Camargo Corrêa contrata plano aberto para Bradesco | Opção de pla...

Edição 103

Depois de um longo período de estudos, o grupo Camargo Corrêa, formado por 15 empresas que empregam cerca de 20 mil pessoas, passou a oferecer um plano de benefícios para seu quadro de funcionários. O projeto começou a ser discutido no início da década de 90, mas demorou 10 anos para ser concretizado. “A maior dificuldade sempre foi o custo do plano. O grupo de funcionários da empresa é bastante antigo e o serviço passado revelou-se caro demais”, explica Ricardo Almeida, diretor superintendente da CCSC Serviços e um dos responsáveis pela implantação do plano.
A Camargo Corrêa decidiu contratar a Bradesco Previdência para estruturar o plano de previdência aberta. O modelo escolhido foi um plano tradicional do tipo de Contribuição Definida (CD). Outras quatro empresas de previdência aberta participaram do processo de seleção. A expectativa é de que o volume de contribuições anuais para o plano, juntando os aportes dos participantes e da patrocinadora, alcancem a cifra de R$ 6 milhões.
Um dos pontos que gerou maior discussão foi justamente a cobertura do serviço passado. A Camargo Corrêa, que atua hoje em dia nas áreas de engenharia, construção, infra-estrutura e imóveis, foi fundada em 1939. Sendo, portanto, um grupo com mais de 60 anos de existência, possui um grupo de funcionários de idade mais avançada bastante grande. Por isso, ficaria muito caro realizar o aporte necessário para cobrir todo o tempo de serviço passado. “Ao final, resolvemos oferecer um plano começando do zero para todos os empregados, pois não seria possível arcar com os altos custos do tempo de serviço anterior à constituição do plano”, diz Almeida.
Mesmo sem contar com a cobertura do tempo passado, o plano de benefícios representa um aumento de custos para a empresa. Por outro lado, a Camargo Corrêa vem acumulando resultados cada vez melhores nos últimos quatro anos. O lucro líquido saltou de R$ 315 milhões, em 1999, para R$ 541 milhões em 2000. Este aumento dos lucros permitiu que o grupo aproveitasse o momento para concretizar o velho sonho de criar um plano de benefícios.

Ponto fraco – O diretor da CCSC, Ricardo Almeida, avalia que nas atuais condições do mercado já não era mais possível para o grupo continuar sem oferecer nenhum tipo de benefício voltado para a complementação da aposentadoria básica dos funcionários. “Quase todas as empresas de ponta oferecem um plano de benefícios e a Camargo Corrêa não poderia ficar para trás”, comenta. “Era nosso ponto fraco e tínhamos que corrigir isso”, completa. Concorrentes como a Andrade Gutierrez e a Odebrecht já oferecem o benefício a seus funcionários há vários anos. Estas empresas, diferentemente da Camargo Corrêa, optaram por constituir um fundo de pensão próprio para administrar o plano de benefícios.
A adesão ao plano da Camargo Corrêa foi aberta a partir do mês de agosto passado e a expectativa é que o grupo de participantes atinja pelo menos 1.600 pessoas. Estes funcionários são o público-alvo do plano por ganharem acima de 10 salários mínimos e, por conseqüência, estarem fora da cobertura do teto da Previdência Social.
O plano da Camargo Corrêa tem uma relação contributiva de 1 para 1. O empregado que adere ao plano contribui com até 4% de seu salário e a empresa entra com o mesmo valor. “É o tradicional plano 4 por 4”, afirma Jair Lacerda, diretor de planos empresariais da Bradesco Previdência. É um plano básico, sem cobertura de risco por morte ou invalidez. Se o participante quiser poderá realizar contribuições adicionais ao plano com o objetivo de melhorar o benefício futuro.
Sem se importar com a onda de PGBL que assola o mercado, a Camargo Corrêa decidiu escolher um plano tradicional, de Contribuição Definida (CD). Ao contrário do PGBL, o plano oferece garantia mínima de rentabilidade referenciada na inflação mais uma taxa fixa de juros. “Escolhemos um plano tradicional devido à garantia mínima de rentabilidade. Optamos pela alternativa mais conservadora”, explica Almeida.
Outro motivo que contribuiu para a implantação de um plano tradicional foi a antiguidade do projeto. Quando se iniciaram as discussões sobre a criação de um plano, ainda não existia o PGBL, que somente viria a ser criado em 1998. Além disso, foi realizada uma pesquisa entre os funcionários da Camargo Corrêa sobre o modelo desejado e o resultado apontou que o plano CD tradicional era o preferido.
Por isso, a Bradesco Previdência decidiu apostar no oferecimento de um plano tradicional para atrair a adesão da companhia. “Como o plano já havia sido aprovado em uma série de instâncias no grupo, decidimos insistir um pouco mais no modelo tradicional”, afirma Lacerda.
O diretor da empresa de previdência acredita, porém, que o plano de benefícios da Camargo Corrêa poderá ser modificado no futuro. “O plano começou básico mas pode melhorar muito. Pode até mudar de formato no futuro ou agregar um PGBL para os funcionários que preferirem realizar contribuições extras”.

Fundo fechado – A Camargo Corrêa, apesar de ser uma empresa de grande porte com condições de constituir um fundo de pensão próprio, não chegou a cogitar esta hipótese. “Sempre pensamos em terceirizar totalmente o plano de benefícios, pois não queremos nos desviar de nosso foco de atuação principal”, revela Ricardo Almeida. Desta forma, a empresa já sabia desde o início que a escolha recairia sobre uma empresa de previdência aberta. A Camargo Corrêa realizou um processo de seleção com cinco players do mercado de previdência privada e acabou escolhendo a Bradesco Previdência. “A Bradesco é a líder absoluta do mercado e oferece muita segurança. Além disso, suas taxas são bastante competitivas”, afirma Ricardo Almeida.