Edição 104
A Tudor Capital Management, em associação com a Cidade Asset Management, está estruturando um fundo de private equity para investir na geração de energia a partir de termelétricas à base de biomassa. Esse segmento, que tornou-se potencialmente rentável com a escassez de energia elétrica, é o principal foco do Bionergia BancoCidade Tudor. Dentro do setor de energia, os gestores do fundo resolveram excluir investimentos em termelétricas movidas a gás e óleo combustível por causa da instabilidade dos preços do dólar, do gás e do petróleo, e também evitaram os investimentos nas pequenas centrais hidrelétricas (PCH) devido aos impactos ambientais que elas provocam. Os recursos do fundo vão ser investidos em termelétricas movidas a bagaço de cana.
“É uma técnica consolidada e comprovamos que o potencial de geração de energia neste segmento é muito grande. A capacidade de geração de energia represada no estado de São Paulo através da utilização do bagaço de cana é de 4 gigawatts”, explica o diretor da Tudor Asset Management, Roberto Dotta Filho, um dos sócios no novo empreendimento.
O projeto do novo fundo, com capacidade para gerar 700 megawatts, já está em processo bastante avançado. Assim que o fundo for aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que deve acontecer nos próximos dias, será assinado o contrato final de venda de energia durante 15 anos com a Companhia Paulista de Força e Luz, a CPFL. O preço de venda é determinado previamente e será corrigido pelo IGP-M.
A empresa PEM Setal, fornecedora de projetos de engenharia e de equipamentos para o setor, será a responsável pela instalação e manutenção das empresas escolhidas para a geração de energia. Também está sendo fechado um contrato com cerca de 30 usineiros que fornecerão a matéria-prima, o bagaço da cana.
Cada usina, que já produz energia através do bagaço da cana, será transformada em uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que se responsabilizará pela geração de uma determinada quantidade de energia. O BNDES deverá participar com até 80% do investimento em cada SPE.
Baixo risco – Segundo o diretor da Cidade Asset Management, Isaac Khafif, o investimento é de baixo risco. “Já sabemos, de antemão, a quantidade de energia a ser produzida e quanto vamos receber pela sua venda”.
De acordo com ele, a equação do fundo permite conforto aos investidores. “O fluxo de caixa é positivo, mensalmente, durante o tempo de vigência do contrato”, diz. O contrato de venda de energia para a CPFL é de 15 anos.
Para assegurar a entrega da matéria-prima pelos usineiros será fechado um seguro com o Banco do Brasil, diz Roberto Dotta, da Tudor. No caso de haver quebra de contrato por parte de algum usineiro, os recursos do seguro serão usados para a compra da matéria-prima. Também com a empresa PEM Sental é fechado um seguro de performance, no qual a empresa é obrigada a entregar as instalações das SPE.
O novo fundo terá suas cotas listadas em Bolsa, vai pagar dividendos e os seus cotistas terão direito a assentos no conselho de administração do fundo. A expectativa de retorno é bastante superior ao da renda fixa tradicional, que hoje rende em média 22% ao ano. A estimativa dos gestores é que o novo fundo renda cerca de 45% ao ano mais a variação do IGP-M.
Para Roberto Dotta, da Tudor, além dos investidores institucionais, os quais grande parte têm metas atuariais indexadas ao IGP-M e outros índices de inflação, o novo fundo deverá fazer sucesso entre os investidores interessados na rentabilidade atraente que ele deverá proporcionar. Para o diretor da Tudor, entre os fundos de pensão o maior interesse virá daqueles que conhecem o setor elétrico e que estarão interessados no assento dos conselhos da empresa que o fundo irá oferecer. A expectativa inicial de captação é de R$ 200 milhões. Cerca de 20 fundos de pensão já foram consultadas pelos gestores e mostraram interesse em investir no novo fundo.
Pactual aprova fundo de energia
O Banco Pactual teve aprovado pela CVM, no final de agosto, o seu fundo Energia Pactual. É o primeiro fundo de private equity aprovado pela autarquia para operar neste segmento. O novo fundo, que está sendo formado há cerca de um ano e meio, só foi lançado agora para aproveitar a decisão da Resolução 2.829, aprovada no final de abril, que regulamentou a aplicação dos fundos de pensão em fundos de private equity.
O Energia Pactual vai investir na geração de energia através das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) e de termelétricas movidas a gás e óleo diesel. Segundo o diretor do banco Pactual e co-gestor do fundo, a decisão de investimento nestes segmentos foi avaliada por especialistas na área, caso do consultor Mauro Veiga, que presta serviços para a Aneel e para diversas empresas nacionais e estrangeiras do setor elétrico.
O consultor Mauro Veiga, além de ajudar na estruturação do Energia Pactual, será também investidor do novo fundo. Para o diretor do Pactual, Sérgio Cutolo, “a grande janela de oportunidades de investimentos neste setor vai acontecer nos próximos dois anos”.
A previsão de captação do Energia Pactual está entre R$ 80 milhões e R$ 200 milhões nos próximos seis meses. O fundo já foi apresentado para cerca de 50 fundações, 40 empresas do setor elétrico, seguradoras e cerca de 60 investidores private nacionais e estrangeiros. O limite mínimo de aplicação é de R$ 10 mil e a taxa de administração é de 1,5% ao ano.