Edição 331
O Infraprev, fundo de pensão dos funcionários de seis empresas do setor aeroportuário, continua ajustando, em meio às turbulências causadas pela pandemia da Covid-19, a carteira de seu principal plano, o CV, com patrimônio líquido de R 3,46 bilhões. Além de enxugar aplicações em fundos em participações (FIPs), a entidade tem como prioridades a elevação da liquidez e a diversificação do porftólio através de mais aportes em fundos imobiliários (FIIs) e fundos no exterior (FIEs). “Vendemos as cotas de um FIP em 2019 e estamos buscando interessados em outros três no mercado secundário. O objetivo é aumentar a liquidez do CV, que é um plano maduro, com 40% de seu público, de 12 mil participantes, composto por assistidos”, comenta a diretora-superintendente Juliana Miguez Koehler. “Em paralelo, temos muito interesse nos investimentos externos, que, embora com volumes reduzidos, vêm garantindo bons retornos.”
Os FIEs entraram no radar da Infraprev no fim de 2018. Desde então, a sua participação na carteira do CV, restrita a aplicações em ETFs, evoluiu muito pouco, de 0,23% para apenas 0,7%. O planejamento de ALM da fundação está prevendo elevar esse percentual para algo entre 2% e 5% dos ativos do CV na política de investimentos para 2021. “Já estamos, inclusive, planejando um processo de seleção de gestores ativos nessa área”, assinala Juliana.
Em relação aos FIIs, com 1% do volume do CV, as mudanças já estão em curso. Recentemente, o Infraprev se tornou cotista de dois fundos imobiliários ancorados em galpões de distribuição. A fundação avalia um possível reforço das apostas no segmento. “Consideramos a hipótese de direcionar para fundos imobiliários recursos provenientes de imóveis que estão em negociação”, diz a dirigente. “Também avaliamos a constituição de um fundo lastreado com os imóveis do Infraprev, que detém uma fatia de 4,5% da carteira do plano CV.”
A fundação também vêm aumentando a fatia de gestão terceirizada nas estratégias do CV. Há dois anos a carteira própria de ações respondia por uma participação por volta de 70%, hoje a gestão terceirizada já responde por 58,22% do volume total no segmento. “Damos preferência a fundos com estratégias ativas. Há alguns meses começamos a operar o sétimo dessa classe”.
A crise causada pelo novo coronavírus prejudicou a performance do CV. Depois de sofrer uma desvalorização de 7,08% em março, o plano reagiu mas ainda acumulava uma perda de 0,73% no ano até outubro. “Reduzimos alocações em alguns fundos de ações, saímos de ETFs e realizamos aplicações táticas, para reduzir os riscos”, conta Juliana. “Além disso, aproveitamos boas oportunidades em títulos públicos para reforçar a carteira de renda fixa do CV, composta, em mais de 50%, por papéis federais com taxas bem acima da meta atuarial.”
Três anos após a sua chegada à fundação, de início como responsável pela área de investimentos, Juliana segue à frente de uma diretoria formada exclusivamente por executivas. Além de Ana Lúcia Esteves, na divisão de benefícios, ela conta com o apoio, desde outubro, da economista Daniela Melo, que assumiu a chefia da área de administração e finanças, herdando o posto antes acumulado pela diretora-superintendente. Com mandato até julho de 2023, o trio promete dar sequência aos ajustes e aos resultados consistentes colhidos pela entidade ao longo dos últimos anos.
“O Plano CV dispõe uma carteira de renda fixa com mais de 50% de seu volume composto por títulos públicos com taxas de remuneração bem superiores à meta atuarial, de 5,30% ao ano, além da variação do INPC”, diz Juliana. “É uma situação bem confortável. A entidade, no entanto, continua atenta a oportunidades para aumentar a diversificação e a liquidez da carteira do CV.”