CalPERS vende florestas | A fundação norte-americana coloca a ven...

Edição 127

A CalPERS, maior fundo de pensão público norte-americano, está vendendo seu portfólio de investimentos em florestas plantadas, cujas árvortes são destinadas ao uso da construção, e que totaliza US$ 1,1 bilhão. O motivo apontado para a venda, segundo os dirigentes da entidade, é a tentativa de reduzir o percentual investido em negócios imobiliários – o qual o investimento em florestas se encaixa – de 9,4% para abaixo de 9%. O tipo de ativo é classificado como um dos mais antigos investimentos institucionais.
A venda acontece em um momento em que outros investidores institucionais decidem aumentar suas alocações nesse tipo de investimento. No ano passado, o fundo de pensão da Universidade de Harvard, com patrimônio de US$ 17,5 bilhões, decidiu alocar 6% de seus ativos – ou US$ 1,05 bilhão – nessas florestas, enquanto o conselho de administração e investimentos do Massachusetts Pension Reserves aplicou 2% dos ativos do fundo – correspondentes a US$ 600 milhões – nessa classe de ativos. Um número crescente de instituições tem optado por essas florestas como uma forma de conseguir atrativas taxas de retorno com risco ajustado, e também de diversificar o portfólio de investimentos e conseguir um hedge contra a inflação.
Observadores acreditam que o portfólio da CalPERS consiste de aproximadamente 900 mil acres de florestas espalhadas pelo País, que serão divididas e vendidas a investidores institucionais. Mas, garantem esses mesmos observadores, poucos investidores institucionais são grandes o bastante para absorver partes significativas do portfólio.

Possíveis compradores – Alguns acreditam que o fundo de pensão dos professores de Ontario, o Ontario Teachers’ Pension Plan, sediado em Toronto, figure na lista de possíveis compradores. Mas o porta-voz do fundo, Lee Fullerton, se negou a comentar se o fundo contratou administradores especializados nesse tipo de investimento e se esses gestores estariam em negociação com a CalPERS.
Outro cotado para a compra é o fundo de Harvard que, acredita-se, faça investimentos diretos em reflorestamento. Jack Meyer, presidente e diretor executivo da Harvard Management, de Boston, não foi encontrado para comentar o assunto.
Ainda não está claro se a venda da CalPERS irá depreciar os preços dos ativos desse investimento. “Se eles têm um cronograma adequado de venda, tudo bem. Mas, se quiserem liqüidar tudo nos próximos seis meses, o mercado possivelmente será afetado”, disse Eva Greger, sócia administradora da Grantham, Mayo, van Otterloo & Co., de Boston, responsável pela administração de cerca de US$ 300 milhões em ativos florestais.
A venda das florestas, que foi aprovada pelo comitê da entidade por sete votos a três, e que fazem parte do portfólio do fundo especializado em bens imóveis, pode capacitar dirigentes do fundo a fazer outras aquisições no mercado imobiliário. Dirigentes da CalPERS explicaram no encontro do comitê de investimentos no último dia 15 de outubro que estariam vendendo propriedades não especificadas do portfólio de negócios imobiliários, avaliado em US$ 12,8 bilhões, para recuperar a meta de 9% do total de ativos do fundo e que foi superada. Em agosto, o total nessa classe de ativos já representava 9,4%.

Mercado imobiliário mais enfraquecido – Dirigentes do fundo acreditam em um enfraquecimento do mercado imobiliário já nos próximos meses. Melhores oportunidades de compra podem existir só daqui a um ano, segundo o consultor Nori Gerardo Lietz, diretor administrativo da Pension Consulting Alliance, de Connecticut.
No encontro de agosto, o comitê de investimentos da CalPERS também votou para vender um portfólio de leasing de florestas de US$ 139 milhões, que é administrado pela CNL Institutional Advisors, da Florida. Sob esse leasing, os locatários ficam responsáveis pelo pagamento de taxas, seguros e manutenção das áreas, fazendo do leasing um instrumento de títulos. O portfólio teve uma rentabilidade de 11,4% no período de três anos encerrado em dezembro de 2001. Tracy Golay, porta-voz da CNL, preferiu não comentar o assunto.
A decisão da CalPERS em vender suas holdings florestais chegou como uma surpresa para alguns observadores, dado a fidelidade do fundo ao investimento durante os últimos 14 anos. “A CalPERS ficou com florestas por muito tempo, uma das primeiras instituições a investir nesse tipo de investimento, e teve sempre muitos bons retornos, disse Richard Doelling, dirigente da Forest Investments Associates, de Atlanta, “Posso entender isto como uma forma da CalPERS recuperar seus ganhos, mesmo sabendo que os preços despencaram um pouco na região Sul do País, e não parece ser o momento mais adequado para se fazer isto.”