Volatilidade leva Aerus a ganhar R$ 10 milhões

Edição 023

O instituto Aerus, que conseguiu reverter um déficit de R$ 198 rnilhões para superávit no primeiro semestre do ano – através da performance de seus investimentos -, tem outro grande motivo para comemorar: um lucro de R$ 10 milhões nas bolsas em plena crise da Ásia.
O sucesso do Aerus nas bolsas esse ano pode ser creditado a reformulação de sua estratégia de investimentos, no inicio do ano, quando passou a adotar um perfil mais agressivo. Na base dessa mudança esta um novo modelo de alocação de ativos, baseado na teoria de portfolio de Markowitz, que permite encontrar o melhor retorno e o menor risco para a carteira de investimentos, distribuindo os ativos entre renda fixa e variável de acordo com os movimentos do mercado.
Entretanto, esse modelo de alocação de ativos só funciona se quem o opera fizer uma previsão correta do comportamento do mercado. E na crise da Ásia, por exemplo, a equipe do Aerus acertou e conseguiu amenizar os efeitos negativos sobre suas carteiras. “Verificamos que na época da crise do México, em 94/95, quando começou a volatilidade os investidores estrangeiros saíram e levaram de dois a três meses para voltar ao mercado”, explica o gerente de investimentos da fundação, Carlos Tavares.
Com esse background na cabeça, a equipe de investimentos do Aerus resolveu arriscar durante a crise da Ásia. Comprou papeis de primeira linha no auge da crise, a preços baixos, esperando que se recuperassem para vende-los.’ A outra providencia tomada pela equipe no pior período da crise foi tirar recursos de suas duas carteiras indexadas (IBA e Ibovespa, com administração própria) para alocar na carteira administrada pelo Garantia. “O benchmark do banco e Ibovespa mais 2% ao ano, e ele tem interesse em ganhar mais que isso, porque ficam com 36% do excedente”, diz Tavares.
O conjunto dessas operações trouxe ao Aerus ganhos de R$ 10 milhões em setembro. Esse resultado permitiu manter o superávit da fundação, que ao final de setembro era de R$ 7 milhões, após uma queda no final do primeiro semestre, quando chegou a ser deficitária (em agosto, com a crise da Ásia, a fundação há via perdido os R$ 6,5 milhões positivos que acumulara no primeiro semestre). “Chegamos a registrar uma queda de 7,6% na carteira de ações, mas ela foi bem menor que o mercado: o Ibovespa, por exemplo, caiu 17,6% e o IBA 16,55%”, afirma o gerente de investimentos.
Baseado na teoria de Markowitz, o Aerus movimenta os seus recursos. Em uma avaliação recente, a fundação chegou a conclusão que a rentabilidade dos seus investimentos em renda fixa e variável, de 45,63% ate setembro, teria sido de 28,11 % sem o modelo.
A equipe de investimentos opera três carteiras de ações, variando rapidamente os volumes de cada uma para acompanhar o ritmo do mercado. Para se ter uma ideia, o fundo exclusivo administrado pelo banco Garantia oscilou entre um mínimo de R$ 40 milhões e um máximo de R$ 120 milhões.
Já a composição das carteiras – duas carteiras indexadas, uma no lbovespa e outra no IBA, ambas administradas internamente, e uma terceira administrada pelo Garantia, na qual não interferefica de fora do modelo. “A nossa gestão foi ativa na alocação de recursos, na distribuição entre as três carteiras de ações e a renda fixa”, explica Tavares.
Apesar de toda essa ginas­tica financeira para alavan­car seus ganhos na bolsa, o Aerus só se exercita no mer­cado a vista. Alias, se exer­citava. Agora, o fundo esta desfrutando da tranquilida­de da renda fixa. “Chegamos a ter 42% em renda variável no final de junho, e agora te­mos apenas 22%. Hoje, es­tamos defensivos”.

Modelo de Markowitz em fundações
Além do Aerus, outras fundações começam a utilizar a teoria de Markowitz para otimizar os seus investimentos. A Petros e Banrisul, por exemplo, estão aplicando esse modelo através de um software desenvolvido pelo laboratório de finanças da USP. “A tendência e que mais fundações passem a usar esse modelo”, afirma o coordenador do laboratório, professor Jose Roberto Securato.
0 software Portfolio RR 3.0 foi criado pelo laboratório para analisar produtos financeiros. A base dessa analise e o conceito de risco/retomo de Markowitz e modelos derivados, dos quais o mais recente e o VAR (Value at Risk). “Com o VAR, determinamos qual e o valor em risco de uma determinada carteira”, diz Securato.
Além do guia de ações e de fundos de investimento, o laboratório da USP esta lançando agora o guia de consistência de gestão de fundos de investimento, que vai analisar se o perfil desses produtos e compatível com sua composição. E nos próximos dois meses, deve concluir pesquisa de estimativa de taxas de juros para os próximos dois anos e de taxas over, para um período mais curto.