Carteira de alto risco na Fasern | Fundação oferece aos particip...

Edição 96

A Fasern, fundação dos funcionários da Cosern, começou a oferecer desde fevereiro deste ano 5 alternativas de carteiras de investimentos aos seus participantes. Ao seguir o exemplo de fundações como a PSS, da Philips – que em 1996 foi pioneira na constituição de um plano que permite a escolha do perfil de risco de sua carteira de investimentos -, a Fasern introduziu uma inovação: a possibilidade de escolha de um perfil super agressivo, que pode ter até 60% dos recursos aplicados em renda variável (veja tabela abaixo).
Este percentual, dificilmente adotado entre as fundações por representar uma alta exposição ao risco do mercado de ações, foi concebido a partir do aumento do limite de concentração dos recursos de renda variável de 50% para 60%, previsto pela Resolução n.o 2.720. Mesmo com a queda da regulamentação, a atual Resolução n.o 2.829 manteve o limite máximo de 60%.
No novo sistema da Fasern, os participantes irão escolher o perfil de risco de sua carteira de acordo com o tempo que falta para se aposentar. “Se o participante tem idade superior a 53 anos, não há escolha de carteira, pois a única que disponibilizamos para ele é a de perfil conservador, onde se pode ter até 100% de renda fixa e 10% de renda variável”, explica Cássio Valério de Sousa, diretor financeiro do fundo. “Quando se está próximo da aposentadoria, é mais prudente o participante não ter grandes oscilações em sua carteira, como acontece naquela que tem um maior percentual de investimentos em ações da bolsa”.
Ocorre exatamente o contrário com o funcionário que ainda tem anos à frente na fundação e deve adotar uma visão de longo prazo, acrescenta Sousa. Para os funcionários com menos de 50 anos, a Fasern libera as cinco carteiras, sugerindo a preferência pela de perfil agressivo, constituída por 40% a 60% de ações de 16 empresas nacionais. Apesar da instabilidade das bolsas nos últimos meses, cerca de 85% dos participantes desta faixa de idade escolheram o perfil Agressivo Plus. Aos participantes de 50 a 53 anos, a fundação oferece uma carteira com até 20% de renda variável.
E o que faz o participante que escolheu uma carteira de perfil Agressivo Plus no caso de queda da cotação das ações nas bolsas? “Mesmo no caso de uma desvalorização dos papéis de renda variável, a fundação tem como minimizar a perda comprando derivativos”, diz Sousa. Ele acrescenta que os participantes podem rever a opção de sua carteira somente no dia de seu aniversário.
Na fundação, hoje com 950 participantes, entre ativos e aposentados, divididos entre os planos BD e CD, quem ganha até R$ 1.200 tem 2% do salário destinados ao fundo de pensão; acima desse salário, a contribuição é de 9%. O total de recursos dirigidos à carteira de investimentos é de R$ 60 milhões, divididos entre as 9 instituições com as quais a fundação trabalha – Itaú, Banco do Brasil, HSBC, Icatu, Unibanco, Lloyds, Sudameris, Investidor Profissional e BBV.

PSS – Para Carlos Roberto Ceglia, gerente de seguridade da PSS, primeiro fundo de pensão do País a adotar o sistema de carteiras e investimento com diferencial de perfil, o número de fundações que optam por oferecer essa possibilidade ao participante vai aumentar, já que “traz benefícios tanto para o participante, que tem muito mais flexibilidade na hora de aplicar seu benefício, quanto para o fundo que, oferecendo atrativos, ganha novas adesões no plano”.
Ceglia lembra que surgiram algumas dificuldades durante a implantação das carteiras, em 1996. “Como 80% de nossos funcionários são ‘chão de fábrica’, precisamos fazer palestras explicativas sobre o funcionamento do novo plano CD. A relutância inicial foi dissipada, mas as ‘aulas’ de economia acabaram motivando brincadeiras entre os operários, do tipo ‘vamos trocar a Gazeta Esportiva pela Gazeta Mercantil’”, lembra Ceglia.
O modelo de plano da PSS sofrerá alterações até dezembro deste ano. Entre elas, está a incorporação de uma nova carteira às três opções existentes. “O perfil Ultra-Conservador, com investimento de 100% em renda fixa, vai se diferenciar por ser o único a não arriscar no mercado de ações, ao contrário dos perfis Conservador, Moderado e Agressivo, que chega a aplicar até 50% na bolsa.”, diz Ceglia.