Edição 136
Os investidores qualificados já contam, desde o início deste ano, com um novo tipo de fundo que alia alta classificação de rating com rentabilidade acima da média dos fundos de investimento. Os primeiros fundos de recebíveis, lançados a partir deste ano por assets como a Máxima, BMG e Concórdia, já estão abertos para a captação de recursos de investidores qualificados – entidades fechadas, abertas, seguradoras, fundos de investimento, empresas e pessoas físicas com carteiras acima de R$ 250 mil.
Integralizado com direitos creditórios do próprio Banco BMG, o primeiro fundo deste tipo que abriu a captação para investidores foi o da BMG Asset Management. O fundo possui rating triple A da Fitch Atlantics e expectativa de rentabilidade de 110% do CDI. “Nenhum outro fundo do mercado concilia um rating tão alto com uma rentabilidade tão atraente”, afirma Marcelo Maneo, diretor de gestão da BMGAM, que falou no seminário Oportunidades para Investimentos Alternativos no Novo Ambiente Econômico, realizado por Investidor Institucional. O rating deve ter revisão trimestral segundo a Instrução 356 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regulamentou a criação do produto.
O fundo é formado por créditos derivados de empréstimos concedidos pelo Banco BMG a servidores públicos municipais e estaduais. São mais de 50 mil contratos de empréstimos que perfazem uma carteira de cerca de R$ 100 milhões do fundo. “O risco para o investidor é reduzido, pois o fundo tem um mecanismo de cotas que neutraliza os efeitos da inadimplência”, explica Francisco Turra, consultor da Integral Trust, que assessorou a constituição do fundo de recebíveis do BMGAM.
Existem duas classes de cotas. As subordinadas ficam em geral com o originador do crédito e são as últimas a serem resgatadas. Portanto, os efeitos da inadimplência são absorvidas por este tipo de cota. As cotas senior ficam, em geral, com os investidores e são liquidadas antes das subordinadas. O fundo do BMGAM possui 75% de cotas senior e 25% de subordinadas. “Mais que o suficiente para dar segurança ao investidor”, diz Marcelo Maneo, da BMGAM. A taxa média de inadimplência dos servidores é de 1,7%.
Outro fundo de recebíveis lançado recentemente é o F-Max, do Banco Máxima. O fundo é formado por créditos pessoais concedidos pela Máxima Financeira direto ao consumidor pessoa física. O fundo recebeu rating triple A da Moody’s e oferece rentabilidade de 115% do CDI, afirma João Neto, sócio-diretor do Banco Máxima. “Como é um produto novo, resolvemos pagar uma rentabilidade bastante atrativa para trazer os primeiros investidores”, explica João Neto.
O produto está desenhado para proporcionar vantagens também para as asset management e para as instituições financeiras que originam os créditos. “Os fundos de recebíveis podem gerar receitas maiores para os gestores em comparação com as taxas dos Fif’s”, diz Bruno Amadei, consultor da Integral Trust. Para as instituições financeiras, os fundos de recebíveis são mais vantajosos que a emissão de CDB’s porque pagam uma remuneração menor ao investidor, além de oferecer maior controle da liquidez devido à participação somente de investidores qualificados.