Edição 92
A queda na remuneração da renda fixa já começa a influenciar as condições de empréstimos aos participantes das fundações Fasern e Faelba. As novidades, que começam a ser adotadas nessas fundações a partir deste mês de fevereiro, são o aumento do limite de crédito, a diminuição das taxas de juros e ainda o alargamento do prazo para saldar a dívida – que passa de 24 para 36 e até 48 meses. “Essas novas condições se tornaram possíveis pelo declínio acentuado das taxas de juros, que também foi repassado ao participante”, afirma Enecila Moraes Pinho da Silva, gerente financeira da Faelba, fundação patrocinada pela Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba).
A fundação baiana, que desde 1998 destina 2% de sua carteira a empréstimos para seus funcionários da ativa e aposentados (cerca de R$ 9 milhões), está aumentando de três para cinco salários-base o limite de crédito. Os empréstimos deverão ser saldados em no máximo 36 meses, com juros de até 1,5% ao mês, mais uma taxa de risco de administração de 0,25%. Até agora, o participante contava com um prazo máximo de 24 meses a uma taxa de 2,2% ao mês.
De janeiro a dezembro de 2000, pelos cálculos da fundação, foram concedidos R$ 6,2 milhões em empréstimos. Pelas regras atuais, a legislação impõe um limite máximo de 10% para operações de empréstimo e financiamento imobiliário – regra essa que poderá mudar frente à nova legislação prevista para sair dentro dos próximos meses.
A Faelba e a Fasern garantem que mesmo com as vantagens oferecidas, o empréstimo ao participante continua sendo uma operação lucrativa para as fundações. “Por ser de baixo risco, esse tipo de operação vai tornar-se um investimento cada vez mais visado pelas fundações”, diz Dijair Pereira de Abreu, assistente administrativo da Fasern. Segundo ele, como o dinheiro pertence ao próprio participante, caso não seja saldado por ele no prazo combinado poderá ser retirado de seu próprio benefício.
A fundação da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), com 1,5% de seus recursos investidos em empréstimos, diz que o retorno desse tipo de investimento é maior do que o advindo da renda fixa. “No ano passado, papéis de renda fixa como o CDI renderam 17% ao ano, número inferior ao retorno dos empréstimos feitos pela fundação, que atingiram 21,6% ao ano”, diz Cássio Valério Medeiros Soares de Sousa, diretor financeiro da Fasern.
No caso do fundo da Cosern, as mudanças são ainda mais radicais em comparação à Faelba. O antigo limite de quatro vezes o salário do participante, a ser saldado em até 24 meses, foi alargado para seis vezes (não ultrapassando 70% da reserva pessoal) e liquidação em até quatro anos. As taxas de juros também foram ajustadas: até 24 meses paga-se 1,3% ao mês e, se diluído em até 48 meses, a taxa fica em 1,5% ao mês. As taxas são somadas à TR e às taxas de risco e de administração.
Para o diretor financeiro da Fasern, as mudanças são fortes indicativos de uma tendência que deve se confirmar no decorrer deste e do próximo ano. “A concessão de empréstimos é um ótimo investimento tanto para o participante, que não fica sujeito aos altos juros das instituições financeiras, quanto para a fundação, que recebe um maior retorno em relação a outras aplicações como de renda fixa”, conclui ele.