Faelba reduzir alocação em títulos públicos | Participantes do pl...

Juros baixos e bolsas em alta, é essa combinação que tem levado muitas fundações a apostar na ampliação do risco das carteiras para conseguir cumprir a meta atuarial de seus planos. É o caso da Faelba, o fundo de pensão dos funcionários da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), que está reduzindo gradualmente a participação dos títulos públicos nas suas carteiras de investimentos.
No início deste ano os títulos públicos representavam 86% da carteiras de investimentos da Faelba, conta Francisco Artur de Lima Moacyr, diretor financeiro da fundação. Esse percentual caiu para 81,7% no final do último mês de junho e deve continuar caindo nos próximos meses, atingindo em breve o patamar de 80%. É uma redução lenta mas segura, determinada principalmente pelas mudanças indicadas pelos participantes do plano CD, que nas pesquisas de perfil de investimento estão migrando para perfis menos conservadores.
Na última pesquisa, realizada na primeira quinzena de junho, cerca de 250 dos 4.300 participantes do plano de Contribuição Definida (CD) migraram para perfis com um pouco mais risco. A maioria dos participantes que migrou saiu do perfil conservador (100% aplicado em renda fixa referenciada no CDI/Selic) e elegeu os perfis básicos (que incluem além da renda fixa também imóveis, operações com participantes e investimentos estruturados) e diferenciado (que inclui também renda variável). “Ainda é uma migração pequena, muitos participantes ainda não perceberam os efeitos da queda das taxas de juros na formação da sua poupança, mas uma parcela já percebeu e começa a se mexer”, explica o diretor financeiro da fundação.

Participantes – Além dos 4.300 participantes do plano de Contribuição Definida (CD), a Faelba possui outros 930 participantes no Plano de Benefício Definido (BD), mas esse não oferece perfis de investimento. Com um Patrimônio Líquido (PL) de R$ 1,9 bilhão, sendo R$ 1,35 bilhão no CD e R$ 550 milhões no BD, a fundação sabe que terá que buscar cada vez mais a diversificação dos seus investimentos. “Estamos conscientes dessa necessidade de diversificar as carteiras”, conta o diretor financeiro da fundação.
De acordo com ele, os recursos que estão saindo dos títulos públicos estão sendo alocados principalmente em investimentos no exterior (tanto em renda fixa quanto em variável), em multimercados e em fundo de cotas de fundos de participações (FICs de FIPs). “Estamos buscando ativos com potencial de trazer melhores retornos para as carteiras”, afirma.
A Faelba fechou o primeiro semestre com rentabilidade acima da meta atuarial do seu plano CD, alcançando 6,11% para uma meta de IPCA + 4,5%. No BD, a rentabilidade do semestre ficou em 4,88% para uma meta de INPC + 4,19%.
“A medida que esses investimentos de mais risco começarem a andar bem, mais participantes vão se sentir confortáveis para migrar para aplicações mais arrojadas nas próximas rodadas de revisão de perfis”, diz Moacyr. A fundação tem duas revisões dos perfis de investimento por ano, a primeira em meados do ano (junho) e a segunda no final do ano (dezembro). “Acho que as migrações para perfis de mais risco virão mais fortes em dezembro, na segunda rodada do ano”, diz Moacyr.

Integração – Segundo Moacyr, a fundação ainda não tem detalhes de como será feita a integração das fundações Faelba, Celpos e Fasern, as três patrocinadas pela mesma empresa, a Neoenergia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola. Dona da Coelba na Bahia, da Celpe em Pernambuco, e da Cosern no Rio Grande do Norte, além da Elektro em São Paulo, a Neoenergia está trabalhando numa política para unificar os três fundos de pensão mas ainda não informou as diretrizes dessa política às fundações. “Não sabemos ainda como se dará essa unificação, nem onde será a sede da fundação unificada”, comenta Moacyr. “Isso está sendo estudado pela área de Recursos Humanos da Neoenergia, ainda não passaram nenhuma diretriz para nós”.
Além da unificação das três fundações, a Neoenergia tem que estudar como será feita a integração da Elektro, a única empresa do grupo no Brasil que não possui fundo de pensão, na fundação unificada. Acredita-se que será criado um plano para contemplar os funcionários dessa empresa. “Não temos informação sobre isso”, comenta Moacyr.