Mellon com foco ajustado no lucro | Asset direcionou a área de ge...

Edição 140

Quando a Mellon resolveu redirecionar suas atividades na área de gestão de recursos de terceiros, no início de 2002, de clientes institucionais para pessoas físicas de alta renda, a decisão parecia meio maluca. Afinal, a origem da empresa no Brasil tinha sido justamente os institucionais. Mas, ao nível a que tinham chegado as taxas de administração naquele momento, a escolha não poderia ser outra. “Temos metas de rentabilidade e as taxas pagas pelos institucionais não permitiam cumprir essas metas”, afirma o atual presidente da empresa, José Carlos de Oliveira.
Ele assumiu a direção da Mellon em outubro passado, em substituição a Diego Martinez, que voltou para os Estados Unidos depois de cinco anos no Brasil. Diego tinha vindo para o Brasil em 1998, para implantar a empresa, na época uma joint-venture entre a Mellon dos EUA e o grupo canadense Brascan. Mas, como já desde aquela época um acordo garantia à Mellon a compra da parte da Brascan no negócio, Diogo tinha se comprometido a ficar por aqui até que a venda fosse efetuada integralmente.
Hoje, o banco Brascan ainda detém 30% da Mellon brasileira, mas a venda desse percentual já está acertada para acontecer até o final do ano. “Queremos começar o ano que vem como 100% Mellon”, diz Oliveira. Segundo ele, a decisão já está tomada, só faltando decidir detalhes da operação, razão pela qual Martinez deu por encerrada sua missão e voltou para os EUA. Lá, ele vendeu as ações que recebeu da empresa por 20 anos de trabalho e sacou os recursos do seu plano de aposentadoria para investir numa metalúrgica de porte médio, da qual tornou-se sócio.
À Oliveira, caberá a missão de consolidar o negócio no Brasil, que em cinco anos ganhou uma dimensão bem maior do que tinha sido traçada originalmente. Isso porque, quando as taxas de administração dos institucionais começaram a cair, a Mellon resolveu abrir por aqui novas áreas de prestação de serviços, replicando algumas atividades da empresa nos EUA com serviços voltados aos institucionais. Assim, surgiu a área de administração legal de fundos de terceiros e a administração fiduciária, que junto com a área de gestão de participações formam a Mellon Serviços Financeiros. As áreas de asset management e de asset allocation para pessoas físicas de alta renda formam uma segunda empresa, a Mellon Global Investment Brasil.
Segundo Oliveira, hoje essas quatro áreas (gestão de recursos de terceiros mais as três acima) são rentáveis. “O target de retorno da matriz é de 20% sobre as receitas e temos conseguido cumprir essas metas”, diz ele. As duas empresas empregam 170 pessoas, com escritórios no Rio de Janeiro e São Paulo.
De acordo com ele, reforçar a área de asset management deve ser uma das prioridades para 2004, ainda com foco em clientes private. Mas, como as taxas de juros estão caindo, ele acredita que a remuneração dos institucionais vá crescendo ao longo do ano, devendo chegar a um nível interessante durante 2005. “Então, não estamos abandonando os clientes institucionais, continuamos buscando-o mas sem ter nele uma prioridade na área de gestão de recursos”, diz Oliveira. “Mas eles continuam sendo a nossa prioridade nos outros serviços, desde administração fiduciária até gestão de participações”.
A área de asset management administra R$ 1,4 bilhão em recursos de terceiros no Brasil, dos quais perto de R$ 600 milhões são provenientes de fundos de pensão. A área de administração legal de fundos de terceiros responde por mais R$ 7 bilhões, sendo que 95% desses fundos de assets independentes são hedge funds. Já a área de administração fiduciária de recursos de fundações, uma das que mais tem crescido, responde por cerca de R$ 30 bilhões, incluindo clientes como a Petros, VWPP, Previ Siemens, Fapes, Previbosch, Previsa, Cofaprev, Cifrão e Previnor. A área de gestão de participações, que contempla R$ 3,5 bilhões em recursos não discricionários, tem entre seus clientes os consórcios de participação dos fundos de pensão na Vale do Rio Doce, CPFL, Telemar e Cosern.
Para Oliveira, a empresa está analisando a possibilidade de trazer para o Brasil outros serviços financeiros prestados aos institucionais nos EUA mas ainda não oferecidos por aqui. “Estamos analisando”, diz sem dar detalhes. “Mas adianto que é algo na área de administração fiduciária”.
Hoje, nos EUA, a Mellon deixou de ser um banco para se dedicar quase que integralmente à prestação de serviços financeiros. Segundo Oliveira, 85% da receita da empresa nos EUA é proveniente dessa área de serviços.