Edição 243
O fundo de pensão da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento) pretende reestruturar sua carteira de renda variável. A proposta que será implantada no ano que vem prevê a criação de um fundo de investimentos em cotas que deve investir em cerca de 10 a 15 fundos abertos de ações. A mudança faz parte de uma reformulação maior que ainda depende dos resultados de um estudo de ALM – Asset Liability Management – que está na fase final de elaboração. “Não dá para ficar concentrado em índices tradicionais de renda fixa e variável, pois assim não conseguiremos superar nossa meta atuarial”, diz Adimilson Stodulski, diretor financeiro e administrativo da Funcorsan.
Em linhas gerais, o fundo de pensão pretende assumir maiores riscos em suas carteiras, mas deve dar preferência para a gestão de valor na renda variável ou no segmento de multimercados, em detrimento do aumento da carteira de crédito privado. “Estamos analisando as alternativas de crédito privado com bastante parcimônia. É muito importante considerar a análise de risco dos papéis privados”, diz o diretor. Ele antecipa que a preferência será pelo aumento da exposição a fundos de renda variável com uma visão de médio e longo prazos. “Antes a renda variável servia apenas para dar um plus para a rentabilidade, mas agora estamos considerando como uma das chaves para alcançar a meta atuarial”, diz.
A carteira da Funcorsan, avaliada em R$ 870 milhões, conta atualmente com cerca de 73% dos ativos no segmento de renda fixa, 10,5% em renda variável, 0,5% em investimentos estruturados e 16% em imóveis e operações com participantes. A proposta é criar um FIC (fundo de fundos) de renda variável que começará com cerca de 5% a 6% (cerca de R$ 50 milhões) do patrimônio da fundação. Os ativos irão migrar de outros gestores do segmento de renda variável, além do ingresso de novos recursos. “A tendência é substituir os fundos com mandatos de Ibovespa ativo para produtos de ações livres”, explica Carlos Salami, consultor de investimentos e ALM que presta assessoria para a Funcorsan.
O consultor está recomendando a procura por fundos de ações com mandatos de valor, que permitam maior desconcentração de ativos, e que possam dar um retorno “alfa” para a carteira. Por outro lado, o consultor acredita que algumas opções na renda variável, como por exemplo, o segmento de ações de dividendos, não oferecem boas perspectivas neste momento. “O segmento de dividendos está um pouco caro agora, é preciso esperar um pouco mais para ver a possibilidade de entrar”, diz Salami.
O consultor está assessorando a Funcorsan na elaboração do estudo de ALM, que será utilizado para a definição da política de investimentos para 2013. Do patrimônio total, cerca de 43% estão alocados em títulos públicos federais.
Fundo de fundos – Com a criação de um FIC de renda variável, o fundo de pensão pretende promover um processo de seleção de cerca de dez fundos de ações.“O FIC é um veículo bastante ágil que permite selecionar rapidamente os melhores fundos do mercado e promover um rodízio entre os gestores”, diz o diretor da Funcorsan. Stodulski explica que o FIC permite ainda a aplicação pulverizada em fundos menores, sem problemas com os limites impostos pela legislação de investimentos.
Atualmente, a Funcorsan trabalha com três gestores na renda variável: Fator, Votorantim e BBM. Uma outra asset, a Schroders foi dispensada recentemente e os recursos sob sua gestão devem migrar para o novo FIC de renda variável.
A seleção dos fundos deve levar em conta critérios como histórico, desempenho e avaliação de risco e volatilidade. A fundação pretende elaborar um ranking de fundos e gestores com informações do mercado para depois promover processo de due dilligence aos gestores considerados mais qualificados.
Para o acompanhamento e avaliação dos gestores, o fundo de pensão promove reuniões trimestrais de seu comitê de investimentos, quando são analisados os desempenhos das assets. Em média, considera-se períodos de seis meses a um ano antes de promover mudanças de gestores. Ele acredita que a tendência será de aumentar a carteira de renda variável e também de multimercados a medida que os títulos públicos vão vencendo. Em 2013 ainda não há grande volume de vencimentos, mas já em 2014 e 2015, irá vencer maior quantidade de NTN-Bs.