Edição 257
O fraco desempenho da renda fixa e as rentabilidades negativas do mercado de ações afetaram, de forma generalizada, os resultados financeiros do mercado de previdência complementar em 2013. Deste cenário, nem o maior fundo de pensão do país conseguiu escapar. Os planos da Previ, entidade dos funcionários do Banco do Brasil, que soma um patrimônio estimado em R$ 171 bilhões, encerraram o ano com rentabilidade média de 7,19%, taxa inferior à meta atuarial de 10,84%.
Por conta de rendimentos menores em carteira, a Previ teve que cancelar o pagamento do Benefício Especial Temporário (BET) a partir de janeiro de 2014. Para distribuir esse benefício extra aos participantes, seria necessário gerar um superávit superior a 25% das reservas matemáticas do fundo, o que não foi possível conseguir em 2013.
Embora não tenha esclarecido qual foi o percentual atingido, o presidente da instituição, Dan Conrado, afirmou que o superávit foi de R$ 24 bilhões no ano passado. “Tivemos de suspender o pagamento do BET para recompor nossas reservas de contingência”, justificou. Ainda assim, ele ressalta que não há risco de insolvência para o Plano 1, de benefício definido, que representa 95% do patrimônio da Previ. “Um fundo que tem mais de R$ 20 bilhões para cobrir imprevistos não possui problemas”, ponderou.
Além do fim do BET, as contribuições de participantes do Plano 1 e da patrocinadora, o Banco do Brasil, voltaram a ser cobradas. “É importante ressaltar que este era um benefício excepcional, ou seja, um dia iria terminar”, disse Conrado.
Balanço – A rentabilidade em renda variável do Plano 1 atingiu 6,36% em 2013, ao passo que o Ibovespa fechou em queda de 15,5% no período. Já em renda fixa, as aplicações registraram ganhos de 8,07% – resultado insuficiente para bater a meta de 11,37% no segmento. Ainda assim, o plano efetuou o pagamento, por meio de aposentadorias, pensões e benefícios especiais como o BET, de R$ 9,2 bilhões no ano passado, um recorde histórico, disse Conrado em evento de apresentação de resultados aos participantes.
No plano Previ Futuro, de contribuição definida, a rentabilidade em renda fixa foi de 5,5%, quase metade da meta de 11,5% estipulada para o segmento. “A elevação brusca da taxa básica de juros e a inflação em alta prejudicaram os resultados dessa carteira”, afirmou o presidente Dan Conrado. O Previ Futuro perdeu mais em renda fixa do que o Plano 1 por que possui mais ativos marcados a mercado. Ao todo, 60% da carteira do Previ Futuro possui esta marcação.
Segundo o presidente da instituição, embora 2013 tenha sido um ano de resultados abaixo do esperado, a rentabilidade da Previ ficou acima da média do mercado. Ele destacou que os fundos de pensão, excluindo-se a Previ, registraram em média perdas de 4,20% no ano passado.
“O resultado da Previ foi bom quando comparado ao de outros fundos de pensão e com o próprio mercado. Mesmo em um ano de crise, conseguimos aumentar ativos. Nosso patrimônio aumentou em mais de R$ 3 bilhões no último ano, superando a casa dos R$ 170 bilhões. A indústria não conseguiu a mesma performance e teve até uma redução de patrimônio”, disse Conrado.
Projeções – Para 2014, as perspectivas são um pouco melhores. Segundo Conrado, a Previ deve elevar apostas em investimentos no exterior para diversificar a carteira. Além disso, em um cenário de alta dos juros, o segmento de renda fixa pode voltar a ter um papel importante este ano. “As taxas que os títulos públicos estão pagando hoje são superiores às metas atuariais”, destacou.
O segmento de fundos estruturados também tende a trazer bons resultados em 2014, principalmente no setor de fusões e aquisições. “Em momentos de crise, as transações de compra e venda tendem a crescer”, disse.