Edição 148
Mostrar que a economia está reagindo e que a crise está sendo superada foi a tônica dos discursos dos representantes do governo federal presentes ao II Seminário Internacional de Fundos de Pensão, realizado no Rio de Janeiro. Na ausência do presidente Lula, que participou do evento no ano passado, e do ministro da Fazenda Antônio Palocci, cuja presença constava do programa mas foi cancelada devido à sua ida à Argentina, três ministros representaram o governo.
Amir Lando, da Previdência, e Guido Mantega, do Planejamento, esforçaram-se para garantir que os bons fundamentos econômicos foram restabelecidos e o crescimento, retomado. José Dirceu, da Casa Civil, que não estava no programa preliminar, voou para a capital fluminense a fim de encerrar o evento e falar diretamente com representantes de mais de 200 entidades – entre fundos de pensão nacionais e internacionais, empresas e instituições financeiras. No discurso, improvisado, assim como seus colegas defendeu o investimento em infra-estrutura, por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs), como forma de alavancar a expansão do país. Para Dirceu, o marco regulatório que vai definir as regras das PPPs deve sair em agosto.
Organizado pela Previ, Petros e Funcef, os três maiores fundos de pensão do País, o seminário contou também com a presença de Enrique Iglesias, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que na ocasião oficializou a criação de um fundo de infra-estrutura para projetos brasileiros no valor de R$ 1,8 bilhão – R$ 300 milhões alocados pela instituição. Iglesias fez questão de afirmar que, com esta parceria, quer mostrar aos investidores estrangeiros que acredita nas premissas do Brasil, para que eles também invistam aqui. “A América Latina vive um novo período e deve crescer mais – e melhor. O Brasil está na direção correta, ingressando maciçamente na China e buscando independência da poupança externa”, disse.
A experiência internacional foi levada pelos palestrantes Sean Harrigan, presidente do conselho de administração do California Public Employees’ Retirement System (CalPERS); Ken Ayers, ex-presidente do conselho de investimentos da National Association of Pension Funds (NAPF), do Reino Unido; John Ravalli, da Franklin Templeton Institutional; Jim O’Oneill, economista-chefe da Goldman Sachs; John Gandolfo, diretor do fundo de pensão do Banco Mundial (Bird); Kent Smetters, professor da Wharton School; e Tim Stone, diretor internacional de PPP da KPMG.
Repercussão – Eustáquio Lott, diretor-superintendente da Valia, fundo de pensão da Vale do Rio Doce, avaliou o encontro como uma importante troca de experiência entre todos os segmentos que compõem o sistema brasileiro de previdência complementar. “Conhecer como o setor é administrado em países com forte cultura previdenciária enriquece a nossa vivência como gestores de fundos de pensão”, afirmou. “Iniciativas como as deste evento são extremamente importantes para o desenvolvimento da previdência complementar no Brasil, pois é um fórum privilegiado de debates, inclusive sobre oportunidades de novas modalidades de investimentos”.
Além dos fundos de pensão, as empresas de gestão estavam em peso no encontro. O BNP Paribas levou ao seminário toda a equipe de relacionamento com clientes institucionais. Flávia Aquino, responsável pelo segmento no Rio de Janeiro, Espírito Santo e toda a região Sul, disse que a instituição foi em peso porque queria ouvir a experiência de outros países na área de previdência complementar e, também, para entender um pouco mais sobre as PPPs. “Foi muito interessante ouvir de representantes do próprio governo o que pensam para o País e sobre este projeto”, disse Flávia.
Para o diretor da ARX Asset Management, Fernando Telles, a organização de eventos deste porte deixam as instituições financeiras muito próximas do seu público-alvo. Hoje, 35% do patrimônio de R$ 1,2 bilhão gerenciado pela ARX é de institucionais. “É nossa meta crescer neste segmento e o seminário nos ajudou muito a obter mais informações sobre este grupo”, afirmou.
Código Previ – Durante o evento, a Previ lançou seu código de governança corporativa, que irá pontuar as relações do fundo com as 173 empresas das quais participa. Entre os itens de conduta estão transparência, tratamento equânime, divulgação de informações precisas, o que a fundação espera em relação aos direitos dos acionistas e ética empresarial.
Sérgio Rosa, presidente da Previ, disse que o documento não traz novidades em relação ao que a entidade já vem exercendo na prática. “Os investidores estão dispostos a pagar mais por empresas mais transparentes. O momento é bom para o mercado brasileiro e os fundos podem contribuir com a prática, não só com a retórica”, disse Rosa.