Edição 162
Fundos de pensão norte-americanos mostram maior interesse por investimentos em projetos de fontes de energia alternativa
Com a expectativa de crescimento do mercado de energia solar, eólica e de células de combustíveis para US$ 100 bilhões até 2014 e retornos estimados em 30%, alguns investidores institucionais estão se dando conta da importância de investir nestas tecnologias – consideradas “limpas” ou amigáveis ao ambiente. Tanto que, em uma conferência realizada em maio pela UN Foundation, duas dúzias destes investidores já comprometeram recursos da ordem de US$ 1 bilhão para os próximos 12 a 18 meses.
Desde 2002, cerca de US$ 3,5 bilhões têm sido investidos em “tecnologia limpa”, de acordo com a CleanTech Venture Network LLC, que faz a ponte entre investidores e empresas de tecnologia limpa. Responsáveis pela CleanTech estimam que, entre 1994 e 2002, o retorno de investimento médio para as Ofertas Públicas Iniciais (IPO) destas empresas foi de 5,3 vezes o capital investido enquanto em fusões e aquisições chegou a 4,3 vezes.
Só no ano passado foram US$ 1,2 bilhão em ativos de venture capital (capital de risco) destinados a empresas de “tecnologia limpa”. Segundo o presidente da entidade norte-americana que representa o segmento de venture capital, Mark Heesen, este tipo de investimento corresponde a 1% de todas as aplicações de venture capital, mas é esperado um crescimento nos próximos 12 meses. O Califórnia Public Employees’ Retirement System (CalPERS) e o Califórnia State Teachers’ Retirement System (CalSTRS), por exemplo, devem se comprometer com US$ 1,5 bilhão em investimentos de “tecnologia limpa”.
Além destes fundos de pensão, o Vermont State Teachers Retirement System e o Vermont Municipal Employees Retirement System, de Montpelier, planejam selecionar empresas para submeter propostas para administrar por volta de US$ 10 milhões. O grupo de private equity (participação acionária) do Caísse de Depot et Placement se comprometeu a investir cerca de US$ 100 milhões em um novo fundo que será levantado pela VantagePoint Venture Partners, que investe em cinco principais áreas, incluindo este tipo de tecnologia alternativa.
Gigante – A CalPERS já se comprometeu com US$ 200 milhões em um programa de administração de investimento alternativo da fundação e US$ 500 milhões para investimentos administrados em seleção ambiental. Nos últimos dois anos, a CalPERS e a CalSTRS fizeram o primeiro comprometimento, de US$ 15 milhões cada, no fundo de venture capital NGEN Enabling Technologies Fund II LP.
Os responsáveis pela CalSTRS, juntamente com a consultoria Cambridge Associates, estão procurando por controladores para a alocação de US$ 250 milhões do programa de US$ 6,4 bilhões de investimentos alternativos do fundo de pensão. Em dezembro, foi formado um Conselho para sugestões de “tecnologia limpa”.
Mais recentemente, a CalSTRS fez um co-investimento na empresa New Energy Capital Corp, uma empresa de energia “limpa”. Nessa temporada, é esperado que a CalSTRS procure por controladores que usem administração ambiental na seleção das companhias, disse a porta-voz Sherry Reser. Segundo o presidente da Ceres – uma coalizão de investidores, organizações ambientais e grupos de interesse público –, Mindy Lubber, executivos da CalSTRS estão também assessorando um grupo de representantes de 15 fundos de pensão interessados em investir em tecnologia limpa.
Nova área – Qual é o motivo do interesse dos investidores institucionais nesse tipo de alocação? “Energia ambiental é uma nova área, um fascinante segmento. Há muito interesse com o alto preço da gasolina”, disse Desrochers, da CalSTRS. O executivo informou que uma pesquisadora, a Cambridge Associate’s Cambridge, contratado pela CalSTRS, apresentou um estudo dizendo que “este era um interessante lugar para ir”.
O presidente e co-fundador da CleanTech, Nicolas Parker, também informou que um estudo lançado em maio estima uma taxa de retorno interna para investimento em venture capital de empresas “amigas do ambiente” de 30% para o período de dez anos terminado em 2002. Para efeitos de comparação, o Venture Economics apresentou um retorno de 26% para todos os fundos de venture capital em relação ao mesmo período.
Parker disse que um grande número de controladores de dinheiro de “tecnologia limpa” está batendo na porta dos investidores institucionais. Atualmente, por volta de 90 a 95 fundos de private e venture capital estão no mercado tentando levantar fundos focados em “tecnologia limpa”, segundo Parker. Destes, por volta de 20 podem crescer para oferecer ao menos US$ 100 milhões em comprometimentos.