O Estado do Espírito Santo tem quatro grandes fundos de pensão – a Funssest, dos funcionários da ArcelorMittal, a Baneses, dos bancários do Banestes, a Preves, dos servidores públicos estaduais, e a Faeces, dos trabalhadores na empresa de saneamento Cesan. Dada as características de cada uma, o presidente da Faeces, Luiz Carlos Cotta, enxerga a oportunidade de crescer o tamanho do fundo de pensão que preside de maneira relevante dentro do Estado nos próximos anos.
Com a aprovação da reforma da Previdência, municípios e Estados sem o porte necessário para criar sua própria EFPC que abrigue os servidores com salário acima do teto do INSS terão de se vincular a alguma entidade de previdência. E Cotta acredita que, dos 78 municípios capixabas, boa parte deles terá a Faeces como a melhor alternativa para administrar seu plano de benefício previdenciário.
“A Funssest é um fundo de pensão de uma empresa privada e já sinalizou que não quer administrar planos que não sejam deles ou dos familiares de seus empregados”, afirma Cotta. “Já a Baneses é a fundação do Banestes, e como o banco vende PGBL e VGBL, a entidade não pode concorrer dentro de um mesmo mercado com o patrocinador”, analisa o presidente da Faeces.
Por fim, no caso da Preves, o último dos potenciais concorrentes no Estado para disputar novos instituidores, o dirigente reconhece que, para os municípios em que os prefeitos têm uma proximidade maior com o governador, pode mesmo ser mais fácil para a EFPC dos servidores ganhar o mandato. “Mas para aqueles municípios que não tem tanta proximidade com o governador, até por uma questão de conflito político que é normal dentro de uma democracia, podemos ser a opção”, afirma Cotta, que aguarda apenas a aprovação pelo órgão regulador do novo estatuto da entidade para iniciar as visitas e oferecer os serviços de administração dos planos de previdência.
A aposta de que a Faeces será, nos próximos anos, além da fundação dos funcionários da Cesan também de uma série de municípios do Espírito Santo, já tem provocado mudanças dentro da entidade. Para o próximo dia 25 de abril, quando serão comemorados os 25 anos da fundação, está sendo preparado um grande evento em que serão anunciadas a nova logomarca e o novo nome do fundo de pensão. “Não seremos mais a EFPC somente da Cesan, por isso entendemos que é importante a adoção de uma nova marca”, afirma Cotta.
Além dos planos instituídos de municípios e de entidades e sindicatos de classe regionais, a Faeces também prepara para abril o lançamento de um plano voltado aos familiares até o quarto grau de parentesco de seus segurados. “Nossas estimativas indicam que ao menos 50% da nossa base de 1,7 mil participantes têm a intenção de trazer parentes para os planos”. Cotta diz também que, pelas experiências de outras entidades, é comum observar entre os dependentes dos participantes que entram no plano família a portabilidade dos recursos em planos de previdência aberta. “O plano família da Fundação Copel, por exemplo, já está com quase R$ 50 milhões de patrimônio, em grande parte devido às portabilidades”.
Segundo o presidente da Faeces, o retorno consistente da carteira de investimentos irá servir como chamariz para atrair novos participantes. Em 2019, os investimentos na carteira da entidade tiveram um rendimento médio próximo de 17%, ante uma meta de 9%. Para manter o bom desempenho em 2020 diante de uma Selic na mínima histórica de 4,25%, está nos planos da Faeces aumentar de 15% para 20% sua posição em renda variável, além de fazer sua estreia no mercado global. A meta é chegar em dezembro com cerca de 8% do portfólio alocado em ativos fora do país, promovendo uma redução da parcela de renda fixa da carteira.
A Faeces tem também uma posição importante no segmento de FIPs, que representam cerca de 12% do total dos recursos da entidade. Em 2019, a fundação obteve um retorno de 18,57% com os fundos de participações no portfólio, que investem em ativos florestais e de infraestrutura. “Dado o bom desempenho, a entidade planeja aumentar a alocação nos FIPs da Lacan que investem em florestas de eucalipto”, afirma Cotta.