Edição 95
A BCP Telecomunicações acaba de criar um plano fechado de previdência para os seus funcionários. Desde o início de abril, os empregados da empresa que optaram por ingressar no plano começaram a ter descontados em seus hollerits uma contribuição previdenciária que varia de 0,5% a 4,5% do rendimento mensal.
A empresa vai contribuir na mesma proporção do empregado. “Para cada 1 real que o funcionário colocar no plano, a empresa entra com mais 1”, diz o diretor de Recursos Humanos da BCP, William Zampini, que passa a acumular a função de diretor-superintendente da BCPrev.
Segundo Zampini, a decisão de escolher um plano fechado foi amparada, entre outros fatores, na vantagem de determinar a política de aplicação dos recursos do fundo e ainda na liberdade de poder trocar de gestor quando for conveniente.
Inicialmente, a gestão dos recursos será feita pelo Banco Safra, que é um dos controladores da BCP, com 44,5% do capital da empresa. Outro controlador da BCP é a empresa norte-americana Bell South, que também possui 44,5% do seu capital. A BCP não tem ações negociadas na bolsa.
Para Zampini, a tendência para as grandes empresas, com quadro superior a mil funcionários, será optar por planos fechados. De acordo com ele, ao fazer essa opção a BCP seguiu a orientação da matriz de uma das suas controladoras, a Bell South, que também possui plano fechado para os seus empregados nos Estados Unidos. A BCPrev também seguiu a Bell South ao optar pelo modelo do plano, de Contribuição Definida (CD).
“O modelo permite maior controle sobre os custos”, diz Zampini. Para o consultor da Willian M. Mercer, Mauro Machado Pereira, a escolha do plano CD é coerente com o perfil dos funcionários da empresa: jovens, com pouco tempo de casa, e que, portanto, podem ser mais agressivos nos investimentos.
O consultor acrescenta que a BCP adotou procedimentos modernos e flexíveis ao desenhar o plano como, por exemplo, a forma de pagamento do benefício. A partir de cinco anos de casa, o funcionário que optou pelo plano tem acesso, em percentuais crescentes, à contribuição da patrocinadora. “É uma forma não usual entre as empresas”, diz.
Outro fator importante adotado pelo plano da BCP, segundo o consultor da Mercer, é que a forma de pagamento dos benefícios também é bastante flexível, com um extenso leque de alternativas, que vão desde receber de uma vez só um percentual do total do plano a até programar o tempo e o valor de retirada do benefício.
A BCP tomou ainda a decisão de retroagir a contribuição ao plano à data de admissão do funcionário na empresa. “A medida abrange todos os funcionários que optaram pelo plano”, diz Zampine. Segundo ele, a contribuição retroativa da empresa será na mesma proporção que o empregado contribuir a partir de abril. Ou seja, se ele optou pela contribuição de um percentual de 4,5% do seu salário, a empresa vai acrescentar em seu plano o montante equivalente a este percentual desde quando o funcionário foi admitido. O empregado não terá de contribuir de forma retroativa.
Para todos – O funcionário que não optar pelo plano de previdência da empresa também recebe um benefício no momento da sua aposentadoria. Tanto o funcionário com salário inferior ao benefício-teto da Previdência Social (R$ 1.328,25), quanto aquele que ganha acima desse valor receberá um prêmio da fundação no momento da aposentadoria, pago uma única vez após seu desligamento da empresa.
O trabalhador com rendimentos abaixo do teto da previdência, que ganha R$ 1 mil, por exemplo, receberá um prêmio equivalente a esse salário, atualizado, multiplicado pelos anos de casa e dividido por 30. Para obter o prêmio máximo, equivalente a 3 salários atualizados, o funcionário deve ter 30 anos de casa.
O mesmo cálculo serve para o funcionário que ganha acima do teto da Previdência Social. A diferença é que o montante pago a ele será o equivalente a 3 benefícios-teto da previdência, atualizados quando da sua aposentadoria. Também aqui, para que ele receba os 3 salários integrais de prêmio, deverá ter 30 anos de trabalho na empresa.
A BCP conta hoje com cerca de 3 mil funcionários, dos quais 2 mil na Grande São Paulo e cerca de 1 mil espalhados pelo Nordeste, onde a empresa também possui a concessão para explorar a banda B de telefonia celular. O percentual de adesão à BCPrev só será conhecido após o dia 10 de abril, prazo máximo para quem quiser optar pelo plano.
A diretoria da BCPrev será composta por três diretores do Conselho de Administração da empresa patrocinadora mais três diretores da entidade de previdência. Toda a parte operacional do fundo e a de gestão dos recursos será terceirizada.