Firme no conservadorismo | E-Invest segue a tendência majoritária...

Edição 370

Ribeiro,Bruno(E Invest) 24set 16(BrunaNishihata)Com 32 anos de história, a E-Invest by PreviEricsson alcançou no fim de agosto R$ 2 bilhões de patrimônio administrado, uma marca significativa para a nova gestão que assumiu em maio do ano passado. “Era um número que vislumbramos há algum tempo e, finalmente, conseguimos bater”, celebra o superintendente da entidade, Bruno Ribeiro.
Com 18 anos de casa, ele atuou como analista financeiro, coordenador de investimentos e gerente executivo de investimentos, posição que ocupava quando foi escolhido pelo conselho deliberativo, em outubro de 2022, para substituir Rogerio Tatulli, que comandava a E-Invest por 13 anos. “Meu trabalho representa a continuação da gestão anterior”, afirma.
Em termos de investimento, o principal pilar da fundação é o conservadorismo. Qualquer movimentação realizada precisa seguir um mandamento básico: não assumir riscos adicionais aos necessários para garantir que os planos batam as metas traçadas. “Eu brinco que a gente não faz gestão baseada na rentabilidade, mas sim no risco”, diz. “Vou dar um exemplo da nossa característica conservadora. Digamos que o CDI permite que a gente atinja os objetivos, especialmente pensando em 12, 18 meses. Vamos assumir riscos para conseguir uma rentabilidade maior? Claro que não. Nosso objetivo é acertar o risco de acordo com o objetivo de rentabilidade de cada plano.”

Números positivos – A forma de atuação tem dado resultado. O Plano Básico, de Benefício Definido (BD), que está fechado para novos participantes desde o fim de 2014, foi imunizado com a compra de títulos públicos marcados na curva numa proporção de 90% de sua carteira. Estratégias semelhantes foram usadas para os planos Suplementar, de Contribuição Variável (CV), também fechado há quase 10 anos, e para o plano de contribuição definida (CD), criado em 2015. “Essa estratégia garante a rentabilidade necessária para o Plano Básico nos próximos anos. Também apostamos nos títulos públicos marcados na curva no Plano Suplementar, mas em uma proporção menor”, explica. Já para o Plano CD, a saída foi vincular a compra dos ativos aos riscos e estabilidade esperados.
Do patrimônio total de R$ 2 bilhões, R$ 1,48 bilhão estão no Plano Básico, R$ 458 milhões do Plano Suplementar e R$ 59 milhões do Plano CD. O conservadorismo é o ponto comum entre eles, com o trio alocando majoritariamente em renda fixa: são 91% no Plano Básico, 89,9% no Plano Suplementar e 92,3% do Plano CD. O restante da carteira é distribuído entre investimentos de renda variável, FIPs, multimercados, imobiliário e empréstimos. Ribeiro destaca que o planejamento das alocações é diferente para cada plano, mas “nosso processo de entender os riscos faz com que a rentabilidade deles esteja sempre próxima”.
De fato, os três planos vêm obtendo resultados bem próximos e positivos em relação à meta atuarial. De acordo com dados de julho deste ano, a rentabilidade de 12 meses dos planos Básico, Suplementar e CD foi de, respectivamente, 10,31%, 10,17% e 10,99%, contra metas atuariais de 9,10%, 9,10% e 8,68%. Entretanto num período mais largo, de cinco anos, que inclui os anos da pandemia da Covid-19, os três ficaram abaixo das metas. Nesse período, os planos Básico, Suplementar e CD tiveram rentabilidade, respectivamente, de 60,65%, 58,85% e 44,17%, contra metas atuariais de 65,52%, 65,52% e 60,21%.
“A pandemia teve um impacto muito importante, foi um evento único. Mas a gestão dos recursos foi feita da mesma forma e com a mesma metodologia de qualquer outro momento de crise. É preciso muita parcimônia, um processo de monitoramento contínuo. Agora, estamos conseguindo recuperar os números”, explica Ribeiro.

