Edição 111
As emissões de debêntures em 2002 devem ficar concentradas no primeiro semestre. O mês de janeiro já contabiliza um volume de R$ 4,5 bilhões, que equivale à quase 30% do volume que realmente foi ofertado aos investidores em 2001. O mercado estima que dos R$ 15,2 bilhões das emissões feitas no ano passado, cerca de R$ 8 bilhões foram encarteiradas pelas próprias instituições emissoras dos papéis.
De acordo com os especialistas, os investidores estão antecipando as emissões de debêntures para o início deste ano temendo as dificuldades de captação no segundo semestre, quando o fator eleições deve desestimular as captações externas. O mercado internacional deve continuar bastante restrito, dificultando tanto as novas emissões como as rolagens das captações já feitas, o que deve favorecer as emissões no mercado interno.
Segundo a diretora de mercado de capitais do Bradesco, Denise Pavarina, a necessidade de refinanciamento e de novos investimentos pelas empresas e o temor das companhias endividadas em dólar devem estimular as captações internas. Sem estimar percentuais, ela prevê que este ano deve apresentar crescimento do volume de debêntures em relação a 2001. “Vamos registrar novo crescimento do mercado em 2002”, avalia.
Ainda segundo expectativas da diretora do Bradesco, as empresas do setor elétrico devem continuar liderando o lançamento de debêntures este ano, a exemplo do que ocorreu em 2001. Do total de emissões do ano passado (R$ 15,2 bilhões), 24,2%, ou R$ 3,67 bilhões, foram de empresas do segmento elétrico. No total, 41 empresas emitiram debêntures, das quais 9, ou 22%, são empresas do setor de eletricidade.
De acordo com o responsável pela área de underwriting do BBA Icatu Investimentos, André Assumpção, é preciso avaliar se está havendo crescimento do volume de papéis que, de fato, são ofertados ao mercado. Mais importante que o total das emissões, segundo ele, é verificar se está crescendo o volume que realmente vem a mercado, ou seja aquele que não fica encarteirado nos bancos. “Esse número é o que realmente interessa ao mercado”, avisa.
Assumpção avalia, ainda, que o principal mérito de 2001 é de ter sido um ano de consolidação do alongamento dos prazos dos papéis. Entre 1998 e 1999, anos da crise russa e da desvalorização do real, os prazos médios das emissões não superavam doze meses. Em 2000, começou o alongamento dos prazos, passando para dois anos, em média, e, em 2001, os prazos médios foram esticados para três, quatro e até para cinco anos, caso da emissão de Marlim.
Para o analista do BBA Icatu, porém, o estoque de debêntures no mercado, cerca de R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões, ainda é bastante pequeno frente ao total de volume de recursos da renda fixa, que totalizam R$ 350 bilhões. Os títulos públicos são responsáveis por quase 95% desse montante.