Edição 249
O grupo de fundações que está se reunindo para investir no exterior já definiu quem serão os gestores e os fundos de investimentos que receberão seus recursos. O desenho dos investimentos também foi definido com um administrador responsável pelo veículo local (denominado “feeder”) enquanto BlackRock, J. P. Morgan e Schroders foram as assets preferidas pelo grupo formado inicialmente por 14 fundos de pensão. Destas fundações, 11 delas devem começar a aplicar os recursos ainda em 2013, enquanto as demais deixaram para entrar mais adiante. É a primeira vez que um grupo de fundos de pensão irá utilizar o segmento de investimentos no exterior, previsto pela Resolução 3792 (Conselho Monetário Nacional).
O grupo é liderado pela Previ, do Banco do Brasil, em conjunto com outras grandes fundações como Petros e Funcef. A Previ pretende direcionar cerca de R$ 300 milhões para a nova carteira. Como existe uma limitação para que cada fundação entre com no máximo 25% de cada fundo de investimentos, existe a previsão de que o grupo de fundações entre com pelo menos R$ 1,2 bilhão em recursos. “Os fundos devem começar a rodar a partir de setembro deste ano. É só a ponta do iceberg, depois os fundos de pensão devem aumentar mais as aplicações no exterior”, diz Renê Sanda, diretor de investimentos da Previ.
Ele não acredita que todo o limite seja utilizado até o final do ano. “Vamos começar no segundo semestre, mas acho que atingiremos o limite previsto ao longo do próximo ano”, diz Sanda. O diretor da Previ revela que está um pouco receoso em relação ao risco cambial. “Estamos com um pouco de receio neste primeiro ano em relação à valorização do dólar, por isso, acredito que vamos começar com cautela”, revela o diretor. Sanda explica também que as fundações deram preferência, nesta primeira etapa, para fundos com teses de investimentos baseadas em ações de empresas de capital elevado (large caps), que focam na distribuição de dividendos.
Gestores – Nove assets tinham apresentado propostas para as fundações em um encontro realizado no início de abril passado. Cada uma delas apresentou um fundo de investimentos no exterior como alternativa para o grupo. As 11 fundações que vão entrar com recursos ainda em 2013 votaram nos gestores preferidos e os resultados apontaram as três vencedoras – BlackRock, J. P. Morgan e Schroders. As demais assets que não foram selecionadas para esta etapa são a Itaú Asset Management, Pátria Investimentos, Goldman Sachs, Credit Suisse, Franklin Templeton e BB DTVM.
A BlackRock, por exemplo, levou um fundo de ações com foco em dividendos. “Optamos por mostrar uma alternativa com correlação negativa com os setores predominantes no IBrX e no Ibovespa. É um fundo que seleciona ações de empresas boas pagadoras de dividendos em diversos mercados ao redor do mundo”, diz Bruno Stein, diretor da BlackRock.
As opções do fundo da BlackRock podem estar localizadas em mercados dos EUA, Europa, Canadá, Ásia ou emergentes, com exceção dos países da nova fronteira. O índice de referência do produto é o MSCI AC World. “São cerca de 2500 opções de ativos diferentes que podem entrar no portfólio do fundo. Ficam de fora apenas os mercados da nova fronteira porque é mais complicado de administrar o risco nesses lugares”, ilustra Stein. É uma opção mais adequada para quem está estreando na modalidade de fundos no exterior.
Como existe a obrigatoriedade de registro de um fundo local, chamado de “feeder”, as assets selecionadas estão contratando um administrador doméstico. No caso da BlackRock, o administrador escolhido foi a BB DTVM. “Negociamos com algumas instituições e a melhor proposta foi a do Banco do Brasil”, diz Stein. O “feeder” opera como um alimentador dos fundos no exterior e não apresenta limitações legais quanto à concentração dos recursos. Já o fundo final deve seguir a Resolução 3792, que diz que as fundações não podem concentrar mais de 25% das cotas.