Derivativos na literatura | Consultor de administração de risco n...

Edição 104

A verdade pode ser mais estranha que a ficção, mas o consultor de administração de risco Richard Folcker resolveu trabalhar com esse gênero para, com criatividade, encontrar um modo de explicar o conceito de derivativos. Seu livro, “Derivatives Diary: The Strategies of an Independent Fund Manager”, monta a trajetória do personagem ficcional Thomas R. Jones a partir do momento que deixa seu emprego seguro no ‘GlobalBank’ para iniciar seu próprio negócio como administrador de fundos independente.
Cobrindo o primeiro ano do negócio de Jones, o livro procura explicar as estratégias e negociações de derivativos por meio de usos práticos no mundo dos negócios. Ainda que Folcker tenha se preocupado mais em vender a história, as explicações dos derivativos e seus usos é tão acessível que faz com que o leitor se veja, de repente, ‘pulando’ as partes iniciais do falso diário para ir direto ao meio do livro.
O “Derivatives Diary” é recheado com quadros informativos, gráficos e amostras de cálculos de como diferentes estratégias podem afetar os investimentos. Por exemplo, a totalidade do segundo capítulo consiste dos usos que o personagem faz de opções para provar a superioridade de sua estratégia. Outras situações simuladas pelo autor são as explicações dadas por Thomas a sua secretária sobre o que são os derivativos e o que fazem, e também fazendo uma boa descrição de risco para os membros do conselho de sua administradora durante uma reunião.
Através do livro, o diário de Thomas recorda conversações com peritos em derivativos e risco – desde seu antigo professor de negócios da universidade até seus colegas do GlobalBank – que o ajudaram a dominar os conceitos que ele estará usando em seus negócios. Em uma das partes do livro, é relatada a conversa do personagem com o economista chefe do GlobalBank em um almoço, em que o executi-
vo do banco explica como as moedas dos diferentes países se relacionam com todas as outras e com as mudanças nas taxas de juros – não existe uma única fórmula em vista.
Entretanto, os trechos que lidam com o dia a dia das atividades de Thomas parecem suficientes para deixar o leitor irritado. É uma pena que o autor não tenha se fixado no lado comercial das coisas e tenha se prendido mais à falsa família do personagem e suas preferências gastronômicas. Traçar o uso dos derivativos nos negócios fictícios e seu efeito nos investimentos como uma mudança imaginária no mercado sobre o período de um ano parece mais interessante.