Edição 102
O processo de reestruturação da administração da Fundação Cesp, iniciado em meados de 1999, quando assumiu a primeira diretoria profissionalizada da fundação, está entrando em uma nova fase. Duas mudanças marcam o começo desta nova etapa: a terceirização da carteira de renda variável e a criação de uma nova área de compliance.
Com o avanço da terceirização da gestão dos investimentos, que até o momento envolvia apenas os recursos de renda fixa, a área de investimentos da fundação está deixando, pouco a pouco, de operar diretamente no mercado. A partir de agora, o diretor financeiro da entidade, Martin Glogowsky, pretende montar uma nova área de compliance, remanejando o próprio pessoal da área de investimentos. A nova área terá a função de acompanhar a gestão externa e o que resta da administração interna.
A fundação está terceirizando inicialmente 15% da sua carteira de renda variável. Cerca de R$ 150 milhões da carteira de ações, avaliada atualmente em R$ 1 bilhão, serão entregues a três instituições financeiras. O processo de seleção dos gestores ainda está em andamento. A terceirização de parte da carteira de renda variável passará por uma fase de experiência de um ano, para verificar se a gestão externa consegue obter melhor retorno que a gestão interna. Segundo Glogowsky, se a experiência der certo, a parcela terceirizada da carteira poderá aumentar, até chegar à totalidade dos recursos.
Na carteira de renda fixa nada mudará. Os recursos da carteira de renda fixa, de R$ 3,2 bilhões, já são quase totalmente (R$ 2,9 bilhões) repassados a nove gestores externos. A cada ano, a diretoria financeira da Fundação Cesp exclui os dois gestores que obtiveram as piores performances e seleciona dois novos gestores.
Compliance – Paralelamente ao avanço da terceirização da gestão dos recursos, a Fundação Cesp está montando a área de compliance. O objetivo da nova área será estabelecer mecanismos de controle internos, e elaborar manuais e códigos de ética, que irão reger os procedimentos e a conduta dos funcionários de todas as áreas da fundação e de seus prestadores de serviços.
“O compliance vai aperfeiçoar as regras já existentes e zelar para que sejam cumpridas. A idéia é que existam procedimentos e normas de conduta únicas a serem cumpridas por todas as áreas da fundação”, explica Glogowsky.
Hoje, já estão vigorando regras de conduta e comportamento, como por exemplo a proibição para os integrantes da área de investimentos de comprarem ações de empresas que a fundação possui em carteira, ou, ainda, de aceitar presentes acima de um determinado valor, como passagens aéreas, entre outros.
A nova área de compliance irá checar se essas e outras normas específicas da área de investimentos e das demais áreas da fundação estão sendo cumpridas. Se necessário, também poderá elaborar novas regras.
Inicialmente, a área de compliance deverá ser composta por apenas um funcionário de carreira, que será nomeado pela diretoria da fundação. No futuro, a área poderá crescer em número de profissionais envolvidos.
O compliance irá interagir com todas as demais áreas da fundação, mas inicialmente começará seu trabalho acompanhando os procedimentos apenas da diretoria de investimentos, até que seja totalmente implementada. Uma consultoria externa ajudará na implementação da área de compliance, que vai responder diretamente à presidência, assim como já acontece com a área de processamento e controle de investimentos, que conta hoje com uma equipe de 10 funcionários.