Edição 54
A Funcef acaba de agregar 4 novos gestores a uma parcela de sua carteira de renda variável, equivalente a quase R$ 200 milhões, elevando assim para 13 o número de administradores externos desse tipo de ativo. A fundação, que começou a terceirizar sua carteira no ano passado, também está implementando uma metodologia de avaliação de desempenho, pela qual os autores dos piores resultados deverão perder parte da carteira que administram, em detrimento dos melhores que, assim, serão recompensados.
Essas são as conseqüências mais recentes da política de investimentos adotada pela Funcef em outubro do ano passado, quando mudou a diretoria da fundação. Desde então muita coisa está mudando, conta o diretor financeiro Luiz Cazetta. Além de ampliar a terceirização da sua carteira para R$ 800 milhões (somando a antiga e a atual contratação de gestores), de um total de R$ 1,5 bilhão, a Funcef conseguiu “limpá-la” de 52 papéis de baixa liquidez que mantinha e que foram entregues aos gestores no meio da carteira terceirizada.
Hoje, restaram poucas ações “indesejadas”, que representam menos de 2% do patrimônio de cerca de R$ 8 bilhões da entidade, colocando-a em conformidade com os limites estabelecidos pela resolução 2.720. Desse pequeno percentual, cerca de R$ 60 milhões são representados por 6 a 7 papéis da carteira própria da Funcef, devendo ser vendidos até o final de setembro. O restante está sendo entregue aos novos gestores, que assim como os primeiros terão a missão de se desfazer deles sem prejudicar a rentabilidade da carteira.
Os planos para setembro incluem a conclusão do ajuste da sua carteira interna, em busca de maior aderência ao Ibovespa. Por isso, também pretende vender alguns papéis de primeira linha nos quais está sobrecarregada, para comprar outros nos quais está desfalcada. Somados aos papéis de baixa liquidez, a entidade movimentará cerca de R$ 100 milhões nas bolsas no período, prevê Cazetta.
Além da limpeza da carteira, a terceirização elevou os resultados do portfólio de renda variável, quando comparado ao Ibovespa. Os gestores externos conseguiram rentabilidade maior do que a Funcef com menor risco: considerando o acumulado de valorização de 1,30% do Ibovespa em 2.000 até o dia 18 de agosto, eles alcançaram 10,54%, com VaR de 9,67, enquanto a fundação obteve 8,23%, com VaR de 10,11.
O consolidado das duas carteiras leva a um retorno de 9,05% e a um VaR de 9,93. No ano passado, esse retorno foi bem inferior ao Ibovespa, que fechou o ano com valorização de 150%.
Redução – O objetivo da Funcef é reduzir gradualmente a carteira própria a R$ 400 milhões, num primeiro momento, e depois ao nível dos outros gestores. Atualmente, cada gestor tem cerca de R$ 60 milhões, sendo que os novos ainda não receberam tudo: até agora, foram transferidos R$ 102 milhões. Dos 13 gestores, oito são administradores ativos, com meta de bater o Ibovespa, e cinco são passivos, uns indexados ao Ibovespa e outros ao IBX. Segundo o diretor financeiro, todos eles estão cumprindo os seus mandatos com margens pequenas de erro ao longo do período.
“Nossa visão é de que a administração externa na prática tem se mostrado mais eficiente, quer porque as instituições têm mais equipamentos, quer pela competição. Estamos criando uma competição saudável entre gestores, o que é o melhor instrumento de otimização e controle da gestão e rentabilidade”, diz o diretor financeiro.
A política de avaliação de gestores, que deve acontecer pela primeira vez no final de março do ano que vem – seis meses após a terceirização – é mais um mecanismo de incentivar essa disputa. A princípio, a idéia é tirar a carteira do último classificado no ranking, substituindo-o por outro do mercado (que ainda não faça parte do atual grupo). A escolha se dará pelo acompanhamento dos fundos abertos do mercado, com perfis parecidos com os fundos da Funcef, descontadas as taxas de administração. O penúltimo e antepenúltimo no ranking de rentabilidade da fundação perderiam parte da carteira, podendo chegar a ficar com 50% do volume atual.
Participações – A Funcef tem, ainda, uma carteira de participações de R$ 1 bilhão, composta por ações de controle e cotas de fundos de participação em empresas, com maturação de longo prazo. Parte dela são as ações de controle da seguradora da Caixa Econômica Federal (50,85%), a antiga Sasse que foi rebatizada recentemente como Caixa Seguros, das quais a fundação precisa vender no mínimo 30,85% para adequar-se à legislação dos fundos de pensão.
De acordo com Cazetta, o banco de investimentos Goldman Sachs, contratado no ano passado para dar uma solução ao caso, já está prospectando compradores, após ter concluído a avaliação da empresa. Os detalhes da operação ainda são mantidos em segredo, mas ele adianta que o que for arrecadado será investido nas bolsas. “Não pretendemos mudar o nosso asset alocation”, explica.