheiro que vai ser gasto com isso”, diz Whitelaw, explicando o porquê de seus colegas e ele próprio manterem seus recursos em fundos passivos.
“Estou relutante em pagar pela administração ativa. Minha impressão é de que, na maioria dos casos, não vale a pena”, afirma Daniel. Até seis anos atrás, Fama, que tem ensinado finanças na Universidade de Chicago desde o início dos anos 60, teve suas ‘holdings’ mantidas em um portfólio de passivos, a maioria delas indexada pelo índice Wilshire 5000, e uma pequena porção em fundos indexados de ações de pequenas empresas ou internacionais. “Eu acredito no mercado de ações em uma perspectiva de longo prazo”, disse Fama, acrescentando que não tem intenção de migrar suas ações para outros investimentos, mesmo planejando se aposentar dentro de cinco anos.
Andrew Lo também tem 100% de suas economias investidas em ações, sendo que 90% delas indexadas pelo índice S&P 500, e 10% em fundos de maior risco, como investimentos de private equity em empresas iniciantes. Durante o próximo ano, Lo planeja começar a mover seu capital para sua sociedade de investimento, e antecipa que pretende fazê-lo com uma estratégia quantitativa. “Eu vejo o mercado de ações como um bom investimento para o longo prazo, e dado meu perfil de risco, eu coloco os investimentos em um fundo de índice de baixo custo”, ele disse.
Whitelaw, que também presta consultoria para instituições e empresas financeiras em administração de risco e negociação de equity, tem cerca de 90% de suas economias investidas em ações e em fundos de índices nacionais e internacionais, e 10% em valores mobiliários de curto prazo, como fundos de mercados monetários e títulos. “Eu não faço administração ativa”. Apesar da recente queda no mercado de ações, ele não tem planos de mudar sua locação de ativos por pelo menos uma década.
Edwin T. Burton III, um professor de Economia da Universidade de Virginia e até recentemente dirigente dos US$ 37,5 bilhões de patrimônio do Virginia Retirement System, tem cerca de 50% de seu portfólio pessoal investido em ações, sendo que a maior parte em fundos indexados. Na VRS, ele defendeu a permanência dos ativos do fundo de pensão em portfólios passivos. Hoje, o fundo tem aproximadamente 70% de seus investimentos em fundos passivos de ações, afirma ele. A outra metade do seu portfólio pessoal está dividida entre bens imóveis e renda fixa.
Gestão ativa – Nem todos os mestres de Finanças, contudo, seguem estratégias passivas. Alguns deles, envolvidos com empresas voltadas à administração ativa, têm manejado da mesma forma os seus portfólios. É o caso, por exemplo, de Josef Lakonishok, professor de Finanças na University of Illinois e co-fundador da LSV Asset Management – uma empresa de asset que administra cerca de US$ 7,5 bilhões em recursos de terceiros. Ele diz que seu portfólio de investimentos pessoal espelha o estilo que defende, de administração ativa.
Lakonishok tem um estudo que questiona a noção da completa eficiência do mercado e acredita que os investidores podem explorar as ineficiências da precificação.