Edição 71
O Funbep, fundo de pensão dos funcionários do Banestado do Paraná, recebeu um belo “presente” de Natal no final de 99. A entidade registrou o aporte de R$ 326 milhões no final de dezembro passado, referente ao passivo dos planos de benefícios iniciados antes do surgimento da Lei n° 6435 em 1978. A entrada dos recursos já estava acertada desde junho último, quando o governo do estado do Paraná havia fechado um contrato com a União visando o saneamento do Banestado.
Na época da assinatura do contrato, o valor calculado para cobrir o passivo anterior a 1978 era de R$ 253 milhões, mas como os recursos só vieram seis meses depois houve um reajuste que elevou a cifra para R$ 326 milhões. Para honrar o compromisso, a União decidiu transferir o total dos recursos em LFT-Bs com prazo de oito anos e taxa Selic como indexador. Com isso, o patrimônio do Funbep saltou de aproximadamente R$ 800 milhões para R$ 1,13 bilhão.
Além de proporcionar maior equilíbrio para o fundo, a entrada das LFT-Bs representa a possibilidade de maior diversificação dos investimentos do Funbep. A entidade possuía uma carteira bastante concentrada em ativos de renda fixa antes da entrada dos novos recursos. As LFT-Bs ampliaram esta concentração e, por isso, o fundo planeja aumentar a exposição o volume de recursos em renda variável.
Hoje o Funbep possui cerca de R$ 180 milhões investidos em ações, o que representa menos de 15% do novo patrimônio. “Pretendemos elevar nossa carteira de renda variável para algo em torno de 22% a 25% do patrimônio”, revela Luiz Tadeu Garbi da Silva, superintendente do fundo de pensão. Ele antecipa que o aumento da carteira de ações deve ser realizada através da administração interna da entidade ou através dos fundos exclusivos já existentes.
Por outro lado, a carteira de imóveis, que antes representava 16% do patrimônio, caiu para 12% devido ao aporte dos novos recursos. Como o objetivo do Funbep era reduzir a carteira imobiliária para 10% do patrimônio, agora a meta está mais próxima.
Mesmo recebendo mais de R$ 300 milhões para sanear o passivo pré-78, o fundo de pensão do Banestado tem outra pendência a resolver. Trata-se do passivo acumulado pelo plano de benefício definido após a criação da Lei 6435. O Funbep contratou a consultoria Towers Perrin para avaliar o tamanho deste passivo. O cálculo servirá para a entidade elaborar uma proposta de criação de um novo plano de contribuição definida. A idéia é realizar a migração do plano BD para o CD ainda no primeiro semestre deste ano.
O fundo de pensão já possui um plano de contribuição definida destinado aos novos funcionários do grupo. O problema deste plano é que a patrocinadora contribui com 7% da folha salarial enquanto o participante, apenas com 5%. Por isso, será necessário desenhar um novo plano de contribuição definida.
Este novo plano CD já estará adaptado às exigência de paridade entre a contribuição da patrocinadora e do participante. O problema maior consiste no saldamento do plano BD que deverá ocorrer após negociação da direção do Funbep com o Banestado. O governo do Paraná tem interesse em equilibrar as contas do fundo de pensão pois o Banestado encontra-se em processo de privatização. “Até a metade deste ano queremos realizar o saldamento do plano BD e promover a migração para o novo plano”, afirma o diretor superintendente do Funbep.