Edição 279
A Fipecq, fundo de pensão da Finep e outras patrocinadoras, contratou profissionais do mercado para compor toda a sua diretoria executiva. Por meio de processo seletivo, Claudio Munhoz, Sérgio Maia Reis e Leonardo Mattar Altoé foram contratados, respectivamente, para ocupar os cargos de diretor presidente, diretor de investimentos e diretor de previdência da fundação. A estratégia tem como objetivo levar para a fundação profissionais de mercado, em vez de funcionários indicados pelas patrocinadoras. Além da Fipecq, outro fundo de pensão patrocinado por estatal que deve seguir nesta mesma direção, é o Metrus – patrocinado pelo Metrô de São Paulo.
O fato que representou o início da reestruturação da governança da Fipecq foi a contratação de Sérgio Maia Reis para o cargo de diretor de investimentos, em junho do ano passado. “Contratamos uma empresa especializada de head hunter para procurar no mercado o perfil que gostaríamos. Contratamos, então, Sérgio Maia Reis e passamos a ter um diretor agindo de forma autônoma, de mercado e que entende a questão de investimento”, explica o presidente do conselho deliberativo da fundação, Antonio Semeraro Rito.
Posteriormente, em setembro, a fundação dispensou Maurício Marques e Persio Marco Antonio Davison dos cargos de diretor presidente e diretor de previdência, respectivamente, abrindo um novo processo seletivo que culminou na contratação de Claudio Munhoz e Leonardo Mattar Altoé. O presidente do conselho da entidade explica que a diretoria anterior não terminou o mandato por conta do amadurecimento dessa ideia de profissionalização. “Isso foi uma quebra de paradigma na fundação” diz.
Segundo Rito, a entrada de Claudio Munhoz para assumir o cargo de diretor presidente já permitiu avanços no que diz respeito à análise da situação da fundação, da necessidade de crescimento e de fortalecimento de outros produtos de previdência. Já Leonardo Bosco Mattar Altoé foi contratado no início deste ano. “Altoé é um jovem experiente que está começando agora conosco, mas já vem cheio de ideias para ajudar nesse processo de construção do crescimento que vemos para a fundação”, diz o presidente do conselho da Fipecq.
De acordo com Rito, essa visão de profissionalizar a diretoria executiva da fundação já é antiga, sendo que há cerca de dois anos, o conselho registrou em ata a importância dessa profissionalização de forma a proteger a instituição de intervenção política dentro do processo decisório. “Quando assumi a presidência do conselho deliberativo, há mais ou menos um ano, entrei em contato com essa proposta e achei a ideia interessante. Como estávamos entrando no terceiro ano com déficit e o diretor presidente era diretamente indicado pela maior patrocinadora, entendemos que era a hora de começar a avançar na profissionalização”, explica.
Com a nova diretoria, a Fipecq está traçando planos para trazer a entidade de volta ao crescimento. Segundo o novo diretor presidente, Claudio Munhoz, após assumir o novo posto, sua primeira tarefa foi realizar uma análise mais completa da situação do fundo de pensão, além de alinhar as metas com o novo diretor de previdência, que acabou de assumir.
“Nosso primeiro passo é verificar o status quo da entidade e a partir daí, definir um plano de ação que tenha como objetivo claro, em relação à gestão, o fortalecimento da entidade com um novo posicionamento frente ao segmento”, diz Munhoz. “Estamos passando por esse alinhamento de metas com o novo diretor, terminando toda a análise, para tomar decisões efetivas sobre a entidade”, destaca o diretor presidente da Fipecq.
Outras fundações – O Metrus, fundo de pensão dos funcionários do Metrô de São Paulo, elaborou um novo estatuto, que ainda deverá passar por aprovação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), e entre as principais mudanças em relação ao estatuto vigente, elaborado em 2002, está a possibilidade de contratação de profissionais de mercado para compor a diretoria, não ficando vinculados apenas a executivos com vínculo com a patrocinadora. Apesar de ainda não estar aprovada, a mudança representa também uma abertura para uma nova estratégia dentro da fundação.
Para Antonio Semeraro Rito, os fundos de pensão devem avançar na profissionalização, já que a grande maioria tem ainda as principais patrocinadoras indicando os diretores executivos. “Percebemos que a evolução e a complexidade desse mercado exige que efetivamente se traga profissionais com profundo conhecimento da área. Não pode mais ser um indicado que não tenha conhecimento do mercado para gerir um fundo de pensão”, salienta.
De fato, o mercado tem exigido maior profissionalização dos dirigentes. Inclusive, a Previc lançará uma instrução que direcionará a maneira que os dirigentes de fundos de pensão devem se certificar, qualificar e habilitar para assumir seus cargos, o que demonstra uma mudança na mentalidade do sistema.
Perfil dos novos diretores da Fipecq
Claudio Munhoz – diretor presidente
Trabalhou no Banco do Brasil, atuando na criação da BrasilPrev e na implantação do BB Previdência, onde atuou como diretor. Foi diretor da Previ e da Sistel, fundo que trabalhou por 10 anos. Foi consultor na CM2 consultoria.
Sérgio Maia Reis – diretor de investimentos
Tem 11 anos de experiência em previdência complementar. Foi analista e gerente de investimentos da fundação Ceres. Engenheiro químico pela UFRJ, especialista em Finanças – Mercado de Capitais pela PUC/RJ.
Leonardo Mattar Altoé – diretor de previdência
Tem 18 anos de experiência em atividades de previdência complementar. Foi consultor sênior na Gama Consultores Associados e estatístico na Fundação Sistel Formação em estatística e especialização em atuária.
Projeto prevê processo seletivo para diretoria
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal aprovou o projeto de lei do Senado (PLS) 388/2015, que, entre outras coisas, permite que integrantes da diretoria executiva de um fundo de pensão patrocinado por empresa estatal possam ser escolhidos por meio de processo seletivo conduzido por empresas especializadas.
O projeto também visa colocar nos conselhos deliberativo e fiscal dos fundos de pensão conselheiros independentes em proporção paritária com representantes dos assistidos e patrocinadores. Esses conselheiros independentes também seriam recrutados por meio de processo seletivo público conduzido por empresa especializada.