Outros pilares – Se o principal mandamento de investimento da E-Invest trata do conservadorismo, há outros pilares de sustentação, que incluem uma governança corporativa forte e um contínuo trabalho de transparência e comunicação com os participantes e assistidos, além da eficiência operacional.
“Seria muito fácil eu sentar aqui e tentar colocar minhas características e minha forma de atuação. Mas, em um fundo de pensão, não é assim que deve acontecer. Especialmente no nosso, que tem poucos funcionários. Precisamos fazer com que os processos de fato trabalhem para auxiliar na gestão da entidade”, aponta.
Com apenas seis funcionários, basear a gestão da entidade em processos bem definidos é essencial, especialmente para ganhar eficiência. O gasto administrativo da E-Invest representa apenas 0,26% ao ano em relação ao ativo administrado, um dos mais baixos entre as entidades de previdência fechada. “Conseguimos fazer as entregas, mesmo com um gasto muito abaixo da média do mercado. Isso gera eficiência e rentabilidade”, diz.

Fundos florestais – A boa atratividade da renda fixa não significa que a E-Invest não esteja de olhos abertos para buscar novas oportunidades de diversificação de carteira. Uma classe de ativos alternativos que a entidade entrou entre 2012 e 2013, e na qual possui ainda participações, é a dos fundos florestais. Passados mais de onze anos, a E-Invest ainda mantém alocações em quatro fundos desse tipo, que estão em processo de encerramento nos próximos anos.
“Foram alocações super importantes, com as quais tínhamos um alinhamento interessante”, relata Ribeiro. Ele explica, porém, que a estratégia no momento não prevê novos investimentos nessa classe de ativos, e o principal motivo para isso é a liquidez. “Estamos com liquidez mais baixa do que o esperado e sem espaço para colocar recursos em fundos de longo prazo. Mas isso não quer dizer que não possamos mudar o planejamento daqui a um ano, então seguimos analisando as possibilidades para retomar essas compras quando fizer sentido”, explica.
Outro tipo de investimento que chegou a chamar a atenção da E-Invest como possibilidade de diversificação de carteira foram os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros). Uma avaliação para entrar nesses fundos chegou a ser iniciada, mas, no fim, a rentabilidade dos títulos públicos falou mais alto e a alternativa conservadora foi priorizada.
“A gente deixou um pouco de lado aplicações nesses novos tipos de investimento dada a capacidade e os prêmios que estamos conseguindo com títulos públicos. A decisão está alinhada às características dos nossos planos, não faria sentido em questão de risco, porque a taxa de juros segue entregando a rentabilidade que a gente precisa. Não tem a ver com o ativo em si, mas com o momento atual”, destaca o superintendente.
Mas a preocupação com a diversificação é latente e está presente em cada reunião de monitoramento da carteira de investimentos da entidade, garante Ribeiro. O objetivo é que, no momento em que comece a se desenhar uma tendência de diminuição significativa da taxa de juros, a entidade esteja pronta para mudar e se aproveitar do novo cenário.
“Assim que percebermos essa redução, vamos realizar estudos para ver onde serão dados os primeiros passos de diversificação. No ano passado, por exemplo, fizemos esses estudos que apontaram na direção de investimos em crédito privado. Chegamos a alocar nessa classe, mas a expectativa da queda da taxa de juros não se confirmou, então diminuímos as alocações em crédito privado e voltamos para ativos menos arriscados”, lembra.

Planos para o futuro – Enquanto segue estudando novas oportunidades, a E-Invest aproveita o atual cenário para reforçar a imunização da carteira por meio de compras de quantas NTN-B a política da fundação permitir. O próprio dirigente admite que “já estamos quase no teto de todo o processo de imunização”.
Assim, a busca por novas classes de ativos parece mesmo que ficará para um futuro mais distante. Afinal, já que a expectativa para o fim desse ano e início de 2025 é de elevação gradual da taxa Selic, a ordem na E-Invest é de mitigar os riscos e seguir com o planejamento conservador.
“Já começamos a fazer nossos estudos para cada um dos planos pensando no ano que vem. E não devemos mudar nossa linha de raciocínio nem o que foi feito nos últimos anos, uma vez que temos expectativa de taxa de juros ainda em níveis mais altos. Para os próximos meses, vai ser mais do mesmo: risco baixo e conseguir entregar a rentabilidade adequada a cada plano”, projeta Ribeiro.