Alto retorno longe dos índices | Fundação Ecos busca rentabilidad...

Edição 243

 

Com patrimônio de cerca de R$ 800 milhões, a Fundação Ecos começou há cerca de um ano um processo de aumento da terceirização na gestão das carteiras de renda variável e multimercados com o objetivo de buscar o chamado retorno alfa para suas carteiras. O primeiro passo foi a seleção de fundos abertos com mandatos de valor para a renda variável, realizada no segundo semestre do ano passado. Mais recentemente, em meados de 2012, a fundação selecionou fundos multimercados. Os resultados dessas carteiras contribuíram para alavancar a rentabilidade global em 2012, que vinha alcançando 12,65% até setembro, contra a meta atuarial de 7,99% – INPC mais 5% ao ano.

“Decidimos substituir a gestão atrelada aos índices tradicionais de renda variável, Ibovespa, IBrX ou dividendos, por fundos com mandatos com maior autonomia e flexibilidade”, diz Tiago Novaes Villas-Bôas, diretor administrativo-financeiro da Fundação Ecos. Atualmente patrocinado pelo Econômico Agro Pastoril – uma empresa com origem no antigo grupo do Banco Econômico – o fundo de pensão investe em seis fundos abertos de ações, das seguintes gestoras: BBM, Mercatto, BNY Mellon, GAP, BRZ e Quest. Cerca de 30% da carteira de renda variável ainda conta com gestão interna da equipe da fundação (ver gráfico com dados sobre patrimônio).

A avaliação do desempenho da carteira de ações em 2012, que representa cerca de 12% do patrimônio total, até agora é positiva. De janeiro a setembro, a renda variável da fundação deu retorno de 10,67% contra 2,13% do Ibovespa. “Estamos privilegiando a seleção de fundos descorrelacionados de índices. Por isso, o mais importante é identificar quais são os produtos e gestoras mais capacitados para a geração de alfa”, explica Villas-Bôas. Com esse modelo de gestão, a ênfase da atuação do comitê de investimentos fica mais focada na seleção e acompanhamento das gestoras, mais do que a realização da gestão em si das carteiras.

No segmento de multimercados estruturados foi adotado modelo similar ao da renda variável. Foram selecionadas cinco gestoras em julho passado, que são os seguintes: Plural Capital, BRZ, GAP, BTG Pactual e BBM. O segmento representa 4% do patrimônio total e alcançou rentabilidade de 130% do CDI até setembro passado. “Os multimercados estruturados voltaram a fazer sentido depois da queda das taxas de juros. Teve um momento que apresentaram problemas de desempenho, mas agora voltaram a performar bem”, diz o diretor da entidade.

Ele acredita que a indústria está mais madura e que há empresas de asset em condições de oferecer retornos mais consistentes. A preferência tem sido por fundos abertos com baixa volatilidade – Vol até 5% – como alternativa para bater o CDI. O fundo de pensão tem utilizado também uma parte do caixa de médio prazo para aplicar em alguns fundos multimercados e, desta forma, conseguir um ganho extra maior que os fundos DI.

Além dos segmentos de renda variável e multimercados, a fundação veio apostando em um alongamento do prazo dos títulos públicos nos últimos quatro anos. Com isso, fez um estoque de papéis do tipo NTN-Bs com uma visão de casamento com o passivo do plano de benefícios nos próximos anos. A Ecos é uma fundação considerada madura, com maior saída de recursos do que entrada, pois dos 880 participantes atuais, cerca de 80% são assistidos.

Seleção e rodízio – A equipe da fundação tem utilizado um modelo próprio para a seleção e avaliação da gestão das assets externas. O modelo considera critérios quantitativos que procuram analisar a relação risco e retorno ao longo do tempo, além de olhar as perspectivas de manutenção da performance dos fundos. “Averiguamos se um bom resultado é consequência de um trabalho consistente e que pode ser mantido no futuro, ou se o acerto foi esporádico”, diz Villas-Bôas. Ele explica que é analisado o índice de sucesso, que mede a frequência com que os resultados acima dos benchmarks de referência foram alcançados ao longo do tempo.

O modelo também verifica critérios qualitativos das assets como processo decisório, risco e compliance, além do histórico e o perfil dos gestores. Além da seleção, o esquema serve também para a avaliação da performance dos fundos escolhidos. Para isso, as gestoras são avaliadas segundo um gráfico de quartis. Os melhores fundos são classificados no primeiro quartil e costumam receber aumento no aporte de recursos. O segundo quartil indica manutenção dos valores, já o terceiro, recomenda redução das aplicações. O último quartil indica resgate das aplicações.

O processo de seleção e acompanhamento dos fundos abertos é realizado internamente, sem a contratação de consultoria externa. “Somos uma equipe que viemos do setor bancário, com experiência na gestão de carteiras”, diz Villas-Bôas. O profissional atuou no Banco Econômico e depois nos grupos que incorporaram parte da instituição após sua liquidação – o Excel, o BBV e o Bradesco.