ALM é só o começo

Edição 138

A dificuldade dos fundos de pensão, nos últimos dois anos, em atingir as metas atuariais, teria sido evitada caso as entidades tivessem se preocupado não somente com estudos de ALM mas também em criar uma política de riscos de mercado, operacional, de gestão e performance. A afirmação é do diretor da PPS Portfólio Performance, César Martins Guimarães, que palestrou no segundo painel do Cisprev e se diz cada vez mais convencido de que o ALM é apenas uma parte da política de investimentos, que não livra a entidade de diversos tipos de risco e déficits.
Concentrar a atenção nos riscos de alocação estratégica, que analisa as alocações dos ativos mais adequadas para responder às necessidades futuras de pagamento de benefícios, acaba desviando um olhar mais crítico dos riscos das carteiras de investimento, que podem decorrer da flutuação nos preços dos ativos ou mesmo falta de liqüidez, diz Guimarães. “A partir do momento que se avalia os riscos como um todo, mesmo que os mercados estejam em um cenário de baixa, a fundação pode até calcular um déficit, mas este certamente estará dentro dos limites previstos e com a tendência de recuperar em pouco tempo”, garante o diretor.
Apesar de convencido de que riscos existem e são, em alguns momentos, até mesmo necessários, Guimarães incentiva as assets a criarem, junto aos dirigentes, funcionários e até mesmo participantes de fundos de pensão, uma cultura financeira. “As consultorias e assets devem ter uma metodologia para construção de políticas que parte da criação de cultura. As pessoas precisam saber quais os riscos inerentes a uma atividade de gestão de ativos, qual a possibilidade deles ocorrerem e o impacto sobre os investimentos”, conclui.

Segurança – Na mesma linha de entendimento, o diretor da Rocca Prandini & Rabbat, Fernando Lovisotto, abordou no mesmo painel as etapas de um processo de alocação de recursos previdenciários. Do momento da distribuição dos ativos à avaliação dos gestores, a ordem é primar pela segurança dos recursos que, segundo Lovisotto, têm 91,5% de sua rentabilidade garantida por estudos de alocação de ativos. “As estratégias de market timing e stock selection, entre outras, representaram pouco mais de 8% da variação na rentabilidade dos investimentos”, diz o diretor.