Edição 44
Uma ação institucional e política mais intensa. É isso o que defende o presidente da BB Previdência e vice-presidente da Abrapp, Francisco Parra, para a entidade. Ele é candidato a presidente da Abrapp, com essas bandeiras. Acha que a atual direção da entidade teve uma influência muito pequena nos rumos da Reforma da Previdência, não tendo conseguido fazer prevalescer seus pontos de vista.
Entre outras coisas, ele propõe uma aproximação maior da entidade com os políticos e os orgãos do governo que formulam a política do sistema, como a Secretaria de Previdência Complementar (SPC), por exemplo. Além disso, propõe uma aproximação maior também com a mídia, como forma de difundir os pontos de vista da entidade e melhorar a imagem do sistema.
“A Abrapp está muito omissa em relação a uma política institucional mais forte, tanto com relação aos fundos quanto com relação à mídia. Temos que nos antecipar aos acontecimentos importantes, não podemos ter uma política apenas reativa. Temos que criar fatos que chamem a atenção dos meios de comunicação, e não esperar por eles”, diz Parra.
Essa política de maior exposição será fundamental na segunda fase da Reforma da Previdência. “Na segunda fase, precisamos de mais interlocutores apresentando propostas mais adequadas”, opina Parra. Segundo ele, o clássico tripé previdenciário, formado pelo sistema público, pela previdência complementar e pela poupança individual é o ideal para o país. Como as desvantagens do modelo de privatização completa da previdência já começam a ficar evidentes nos países vizinhos, que o adotaram, isso abre espaço para reforçar a idéia do modelo do tripé. “No Uruguai e no Chile existe muito descontentamento com os modelos adotados”, comenta.
Também deve ser iniciado, a partir da segunda fase da reforma da previdência, o debate das alterações na 6.435. Os dirigentes das fundações da região Centro-Norte, que inclui Brasília, já formularam um documento que será apresentado à diretoria da Abrapp, defendendo entre outras coisas os fundos setoriais (sem patrocinadora), tratamento tributário que fomente o desenvolvimento da previdência privada e a regulamentação do vesting e da portabilidade (embora sobre essas duas últimas questões não haja consenso). O documento, após ser analisado na diretoria da Abrapp, deverá ser encaminhado aos órgãos do governo para discussão. “A Abrapp terá que desempenhar um papel mais ativo na reforma da 6.435”, diz Parra.
“A direção da Abrapp tem que estar mais próxima dos fundos, ouvir mais as demandas do sistema”, avalia o presidente da BB Previdência, que acha que a diretoria atual deixou a desejar no contato com as associadas. Ele encaminhou uma pesquisa às entidades, de quatro páginas, na qual pede a avaliação dos dirigentes sobre a associação. O prazo para devolução foi estipulado em 15 de novembro.
Na questão da organização interna, Parra diz que pretende continuar profissionalizando a entidade, propõe uma área de pesquisa e desenvolvimento dos assuntos previdenciários e econômicos e a racionalização da tabela de contribuições das entidades à Abrapp. “Os percentuais não são aplicados de maneira adequada, e às vezes os fundos pequenos acabam pagando muito, entre outros problemas”, explica.
Nesse sentido, propõe um orçamento único para a entidade, e não três, como existem hoje. As fundações fazem três contribuições distintas, uma para a Abrapp, outra para o Sindapp, e uma terceira para o ICSS. “O ICSS desenvolve atividades importantes, mas não precisa de estrutura própria”, diz. Ainda de acordo com ele, os custos do treinamento deveriam ser menores, compatíveis com o mercado.