Anbid realiza primeiro exame para certificação | Cerca de 1.200 p...

Edição 128

Honestidade, lealdade na concorrência, idoneidade e não prejudicar os demais. Não, isso não é um trecho da Bíblia, apesar de lembrar os Dez Mandamentos. Os princípios fazem parte do código de auto-regulação para o programa de certificação da Associação Nacional dos Bancos de Investimento – Anbid. Com o objetivo de disseminar parâmetros éticos e incentivar a capacitação técnica dos profissionais que atuam no mercado financeiro e de capitais, a Anbid começa a aplicar um programa destinado a todos que desempenham funções relacionadas à distribuição de produtos de investimento no mercado.
O marco inicial do programa foi a realização do primeiro exame de certificação, no final de novembro último, voltado inicialmente ao pessoal que trabalha na venda de produtos para investidores qualificados.
Cerca de 1.200 profissionais ligados ao mercado financeiro se inscreveram para fazer uma prova que foi aplicada simultaneamente em São Paulo e Rio de Janeiro. O exame é apenas uma parte do programa de certificação que pretende atingir, a partir do próximo ano, todos os profissionais que trabalham na distribuição de produtos para o varejo, a maioria sediada nas agências bancárias. “O programa deve atingir um público estimado em cerca de 70 a 80 mil profissionais no próximo ano. É o equivalente ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil, mas voltado para o pessoal do mercado financeiro”, afirma Alfredo Setúbal, presidente do conselho da Anbid responsável pelo programa e vice-presidente da área de mercado de capitais do Itaú.
O projeto começou a ser elaborado há dois anos e meio quando Edmar Bacha assumiu a presidência da Anbid. Ele estava retornando dos Estados Unidos e tinha a intenção de implantar um sistema de qualificação de profissionais com a mesma finalidade que existe naquele país. Depois de muitas discussões, foi criado um código com os princípios e as regras gerais do programa e foi implantada uma estrutura para desenvolver o programa. Além do exame e do código, o programa prevê ainda a criação de um banco de dados que arquivará informações sobre o desempenho dos profissionais nas provas de certificação e atualização. O exame de atualização deverá ser realizado em média a cada 4 anos.
O órgão central da estrutura que mantém o programa é um conselho formado por representantes de instituições financeiras e de entidades representativas como a Abrapp (fundos de pensão), Anapp (previdência aberta), Febraban (bancos) entre outras. O conselho é responsável pela aplicação do programa de certificação e das provas e tem a capacidade de aplicar processos a quem descumprir as determinações do código de auto-regulação. “Apesar de representar, inicialmente, um aumento de custos para as instituições financeiras, a maior parte dos participantes do mercado está apoiando e incentivando o programa”, diz Luiz Eduardo Maia, membro do conselho e também diretor do ABN AMRO. Ele afirma que o programa faz parte do fenômeno de desenvolvimento e de aumento na transparência do mercado de capitais brasileiro.
Nos próximos anos, o programa deve estabelecer exames específicos para diversos segmentos do mercado. Por exemplo, devem ser criadas provas direcionadas para profissionais que distribuem derivativos ou planos de previdência aberta, entre outros. “Ainda estamos aprendendo com os exames e decidimos começar com um grupo mais restrito que são os profissionais que atendem o nicho de investidores qualificados. Em breve, devemos aplicar exames para outros grupos mais específicos”, diz Setúbal. Para ele a primeira prova aplicada no final de novembro foi satisfatória, mas ainda pode ser aperfeiçoada. Segundo ele o exame, que continha 150 testes de múltipla escolha, poderia ter dado maior ênfase para as questões práticas, além de apresentar maior rigor na área de matemática financeira.