Começa fase de seleção | Grupo de 14 fundações liderado pela Prev...

Mauricio WanderleyMarcos LitzRenê SandaTabela fundacoes

Edição 247

 

Os quatro maiores fundos de pensão do país estão na liderança de uma comitiva com foco no estudo e seleção de alternativas especializadas em ativos estrangeiros, 10 entidades fechadas do segmento participam do grupo. A iniciativa partiu das fundações Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras) e Valia (Vale) e pretendem selecionar gestores de recursos para formar pelo menos três fundos de investimentos. Juntas, as fundações pretendem destinar cerca de R$ 800 milhões ainda este ano para aplicar na opção. Deste total, R$ 300 milhões devem ser provenientes da Previ.

O diretor de investimentos da entidade dos funcionários do Banco do Brasil, Renê Sanda, já havia antecipado à Investidor Institucional (edição 243) no fim do ano passado que a instituição começaria a participar deste mercado em 2013, mas na época ainda não havia uma definição sobre os valores e veículos financeiros. Assim como outras entidades, a Previ expandiu os limites de sua política de investimentos e começou a estruturar essa possibilidade de alocação nestes primeiros meses do ano. Já foram realizados três encontros do grupo. A última reunião aconteceu no início de abril na capital carioca e contou com a presença de nove assets que apresentaram, a pedido das fundações, opções de veículos já existentes e sugestões de novos produtos.

Outros dois encontros antecederam essa fase “prática” das negociações e foram marcados por alinhamentos sobre os tipos de oportunidades que seriam interessantes para as fundações, além de sugestões compartilhadas de quais os gestores seriam chamados para apresentar as propostas. Nestes encontros preliminares foram discutidos os critérios para a pré-seleção dos gestores que apresentaram as propostas.

O diretor presidente da BB DTVM, Carlos Takahashi, participou do recente encontro ocorrido no Rio de Janeiro. O executivo explica que a proposta apresentada por sua equipe passa por uma parceria internacional com o objetivo de criar um fundo com gestão compartilhada. A empresa global que irá atuar com a asset do BB ainda está em processo de seleção. “Três grandes casas americanas estão no nosso radar, além de uma da Europa”, diz Takahashi.

“Ficaremos com parte da gestão local, enquanto nosso parceiro cuidará da gestão nos mercados externos. Mas tudo vai depender do plano traçado para cada cliente”, detalha. Para ele, mesmo com o leve aumento da Selic para 7,5%, é claro que o processo de diversificação continua em pauta, principalmente entre os fundos de pensão.

Não é recente a intenção dos institucionais de explorar investimentos no exterior. Nos últimos anos, diversas fundações já vinham incluindo um limite na política de investimentos para aplicar recursos em ativos e fundos no exterior. Porém, a crise financeira mundial de 2008, que vem se desdobrando nos últimos anos e as alternativas ainda atraentes e com menor risco no mercado doméstico vieram postergando a iniciativa.

Em 2013, com os juros ainda em patamares reduzidos e com as dificuldades de crescimento da economia brasileira, a maioria dos ativos domésticos não conseguiram bater a inflação, que acelerou a pressão sobre os planos de benefícios. Com isso, a opção de investir no exterior está deixando de ser um limite na política de investimentos, para se tornar uma realidade concreta.

Fundações – Segundo o responsável pelas finanças do fundo de previdência da Vale (Valia), Maurício Wanderley, a participação de sua equipe nos eventos teve caráter de análise dos produtos apresentados pelo mercado, mas com a objetivo de colocar as sugestões em prática apenas em 2014. “A política da entidade deste ano não prevê a utilização desta opção”, diz o dirigente que administra um total de R$ 16,6 bilhões em recursos e que desde fevereiro vem estruturando uma nova área na instituição para tratar do assunto.

Na opinião do diretor financeiro da Fundação Itaipu (Fibra), Marcos Litz, a articulação é um importante incentivo para que fundos que ainda não consideraram esta oportunidade de aplicação, tais como fundos pequenos ou médios, participem desta experiência. De acordo com Litz, “uma série de nomes importantes ficaram de fora deste movimento”.

O dirigente afirma acreditar ainda que a escassez de ativos alternativos é um dos fatores que tornam a entrada nesta modalidade mais atrativa. A expectativa de Fibra é entrar neste mercado com 1% de seu patrimônio, R$ 25 milhões.

A parceria na corrida por este tipo de investimento é essencial por conta do enquadramento pela resolução 3792 do Conselho Monetário Nacional (CMN). Cada fundo de pensão pode deter no máximo 25% das cotas de um fundo de investimentos. Por isso, são necessárias pelo menos quatro fundações para formar um produto desta natureza. Ao mesmo tempo, cada entidade tem o limite máximo de até 10% do patrimônio para destinar ao segmento de investimentos no exterior. Como os fundos de pensão ainda não utilizam este limite, não haverá problemas iniciais de enquadramento para suas carteiras.

Um novo encontro deve ser realizado no fim do mês de abril, quando as fundações devem dar um retorno às propostas feitas pelos gestores.