Liberal e Mercatto lançam fundos de internet | Apesar das suspeit...

Edição 79

Mesmo com a poeira levantada pela alta volatilidade das ações das empresas de tecnologia, os administradores de recursos continuam apostando no lançamento de fundos de ações de internet voltados para investidores institucionais. Depois dos fundos fechados da Investidor Profissional e da Pactual (ler edição n° 78), agora é a vez da Liberal Asset Management e da Mercatto entrarem nesse novo segmento. A Liberal, instituição pertencente ao Bank of America, está preparando o lançamento de um fundo fechado de ações de tecnologia com previsão de captação de até R$ 200 milhões, enquanto a Mercatto anunciou a criação de um fundo de venture capital para captar até R$ 30 milhões.
Para lançar seu fundo de tecnologia, a Liberal resolveu trazer especialistas de análise de empresas de internet. Depois de conversar com várias pessoas, firmou parceria com o grupo dos ex-sócios do site de busca Cadê, que irão participar na gestão do fundo. “Não queríamos lançar o fundo antes de acertar a participação de especialistas com experiência comprovada na área”, revela o diretor chefe da Liberal, José Alfredo Lamy. Ele explica que a participação dos ex-sócios do Cadê representa a possibilidade de iniciar um novo fundo como se já tivesse um bom track record.
A presença dos especialistas da Cadepar visam garantir também maior segurança na análise dos investimentos do fundo. “Antes da crise era muito fácil investir e vender com lucro os papéis de uma empresa de internet qualquer, independente da análise de seus fundamentos”, afirma Lamy. “Agora a análise deve ser mais rigorosa”.
Os criadores do Cadê, Fábio de Oliveira e Gustavo Viberti, venderam a empresa em meados do ano passado para a StarMedia em um dos primeiros negócios com alta lucratividade na internet brasileira. Mesmo com a venda, os dois executivos assinaram um contrato que os mantinha vinculados ao Cadê até abril desse ano. Com o término do contrato, os criadores do Cadê e os investidores Luís Paulo Montenegro e José Magalhães Lins criaram uma empresa de participação, a Cadepar, e também saíram em busca de um parceiro para investir em novos negócios de internet e acabaram encontrando a Liberal. “Foi um verdadeiro casamento de interesses, em que nós procurávamos um parceiro para captar recursos e a Liberal buscava a expertise para analisar os projetos”, afirma Fábio de Oliveira.
O fundo do Liberal tem o projeto de formar uma incubadora para gerar novas empresas de internet. Os gestores do fundo pretendem analisar também a entrada como acionistas minoritários em empresas já constituídas. Além de recomendar os investimentos com maior potencial de retorno, os sócios da Cadepar terão o papel de criar uma estrutura operacional para auxiliar os projetos e empresas que contarão com os recursos do fundo, conta Oliveira.

Aposta em tecnologia – A Liberal está procurando abrir novas frentes de captação de recursos de terceiros. Após o fechamento de três de seus fundos derivativos (moderado, dinâmico e high yeld) em abril passado, a asset anunciou o lançamento de dois novos fundos que utilizam o conceito de nova economia. Além do Fundo de Ações de Tecnologia, a Liberal lançou o Fundo Valor no início de maio. O fundo conta com 70% de ações de empresas ligadas à nova economia e 30% de papéis de companhias que apresentam potencial de recuperação no médio prazo. O Valor é um produto voltado para investidores institucionais já que a aplicação mínima é de R$ 250 mil e apresenta prazo de carência de 90 dias.
Já o Fundo de Ações de Tecnologia tem limite mínimo de aplicação de R$ 50 mil e prazo de cinco anos, podendo ser prorrogado por mais um ano. O fundo é constituído sob a forma de condomínio fechado e suas cotas serão negociadas em bolsa assim que se encerre a captação da primeira tranche, que deve atingir R$ 50 milhões. A taxa de administração é de 2% ao ano mais 20% do que exceder o CDI.
Além dos novos fundos, a Liberal planeja também entrar no mercado de PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre. A asset está em processo de conversação com algumas seguradoras com a intenção de estabelecer parcerias para estruturar o PGBL. “Continuamos captando através de nossos fundos convencionais e estamos procurando abrir novas frentes, como por exemplo, o PGBL”, revela José Alfredo Lamy.

Empresas emergentes – A Mercatto Gestão de Recursos é outro gestor que está entrando no segmento de fundos de tecnologia. A asset está lançando um fundo fechado de empresas emergentes de internet que prevê a emissão de R$ 30 milhões em cotas. O MVP Tech Fund possui prazo máximo de 10 anos e pretende captar recursos de investidores institucionais. “O fundo é direcionado para investidores de longo prazo e a expectativa de retorno é de 40% real ao ano”, afirma Alexandre Fernandes, sócio-diretor da Mercatto.
O fundo já possui dois investidores em potencial que devem ficar com cerca de 60% de suas cotas. O restante será oferecido para os fundos de pensão e investidores qualificados. “Não queremos pulverizar muito a distribuição das cotas do fundo”, diz Fernandes. O fundo não deve investir diretamente em empresas com foco exclusivo em internet, mas naquelas que tenham negócios relacionados à da rede mundial – telecomunicações, software, etc.
O MVP Tech Fund assinou acordo com a empresa norte-americana Rational, listada na Nasdaq, que oferecerá gratuitamente tecnologia de software para as empresas escolhidas pelo fundo para receber os investimentos. O acordo com a Rational prevê a transferência de R$ 100 mil em tecnologia de softwares para cada R$ 1 milhão captado pelo fundo. Além disso, o fundo conta com a participação do consultor do Centro de Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica (Cetuc), João Paulo Batista.