Edição 152
Mais um fundo de previdência associativa está em análise na Secretaria de Previdência Complementar (SPC). Trata-se do LaborPrev, instituído pela Federação dos Comerciários de São Paulo. A expectativa é de que, ao final do primeiro ano de funcionamento, o PrevComércio, primeiro plano do fundo, receba a contribuição de dez mil participantes.
Após a aprovação do estatuto e regulamento do fundo, a Federação vai começar os trabalhos de adesão de seus associados. Segundo Eduardo Pavão, gerente da Unbras, empresa que junto à entidade e à consultoria GlobalPrev desenhou o fundo instituído, a Federação dos Comerciários tem 64 sindicatos filiados e uma base de 1,2 milhão de trabalhadores dos setores de atacado, varejo, farmácia e atacadistas em medicamentos. “A previdência será um dos maiores serviços prestados pela entidade, que já oferece planos de saúde e de benefícios”, afirma.
Para chegar ao número esperado de adesões, Pavão fará um corpo-a-corpo nas 500 mil empresas ligadas à Federação. Desse total, apenas 5% são companhias de grande e médio portes e terão prioridade na divulgação do fundo. Para as pequenas, a apresentação da previdência associativa se dará por meio dos sindicatos patronais, com estímulo à criação de planos instituídos por eles e administrados pelo LaborPrev.
A adesão do Sindicato dos Comerciários ao ForçaPrev, fundo instituído pela Força Sindical, não desanima Pavão. O gerente da Unbras vê na entidade – que representa um terço dos trabalhadores do setor no Estado de São Paulo – uma parceira na divulgação da previdência associativa e no ForçaPrev, um co-irmão do LaborPrev.
Pavão não descarta a assinatura de acordos coletivos para a entrada em massa de participantes no plano. A figura do empregador-contribuidor, prevista na Resolução nº 3 do Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC), é vista como o grande chamariz para que os trabalhadores, hoje com faixas salariais entre R$ 600,00 e R$ 900,00, entrem no plano.
O grande desafio, de acordo com o gerente da Unbras, é vencer a resistência em relação à previdência complementar, vista por muitos trabalhadores como um dinheiro guardado em longuíssimo prazo e que só poderá ser utilizado após 25 ou 30 anos de poupança. Por conta disso, o LaborPrev terá uma cláusula que permitirá o saque parcial das reservas em caso de necessidade extrema. “Acho que, dessa forma, vamos deixar o participante mais à vontade”, afirma.
Pavão também destaca a própria maturidade do setor, que hoje tem uma legislação estável e fiscalização firme da SPC. “Não estamos aprendendo a fazer. Já existe uma história sólida de previdência complementar. No nosso caso, temos que deixar claro que não estamos deixando de ser uma entidade de classe para virar banqueiro. Existe um colapso mundial na previdência oficial e é nossa responsabilidade oferecer uma saída”.
Para o gerente, o comerciário é duplamente beneficiado com a previdência associativa: pela segurança do benefício e porque seu segmento se mantém aquecido, uma vez que o poder de compra de uma parte da população é mantido. “O comércio é sempre beneficiado pelo crescimento da economia”, afirma.
A escolha dos gestores também está em andamento. Pavão afirma que mantém conversações com instituições financeiras “triple A” e, em princípio, deve contratar apenas um banco. Com o aumento do volume, serão contratados até mais três gestores, que trabalharão com cláusulas de sucesso. Ou seja, a cada período, todos serão avaliados e os responsáveis pelos menores rendimentos serão descartados.