Fapes quer mais exposição ao exterior | Fundação já tem 3% da car...

A Fapes, fundo de previdência do BNDES, decidiu reforçar sua estratégia focada na diversificação da carteira e definiu um planejamento de aplicar, no longo prazo, até 10% de seus recursos fora do país. Inicialmente, a entidade já realizou investimentos de cerca de 3% de seu patrimônio de R$ 11 bilhões em três fundos no exterior geridos pelo J.P. Morgan, BlackRock e Nordea em parceria com o Banco do Brasil. Todas as estratégias são de ações globais. “Vamos construir uma carteira que eventualmente replique os parâmetros de risco do índice MSCI e fique mais diversificada em relação a outras classes de ativos. Não vamos nos restringir unicamente a gestores de ações; queremos desenvolver um potfólio que obedeça parâmetros de risco e seja mais eficiente”, destaca o diretor de investimentos da fundação, Victor Tito.

Num próximo momento, a entidade poderá aplicar em renda fixa no exterior. Tito explica que o desafio é montar uma carteira aproveitando esse percentual de 10% dos recursos, incorporando outras estratégias e classes de ativos. “Estamos conversando com casas grandes, muitas delas em portfolio solutions, e alguns estão propondo alocação, mas não temos uma decisão; ainda está na fase de estudos”, destaca. “O lema na Fapes é diversificar em gestores e em ativos, com estratégias de gestão, setores e mercados diferentes. A forma mais fácil de tangibilizar essa busca começou no final do ano passado, quando decidimos por ter uma exposição maior no exterior”, ressalta.

Smart beta – Além da diversificação em ativos fora do país, a Fapes tem buscado ampliar seus investimentos em renda variável local. “Nosso foco em renda variável é no longo prazo. Procuramos ser pouco oportunísticos, sem depender do comportamento do mercado”, diz Tito. Segundo ele, “buscamos construir um portfólio mais diversificado. O Ibovespa é muito concentrado, então podemos colher maiores benefícios buscando gestores com estratégias distintas e uma gama maior de ativos”, destaca.
Ele diz ainda que a entidade busca construir uma estratégia baseada em fatores de risco. “Estou falando dos chamados smart beta. Parte da nossa carteira estará vinculada a ativos com baixa volatilidade, a ativos com indicadores de momentum, e estamos fazendo isso com gestores de fora da Fapes”, diz Tito. A Fapes ainda está em processo de contratação de gestores especializados nesse tipo de estratégia.

Seleção de gestores – A Fapes está também em outros dois processo de seleção de gestores. Um deles é chamado de gestor espelho, que está sujeito às mesmas restrições as quais a gestão da Fapes está exposta, com estratégia de longo prazo e possuindo o mesmo orçamento de risco. “É uma forma da gente se comparar com esse gestor”, explica Tito. Serão dois fundos espelhos com os mandatos iguais ao da Fapes, ou seja, terão a mesma carteira de referência e o mesmo limite de risco, além das mesmas restrições de operação que a legislação impõe aos fundos de pensão.
Outra seleção em curso é para fundos multimercado. O montante que será direcionado a essa estratégia ainda não foi definido, mas Tito explica que a ideia é ter fundos que apliquem em mercados diferentes e diversas moedas. “A ideia é sempre expor a Fapes a estratégias diferentes, de forma que se uma não estiver indo bem, a gente compense com outra”, destaca. Atualmente, a Fapes possui apenas 3% do patrimônio aplicado em fundos multimercado.

Renda fixa – A Fapes administra um único plano, de benefício definido, que possui uma duration longa, de cerca de 20 anos, e para aumentar a duration de seus ativos, a entidade tem aproveitado a compra de NTN-Bs. “Temos uma parcela maior do patrimônio alocada em renda fixa de prazo longo, e isso pode expor a Fapes a uma volatilidade maior, mas outro lema nosso é não olhar somente o ativo, mas também o passivo. Nesse cenário em que talvez a gente sofra com o aumento de taxa de juros, do lado do passivo a gente tende a se beneficiar”, diz Tito.