Edição 117
A continuidade da política de queda das taxas de juros, aliada ao equilíbrio fiscal e à inflação estável, devem levar os fundos de pensão a ampliarem seus investimentos no mercado de capitais, tanto em renda fixa quanto em renda variável, até os limites permitidos pela Resolução 2.829. No caso de renda variável, essa resolução permite aplicar até 60% e 45% em ações do nível 1 do Novo Mercado, respectivamente para os planos de Contribuição Definida (CD) e Benefício Definido (BD). Em renda fixa, os limites vão até 30% e 20% em papéis de médio e alto risco de crédito, respectivamente para os planos de Contribuição Definida (CD) e outros planos.
“Esses percentuais poderão ser atingidos, desde que os juros caiam e que sejam criados incentivos ao crescimento das aplicações de risco nos portfólios dos fundos de pensão”, analisou o coordenador da área de investimentos da Secretaria de Previdência Complementar (SPC), Fábio Ohara Ishigami, em palestra realizada no início de abril no Congresso da Abamec, em Porto Alegre (RS). “A tendência é, claramente, um movimento em direção às empresas de boa governança corporativa”. Em dezembro do ano passado, dos R$ 152,4 bilhões investidos pelos fundos de pensão apenas 28,7% estavam em renda variável, enquanto a renda fixa predominava com 59,6%, nesse percentual incluído os 13,1% aplicados em títulos do Tesouro Nacional e Banco Central (ver quadro).
Ainda segundo Ishigami, as novas práticas do mercado, como o Asset Liability Management (ALM), o advento da figura do custodiante e o fortalecimento do administrador responsável, dão aos fundos de pensão mais segurança para ampliar seus investimentos em mercados de maior risco. Para ele, a tendência é se reproduzir aqui o que ocorre nos Estados Unidos: conforme cai a rentabilidade dos títulos do governo, aumenta a demanda por papéis privados high yield (de alto risco). “No Brasil, devemos observar movimento semelhante no futuro próximo”, afirma.