Eles controlam as empresas da Previ | Fundação do Banco do Brasil...

Edição 128

Cerca de 200 conselheiros da Previ, entre administrativos e fiscais, participaram de um encontro de dois dias nas dependências do Hotel Meridien, no Rio de Janeiro. Organizado pela diretoria de participações da fundação, o objetivo do encontro é trocar experiências com os conselheiros frente às novas realidades do mercado, como o conceito de governança corporativa, a nova Lei das SA e o novo mercado. “Era importante essa troca de experiências”, afirma o diretor de participações da Previ, Nélio Henriques Lima.
A Previ possui um total de 342 conselheiros, sendo 190 de administração e 152 fiscais – incluindo titulares e suplentes. Eles participam dos conselhos de 103 empresas, das 125 nas quais a Previ tem participação (ver quadro). O último encontro dos conselheiros da Previ tinha ocorrido em 1999, destaca Lima.
Parte dos conselheiros criticava a iniciativa da diretoria de participações, dizendo que não havia motivo para o encontro realizar-se antes da posse do novo governo. Segundo eles, um encontro desse tipo deveria ser realizado depois da posse do novo governo e das novas definições para o Banco do Brasil e Previ.

Debates – Durante os dois dias do encontro, além de apresentações e debates sobre governança corporativa, nova Lei das SA e novo mercado, foram também relatados os cases das empresas Vale do Rio Doce, Perdigão, Brasil Ferrovias e Kepler Weber, nas quais a Previ tem participação expressiva. Esses cases de sucesso, bastante conhecidos do público, convivem com outros não tão reluzentes, como o da Paranapanema onde os investimentos realizados nunca conseguiram produzir um retorno adequado (ver matéria na página 24).
Para falar sobre o o descruzamento das participações da Vale com a CSN a Previ trouxe ao encontro dos conselheiros o presidente da Bradespar, Roger Agnelli. “A questão central do debate na época era que a Vale do Rio Doce era uma mineradora e queria crescer em minérios e a CSN era uma siderúrgica e queria crescer em siderurgia”, diz. “Com o descruzamento, cada empresa pode seguir sua vocação”.
Segundo ele, a Vale do Rio Doce teve uma valorização de US$ 3 bilhões em pouco mais de 1 ano, de US$ 8 bilhões em setembro de 2001 para US$ 11 bilhões em novembro último. Dessa valorização, “pelo menos US$ 1 bilhão é resultado da governança corporativa, que inclui um novo modelo de gestão, o relacionamento com o mercado de capitais e o pagamento de dividendos aos acionistas”. O restante da valorização é resultado de novos investimentos e de aquisições, relatou Agnelli.
Para falar sobre a Perdigão foi convidado o executivo Nildemar Seches, que relatou a trajetória da empresa, de quase falida na época da sua compra pelos atuais acionistas (oito fundos de pensão, Bradesco e Weg) à sua recuperação e volta à rentabilidade. Seches destacou a necessidade de harmonia entre os sócios para permitir o desenvolvimento da empresa. “Antes da aquisição, os sócios antigos viviam brigando, cada um desconfiava do outro”, disse Seches. “A base para a empresa dar certo é não ter conflito entre os investidores”.
A Perdigão foi comprada há oito anos. “Uma coisa importante que os fundos de pensão trouxeram para a Perdigão foi mais ética, mais transparência”, diz Seches.
Nos outros dois casos, relatou-se as experiências da Brasil Ferrovias e da Kepler Weber, a última praticamente quebrada quando a Previ e o BB Investimentos injetaram recursos para sanear e recuperar a empresa.
De acordo com Nélio Henriques Lima, a Previ está implantando um novo projeto de governança corporativa, desenvolvido pela fundação Dom Cabral e que está sendo implantado pela Nieto Consultores. O modelo consiste em colocar num grande banco de dados todas as informações estratégicas e de mercado de todas as empresas nas quais a Previ tenha participação. Entre outras coisas, o sistema tornará disponíveis para acesso imediato dados dos investimentos de aquisição, aportes novos, juros, debêntures, processos judiciais, dados de bolsas de valores, informações estratégicas e grandes decisões. “A fundação pode ter todos esses dados no momento em que quiser, para decidir rapidamente sobre investimentos ou desinvestimentos na companhia”, diz Lima. “Hoje o processo é moroso, depende de pessoas, de análises caso a caso”.
Ainda de acordo com ele, a Previ negocia uma flexibilização das normas de enquadramento, que a obrigariam a reduzir seu percentual de investimento em ações dos atuais 53% do patrimônio para 45% a 50%. Estamos pedindo um pouco mais de elasticidade nos prazos, pois há investimentos dos quais não podemos sair no prazo que nos deram, até meados do ano que vem”, afirma Lima. “São investimentos específicos, cuja maturação ainda demora e se vendêssemos antes iríamos causar prejuízos à fundação”.