Lucro com responsabilidade social

Edição 138

Os investimentos em projetos de infra-estrutura devem apresentar um crescimento já a partir de 2004, impulsionados pela queda da taxa de juros. Entusiasmo de lado, os fundos de pensão devem analisar o retorno no longo prazo.
Um retorno compatível com as exigências atuariais e a existência de mecanismos de saída, ainda que de longo prazo, foram alguns dos cuidados recomendados pelo presidente da Petros, Wagner Pinheiro, para aumentar a fatia que as fundações investem hoje em projetos de infra-estrutura e em empresas socialmente responsáveis. Pinheiro foi palestrante no último painel do congresso, que discutiu o tema “Previdência Privada como meio de desenvolvimento econômico e social – analisando investimentos com uma nova visão”, e que contou ainda com a participação do ex-secretário da SPC e atual consultor e professor da FEA-USP, José Roberto Savóia.
Citando o exemplo da própria Petros, que tem hoje 3% de seus ativos – ou R$ 550 milhões – aplicados em projetos de geração de energia, entre eles Albacora, Nova Marlim e TermoBahia, Pinheiro mostra que os fundos de pensão são vistos como fontes de recursos para o desenvolvimento do país por deterem um grande volume de ativos que podem ser aplicados no longo prazo. Ele lembra, no entanto, que por conta da necessidade de liquidez, nem toda a carteira pode ser investida a longo prazo. “Além disso, muitos fundos apresentam um passivo bastante grande”, pondera.
Quanto aos investimentos em empresas socialmente responsáveis, Pinheiro recusa o rótulo de se tratar de filantropia. “Empresas socialmente responsáveis possuem as melhores práticas de governança corporativa. E a transparência na gestão não quer dizer filantropia, mas responsabilidade social que posteriormente se reverte em lucros”, conclui.

Setor cresce em 2004 – Para Savóia, os fundos de pensão tendem a iniciar, já a partir de 2004, um ciclo de maior investimento em projetos de infra-estrutura. “Em 2004, com a taxa de juros declinando, não teremos um show de compra de títulos públicos; assim, os fundos terão de partir para a renda variável”, prevê o ex-titular da SPC, para quem investir em ativos alternativos é importante para a real economia. “Colabora no desenvolvimento do mercado de capitais e permite a diversificação das carteiras do fundo de pensão”, conclui.
De acordo com ele, nos Estados Unidos os fundos de pensão já destinam 8,1% de seus ativos para fundos de ´private equity´, com um impacto de 11% sobre o PIB daquele país, permitindo a geração de 12,5 milhões
de empregos e proporcionando a criação de novas in-
dústrias e de mais arrecadação. “Investir em private equity traz um retorno satisfatório e de longa duração”, conclui Savóia.