Faelce volta a cortar juros da meta atuarial | Objetivo de retorn...

BEZERRA: motivação no juro baixoEdição 238

 

Se antes praticamente a totalidade dos planos adotava taxas de inflação mais 6% ao ano, agora muitos estão se adequando aos juros mais baixos, seguindo também orientação dos órgãos reguladores. A novidade é que alguns fundos de pensão já estão partindo para uma segunda rodada de corte nas metas, como é o caso da Faelce, fundo dos empregados da Coelce. A fundação patrocinada pela Companhia Elétrica do Ceará reduziu a taxa de desconto de seu plano de Benefício Definido (BD) de 5% para 4,5%.

A taxa foi reduzida pela primeira vez de 6% para 5% no início de 2007. Na época, o plano BD foi fechado para novos participantes. Ao mesmo tempo, foi criada uma nova opção na modalidade de Contribuição Definida (CD). Além da redução da taxa do plano BD em 2007, também foi adotada uma nova tábua, a AT-2000. “Já tínhamos ajustado o plano BD há alguns anos, mas com o novo patamar dos juros da economia brasileira decidimos reduzir novamente a taxa”, explica José Tarcísio Bezerra, presidente da Faelce. Ele diz que a principal motivação foi a redução do risco do plano.

O plano acumula patrimônio de cerca de R$ 770 milhões, com 2,1 mil assistidos e 415 participantes ativos. “Temos um estoque de cerca de 70% dos recursos aplicados em títulos públicos federais com taxas médias bem acima da meta atuarial”, aponta o presidente. A média de rentabilidade dos títulos no vencimento é de IPCA mais 6,85% ao ano. Mas ainda persiste a questão do reinvestimento – se vale a pena entrar em novos leilões desses títulos ou se a saída é diversificar para outros segmentos.

 “Acreditamos que ainda haverá uma nova abertura das taxas básicas de juros no ano que vem. De qualquer forma, o parâmetro agora é nossa nova meta atuarial”, afirma Bezerra. Se os títulos federais oferecerem mais de 4,5% acima da inflação, valerá a pena reinvestir em tais papéis. O gestor cita que o governo Dilma chegou a falar em uma taxa real de juros de 2% ao ano, mas ele prevê que isso não deve ser alcançado no curto prazo. Bezerra diz que não acredita que a saída seja a realização de novos cortes na meta atuarial do plano.

Uma nova opção, iniciada recentemente, foi a entrada no segmento de investimentos estruturados. A Faelce estreou em um fundos de participações da Rio Bravo, que investe em empresas do setor de energia eólica. O fundo de pensão investiu R$ 3 milhões no ano passado. Para 2012, a política de investimentos prevê aumento da participação no segmento, que deve atingir cerca de R$ 8 milhões até final do ano.

Os dois movimentos de redução das taxas de desconto foram realizados sem que a patrocinadora tivesse que desembolsar recursos. É que, em ambos os casos, a Faelce contava com superávit suficiente para cobrir a necessidade de aporte de recursos. No primeiro momento, havia um superávit acumulado desde 1999, que conseguiu cobrir a redução de 6% para 5% e ainda permitiu a distribuição de parte dos recursos para participantes e patrocinadora. Agora, na segunda redução, foi utilizado um novo superávit, de cerca de 8,5%, que foi acumulado nos últimos anos. O custo do corte da taxa de 5% para 4,5% foi de aproximadamente R$ 40 milhões. “Não houve custo para a patrocinadora. Utilizamos parte de nosso superávit e ainda sobrou um pouco”, informa o presidente da Faelce.

Plano CD – O plano de Contribuição Definida (CD) foi criado em 2007 e acumula até o momento cerca de R$ 56 milhões. Sua meta de rentabilidade é de inflação mais 6% ao ano.

Apesar de não apresentar risco para a patrocinadora, existe o problema do baixo nível de benefício que será recebido no futuro pelos participantes. “No plano CD a preocupação é com o benefício futuro”, diz Bezerra. Ele indica que uma das alternativas é a realização de contribuições voluntárias ou aumento dos aportes normais dos funcionários.

Uma novidade preparada para o plano CD é a criação do mecanismo de seleção dos perfis de investimentos pelos participantes. Serão criados três perfis, desde a opção mais conservadora até mais agressiva, com maior concentração em renda variável. Haverá ainda uma quarta opção, que será uma gestão do próprio fundo de pensão. Neste caso, o participante delegará gestão e a distribuição das aplicações para a própria equipe da fundação, como acontece atualmente.

O fundo de pensão conta hoje com dois gestores externos para cuidar dos recursos do plano CD. A Western é a responsável pela renda variável e o BTG Pactual, pela renda fixa. A implantação do novo sistema de escolha de perfis de investimentos deve ser feito com esses mesmos gestores.