Mais distante dos índices | Gerdau Previdência amplia exposição a...

Marcelo Flora, do BTG PactualThomaz de Mello e Souza, da GáveaEdição 250

 

Após um processo seletivo de seis meses, a fundação dos funcionários da Gerdau acaba de escolher as assets que irão colocar em prática os novos planos de investimentos de renda variável do fundo, que conta atualmente com patrimônio de R$ 3,1 bilhões. Para garantir uma diversificação maior da carteira de ações da entidade em relação aos índices tradicionais da bolsa brasileira, a diretora executiva, Albertina Melo de Oliveira, diz que três novas casas serão responsáveis por uma estratégia com foco na geração de valor. “Estavámos em uma posição muito passiva, por isso tiramos a trava de risco do portfólio e demos aos gestores um mandato mais agressivo. A ideia é descolar do Ibovespa e do IBr-X”, afirma.

Os escolhidos BTG Pactual, Franklin Templeton e Gávea Investimentos irão dividir a administração de R$ 250 milhões com o já contratado BNP Paribas de forma homôgenea (R$ 62,5 milhões para cada casa). Albertina defende que a ideia é correr um risco um pouco maior para garantir melhores retornos, mas assinala que a postura anterior baseada em ativos que seguiam índices tradicionais também estava se tornando uma posição não menos arriscada. “Por vezes a escolha por índices faz com que você aposte em papéis ou setores que na realidade não te interessam”, diz a diretora.
O Goldman Sachs, que também realizava a gestão de parte da carteira do fundo de pensão junto com o BNP deixou a função no final do ano passado, por conta da desativação de sua área de asset no Brasil.
Acompanha a nova estratégia, a implementação de dois novos perfis de investimentos para os participantes: o perfil agressivo I (com 60% dos ativos em renda fixa e 40% em renda variável) e o agressivo II (com 50% em cada classe). As opções antigas, conservador I e II, moderado e superconservador, continuam sem nenhuma alteração. Segundo a executiva, essa foi a saída para que a estratégia de retorno absoluto não afetasse a liquidez do fundo. À medida em que os participantes tomarem perfis mais agressivos, cresce proporcionalmente o tamanho das carteiras sob responsabilidade dos gestores especializados.
A seleção dos novos gestores levou em consideração aspectos como o histórico dos produtos, a rotatitivdade das equipes, o desempenho da gestão mais ativa de carteiras voltadas para investidores institucionais, além da credibilidade da empresa no mercado. A consultoria que auxiliou no processo seletivo foi a Luz Soluções Financeiras, que já prestava serviços para a fundação na elaboração da política de investimentos e na análise de aderência da carteira.
Tendência de Mercado – Uma das assets selecionadas pelo fundo de pensão da Gerdau, o BTG Pactual vem registrando aumento da procura das fundações pela gestão de valor na renda variável. O chefe da área de distribuição local de ativos de renda fixa e fundos de investimento da asset, Marcelo Flora, acrescenta que esse movimento indica a preferência de estratégias mais sofisticadas de maneira mais ampla e com resultados positivos no médio e longo prazo. A alocação dos fundos da asset neste segmento incluem ações de dividendos, multimercados e participações, desde que tenham descorrelação com a bolsa. Para Flora, o motivo desse comportamento foi impulsionado pelo nível mais baixo dos juros reais. Mesmo com o novo ciclo de abertura das taxas nas últimas semanas, os retornos das novas carteiras de títulos públicos já não acompanham os resultados dos estoques mais antigos. Por isso, as fundações são forçadas a reforçar a busca por uma gestão mais ativa e sofisticada.
O novo posicionamento da Gerdau Previdência acompanha um movimento da indústria que não teve início neste ano. Na visão do executivo responsável pela área comercial de institucionais da Franklin Templeton, Luiz Fernando Pedrinha, o crescimento do interesse dos fundos de pensão, tanto de patrocinadoras estatais, quanto privadas, por gestões de valor deu seus primeiros sinais em 2012 e está se intensificando em 2013. “Antes os investidores procuravam as estratégias de renda variável baseados unicamente no que estava discriminado na política de investimentos e, muitas vezes, os produtos que estavam atrelados a este benchmark não eram grandes geradores de alfa”, explica. No entanto, essa prática vem diminuindo por conta de observações, por parte das entidades, de que é possível diversificar parte do seu recurso com um benchmark mais específico.
Ele afirma ainda que essa procura por gestões mais estratégicas está no radar dos investidores para ser usado dentro do Brasil e também no exterior. Para ele, a entrada dos fundos de pensão em investimentos no exterior é uma porta que se abre para aumentar cada vez mais as opções de diversificação dos riscos (ver especial sobre investimentos no exterior).
Em relação aos planos de previdência da Gerdau, o gestor da Franklin Templeton detalha que a meta é criar um fundo essencialmente para geração da alfa, que não se limite apenas à alocação em small caps, mas que também utilize uma estratégia mais ampla, como a escolha de large caps, por exemplo. O objetivo é ampliar os ganhos de rentabilidade. “Trabalharemos com todos os níveis de capitalização do mercado, prática comum em todos os mandatos de renda variável da casa.”
Fundo de valor – Na experiência do executivo da Gávea, Thomaz de Mello e Souza, que desde janeiro de 2012 tem feito um esforço comercial de captação para um produto da modalidade, viu de perto o patrimônio do fundo de valor da casa saltar dos R$ 7,5 milhões para os atuais R$ 194,01 milhões.
O produto tem hoje cerca de 60% dos recursos provenientes de fundos de pensão e regimes próprios de previdência. De acordo com ele, os institucionais têm trocado seus gestores e posições porque perceberam que a terceirização dos ativos, as carteiras exclusivas e as equipes especializadas poderiam render melhores retornos e, em alguns casos, uma maior economia com gastos com equipe interna nas fundações.
A asset da Gávea tem atualmente um total de R$ 400 milhões de patrimônio sob gestão, dos quais R$ 200 milhões são de fundos abertos e o restante, de dois fundos exclusivos. “Nossa estratégia de retorno absoluto é única para todos os clientes. Buscamos companhias com balanços fortes, geração de caixa e que mesmo com adversidades conseguem crescer no Brasil”, diz Souza.
A gestão dos fundos da asset da Gávea trabalha com ações de todos os níveis de capitalização. “Não temos preconceito com o tamanho das empresas. Trabalhamos com small, middle e large caps”, diz o executivo da Gávea Investimentos.