Berçário de empresas a todo vapor

Edição 160

Fundações aplicam mais em Fundações aplicam mais em venture capital e private equity, mas participação ainda não chega a 0,5% do patrimônio

Apenas nos três primeiros meses desse ano, 21 fundos de pensão investiram na indústria de venture capital e private equity uma soma quase três vezes maior do que o total aplicado até o final de 2004. Em março último, essa indústria já tinha R$ 1 bilhão registrado como investimentos da previdência complementar, alocado em seis fundos de investimentos de empresas emergentes e em 19 fundos de investimentos em participações.
E a tendência é de que esse número aumente, já que três grandes fundações anunciaram recentemente novos aportes para essa indústria – Previ, Petros e Fapes – e o próprio braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o BNDESPar, revelou que, até setembro, lançará um programa de apoio às empresas emergentes, que deve cooptar novos investidores privados.
Afinal, apesar da elevada taxa de juros do País, algumas empresas nascentes ou de porte médio com produtos inovadores chegam a render aos investidores, em média, entre 30% e 40% ao ano, podendo atingir mais de 50% no período. E, mesmo com o rateante motor da economia brasileira, é crescente o interesse de empresas emergentes em, futuramente, aportarem no mercado.
Depois da experiência da ALL e da Gol que seguiram por esse caminho, novos nomes já surgem na praça e podem vir a figurar na lista da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A maioria dessas empresas é do setor de tecnologia da informação e de biotecnologia. Mas há de tudo. Como a Compera Tecnologia, Palavra, Edições Inteligentes, Direct Talk, Ecoluz, Agira, Hortus e Heli Solutions.
Essas companhias fazem parte de quatro fundos geridos pela Rio Bravo Investimentos, que somam R$ 67 milhões – entre capital já aportado e programa de investimento. Segundo o diretor de investimentos da gestora, Luiz Eugênio Junqueira Figueiredo, uma das empresas que se destacou nesses fundos foi a Direct Talk, que atingiu um crescimento de 50% ao ano.
Outra gestora do mercado é a Eccelera, que tem dois fundos de venture capital com as empresas Impactools, Superbid, Ponto Cargo, Digicall, Aberium, Airgate, Rotanet, IT NetSoft, Linkware, Trellis, Braskip e Imuno Assay. Dentre estas empresas, diz o diretor-financeiro da gestora, Marcelo Safadi, a Impactools se sobressaiu por ter sido a primeira empresa que em 18 meses já proporcionava a recuperação do capital investido. “O que vier agora é lucro”, conta ele.
Já a Stratus tem um fundo de venture capital com seis empresas e outros dois já estão em fase de constituição. O fundo constituído tem capital de R$ 30 milhões e é voltado para empresas de tecnologia da informação (Innovation, Pulso e Scua), de telecomunicações (Neovia e comDomínio) e mídia (IT Mídia). No mês de julho devem entrar mais duas empresas: uma de software e outra de serviços.
Para o presidente da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), Álvaro Gonçalves, algumas das empresas que apresentaram um desenvolvimento exemplar após a entrada em fundos de emergentes foram a Casa do Pão de Queijo, a Microsiga, a Casa Cor, a Siciliano e a CSU Card Systems. Esta última, segundo ele, seria uma grande aposta de abertura de capital.
De acordo com Gonçalves, os fundos de pensão no mundo inteiro investem, em média, 7% do patrimônio em fundos desse tipo. No Brasil, porém, o número ainda não chega a 0,5%, segundo dados da Secretaria de Previdência Complementar (SPC).