Edição 81
Duas das principais empresas de auditoria com atuação no mercado nacional estão se preparando para oferecer planos de benefícios aos seus funcionários. Saindo na frente da concorrência, a KPMG e a Arthur Andersen passam a oferecer planos de complementação da aposentadoria aos seus respectivos quadros, a primeira através de um fundo fechado próprio e a segunda através de um Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL).
A KPMG vinha estudando a criação de um plano de benefícios há três anos. O projeto deveria ser implantado no início do ano passado, mas a instabilidade da economia provocada pela desvalorização cambial resultou no seu adiamento. Com a recuperação da economia, o projeto foi retomado no início deste ano e no final de junho passado finalmente houve a aprovação do novo fundo de pensão pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC), chamado de KPMG Prev.
A administração dos ativos do fundo de pensão será totalmente terceirizada e o processo de seleção dos gestores deve ser iniciado assim que o plano contar com a adesão dos cerca de 900 funcionários da KPMG. A princípio, deve ser contratado um único gestor para cuidar dos investimentos da KPMG Prev, que acumulará recursos do serviço passado dos funcionários. A administração do passivo fica por conta da consultoria William M. Mercer, que também foi responsável pelo desenho do plano.
A empresa de auditoria possui um plano de carreira que prevê o desligamento compulsório do funcionário aos 60 anos de idade. O plano permite que o empregado alcance a condição de sócio da empresa após o acúmulo de tempo de casa e capacitação profissional. Atualmente, a KPMG possui 58 sócios que ingressaram na firma como trainees. Alguns dos sócios já se aposentaram e outros estão próximos do desligamento.
“Como parte do plano de carreira, a empresa pretende oferecer um benefício para complementar a Previdência Social após a aposentadoria”, explica Walter Iório, sócio-diretor da KPMG. Para os poucos que já se aposentaram, o benefício está saindo do próprio caixa da KPMG, mas para os próximos, a complementação já deve ser proveniente do fundo de pensão.
O plano não servirá apenas para dar satisfação aos funcionários que se aposentam, mesmo porque o quadro da KPMG apresenta uma média de idade baixa, com menos de 30 anos. Outro motivo para a implantação do plano é a busca do aumento no nível de retenção dos funcionários da empresa. “O benefício adicional da previdência privada é um diferencial que deve atrair e reter os melhores profissionais de nossa área”, afirma o sócio-diretor da KPMG.
Mas também a Arthur Andersen optou por se diferenciar das demais empresas de consultoria oferecendo ao seu quadro de funcionários um plano de complementação de aposentadoria. Ela está se preparando para apresentar aos seus 1600 funcionários, espalhados em 7 cidades no país, esse plano. Em conjunto com a consultoria RD3, comandada por José Guilherme Simonetti, a auditoria já definiu que o plano será do tipo PGBL e administrado por uma seguradora ou empresa de previdência aberta, que ainda está sendo selecionada.
“Escolhemos um plano aberto devido às facilidades de constituição e ao volume de contribuições que não comporta a criação de um fundo fechado”, explica Luiz Carlos da Silva, diretor de recursos humanos da Arthur Andersen. Ele prevê que no futuro a empresa pode constituir uma entidade fechada própria, assim que as reservas do PGBL sejam mais volumosas.
A expectativa é que até o final do ano o plano esteja aberto à adesão dos funcionários da empresa. O PGBL será do tipo empresarial e contará com contribuições tanto da patrocinadora como dos participantes. A Arthur Andersen já finalizou um estudo sobre o serviço passado dos funcionários mas ainda não definiu os critérios para a cobertura desse passivo.
O principal motivo que incentiva a criação do plano é a necessidade de gerar maior estabilidade e retenção dos funcionários. “O novo PGBL trará maior satisfação aos nossos funcionários porque, além de ser um plano de aposentadoria, também é um fundo de investimento de longo prazo”, diz o diretor de RH da Arthur Andersen.