Globo busca parceiros para parque temático | A maior emissora de ...

Edição 73

A Rede Globo de Televisão está iniciando a estruturação societária de um novo projeto de parque, batizado de Globopark. Os temas serão todos baseados no conteúdo da programação da emissora, englobando núcleos de novelas, esportes, jornalismo e programas infantis. Na área central, os visitantes aprenderão como se faz televisão e o que se passa por trás das câmaras da maior emissora de TV do País. “A indústria brasileira de entretenimento ainda não desenvolveu um parque com temas amplamente reconhecidos pela população, como é o caso da Universal e da Disney nos Estados Unidos”, diz o diretor da área de projetos temáticos da TV Globo, Carlos Eduardo Rodrigues. “É esse espaço que o Globopark pretende ocupar”.
O objetivo da emissora com a construção do parque é expandir sua área de atuação dentro do seu ‘core business’. “Sabemos, e sabemos muito bem, entreter o público dentro de casa. Agora, queremos fazer o mesmo fora”, afirma Rodrigues. Com investimento previsto de R$ 400 milhões, o Globopark já começa a atrair a atenção dos fundos de pensão. A Previ, por exemplo, já está analisando a viabilidade de participar do empreendimento. Representantes de outras fundações também já tiveram um primeiro contato com o projeto. Em estudos internos preliminares feito pela Globo, a projeção de retorno foi estimada entre 36% e 37% ao ano.
No processo de busca de sócios, a Globo já definiu que quer ter o controle acionário do negócio, porque deseja preservar o uso de suas marcas. Aliás, os especialistas dizem que a negociação dos direitos autorais será um dos pontos mais delicados para os investidores interessados no projeto.
A partir do momento em que for concluída a estruturação societária do Globopark, prevê-se um período de três anos até a abertura das portas ao público, sendo que dois anos e meio serão gastos nas obras civis e montagem e outros seis meses em testes operacionais.
A Globo Empreendimentos pretende selecionar parceiros estratégicos para o negócio, ou seja, apenas empresas que tenham envolvimento com entretenimento e mídia. Segundo o diretor da consultoria UrbanoMétrica, Mauro Gomes, estas parcerias serão importantes para o sucesso comercial do negócio. “A Globo tem um grande potencial para realizar parcerias, porque detém entre 60% e 70% do bolo publicitário”, analisou o consultor.
O empreendimento se localizará no Rio de Janeiro, em uma área de um milhão de metros quadrados, ainda a ser definida. Sozinho, o parque ocupará uma área de aproximadamente 450 mil metros quadrados. A infra-estrutura de alguns terrenos já está sendo analisada para evitar problemas ambientais que prejudiquem o andamento das obras. “Muitos projetos já tiveram problemas nesta área e queremos evitar o mesmo conosco”, afirma Rodrigues, da da área de projetos temáticos da Globo.
Em uma segunda fase, o empreendimento deve compor um complexo com centro de convenções e uma estrutura hoteleira que permitirá aos visitantes permanecerem lá por mais tempo. O foco do Globopark será o turismo doméstico e, por isso, a emissora está interessada em atrair operadores do setor hoteleiro. De acordo com Rodrigues, a opção pelo mercado interno é natural. “Dos quatorze milhões de pessoas que visitam Orlando anualmente, a maior parte é de americanos”, exemplificou.
Os consultores imobiliários vêem um grande potencial para o projeto, seja porque a área de influência da Globo se espalha pelo Brasil inteiro, seja pelo potencial gerador de conteúdo da emissora. “O Globopark tem um grande aliado: uma empresa que gera produtos e temas para renovação das atrações”, comenta o diretor da consultoria Plane, Adriano Rodrigues. Para o consultor Mauro Gomes, o conteúdo fará toda a diferença neste projeto. “O Globopark terá temas que fazem parte do imaginário das pessoas no Brasil”, disse.
A Globo Emprendimentos Telemáticos é a responsável por levar adiante os projetos de parques temáticos da emissora do Jardim Botânico. A empresa já detém um terço de participação na unidade do Parque da Mônica no Rio, cuja inauguração está prevista para meados do ano. Os outros dois terços deste parque estão divididos igualmente entre o produtor de conteúdo, a Maurício de Sousa Produções, e o Opportunity.

Uma indústria de US$ 14 bilhões no mundo
A indústria mundial de parques movimenta anualmente US$ 14,5 bilhões, sendo que cerca de 45% desse total se concentra nos Estados Unidos. A América Latina é responsável por apenas 7% do mercado mundial. O conceito surgiu da evolução dos jardins de lazer europeus, que datam dos meados do século XVII. Com o tempo, estes jardins passaram a incluir hospedarias e atividades de entretenimento, como números de circo e apresentações de menestréis.
Nos Estados Unidos, estes jardins de lazer apareceram sob a forma de bosques para piquenique. As empresas operadoras de bondes começaram a construir grandes atrações no final de suas linhas para incentivar o uso deste meio de transporte. Foi assim que surgiu o primeiro parque temático, a Disneylândia, cujo modelo se espalhou pelo mundo inteiro.
A Disney criou uma forma de entretenimento familiar com ênfase na oferta de produtos e serviços de alta qualidade. A idéia de Walt Disney era aumentar o número de brinquedos e atrações do parque tradicional. Criada nos Estados Unidos, a indústria de parques temáticos se espalhou pelo mundo. A EuroDisney, situada nos arredores de Paris, recebe anualmente 12,5 milhões de visitantes, com um faturamento de cerca de US$ 370 milhões por ano.
No Brasil, a indústria de parques temáticos viveu um grande boom entre 96 e 97, com diversos lançamentos, muitos dos quais apresentaram problemas de natureza diversa. Apesar dos tropeços, existe um mercado potencial, avaliado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em R$ 2,5 bilhões por ano.
A Adibra, associação que reúne representantes de 170 parques temáticos, aquáticos e tradicionais do Brasil, defende a adoção de algumas medidas que melhorariam as condições para o desenvolvimento deste segmento de mercado no Brasil. Entre elas, destacam-se a redução do imposto de importação, a criação de linhas de financiamento viáveis e ainda a continuidade do fomento à capacitação profissional, seja na operação dos parques, seja no atendimento ao público.