Edição 127
A PSS, fundo de pensão da Philips do Brasil, continua negociando no mercado de previdência aberta a migração dos seus participantes para um novo plano de aposentadoria complementar. De acordo com o presidente da fundação, Horácio Almendra, a patrocinadora não vê mais sentido em continuar administrando um plano fechado no qual os seus funcionários representam apenas 48% do total.
Hoje, além da Philips, a PSS abriga funcionários da LG (fabricante de cinescópios), Atos Origin (software) e PCMS (placas de circuito impresso montado), que juntos somam 52% dos 12 mil participantes, dos quais 8,1 mil são ativos e 3,9 mil inativos. É certo que a empresa holandesa ainda possui participações, em maior ou menor grau, nessas empresas. Entretanto, como elas pertencem a segmentos diversos e possuem estratégias próprias de recursos humanos, isso torna a administração da fundação uma tarefa cada vez mais complicada.
“A missão da Philips não é administrar fundos de pensão, a missão da Philips é produzir lâmpadas, é produzir eletrônicos, é fazer equipamentos cirúrgicos”, afirma Almendra. “Enquanto a maioria dos participantes era da Philips até fazia sentido, mas quando passou a ser de outras empresas isso deixou de ter sentido para nós”.
Segundo Almendra, que além de presidente da PSS é também diretor financeiro da Philips, a empresa de previdência aberta a ser escolhida terá que criar dois planos de previdência semelhantes aos que possui hoje a PSS, sendo um de benefício definido para abrigar os atuais aposentados que não quiseram migrar para o CD em 1996, e outro de contribuição definida para abrigar aqueles que migraram. Na época foi oferecido um incentivo para a migração, que correspondia ao carregamento de 5% da poupança acumulada por ano de trabalho. Com isso, 85% das pessoas que estavam no antigo BD migraram para o CD.
Hoje, o BD possui 3,9 mil participantes e o CD 8,1 mil. “A empresa a ser escolhida terá que ter dois fundos clones dos nossos”, afirma Almendra. “Vamos garantir aos participantes da Philips os mesmos benefícios que possuem no plano fechado. Não posso falar pelos participantes das outras patrocinadoras, mas no nosso caso fazemos questão de manter os mesmos benefícios”.
Os planos abertos já são uma realidade nas subsidiárias da Philips na Espanha e República Tcheca. Na Inglaterra, embora a empresa tenha optado por manter um fundo fechado, a administração é feita por uma global manager, uma espécie de quarteirizadora encarregada de gerenciar todos os prestadores de serviços da fundação. “No Brasil, não vemos outro veículo de migração além das abertas, mas não descartamos nada. Usem a imaginação…”, sugere Almendra.
De acordo com ele, os novos planos abertos devem oferecer uma combinação das seguintes características: continuidade dos benefícios; segurança aos participantes e tradição da operadora. Além de atuar localmente e ter porte no país (não basta ter porte apenas internacionalmente), a operadora também precisa “dar todas as indicações de que estará aqui pelos próximos 50 anos”, conclui Almendra.
Uma das dificuldades de escolher uma operadora aberta é que o patrimônio da PSS, de cerca de R$ 1 bilhão, supera o de muitas empresas de previdência aberta no mercado local. Mas é exatamente para casos como esse que Almendra sugere que as empresas “usem a imaginação…”
Falta de agilidade – Além do fato de que os participantes da Philips representam hoje menos da metade da PSS, outro fato também teve contribuição decisiva na atitude da empresa de decidir pela migração: a falta de agilidade do órgão controlador. “Uma coisa que sempre me incomodou é a dificuldade de conseguir qualquer coisa na SPC”, reclama Almendra. “Quando tenho que comunicar que tenho uma nova patrocinadora, por exemplo, o tempo que leva para que isso seja regularizado não atende à velocidade do mundo dos negócios”.
Recentemente a Jabil, uma empresa norte-americana, comprou a divisão de circuitos impressos montados da Philips e batizou-a com o nome de PCMS. Como os funcionários absorvidos pela PCMS já estavam na PSS, porque eram funcionários da Philips, a nova empresa também teria que entrar como patrocinadora da PSS. O que se imaginava que seria uma coisa rápida, apenas para regularizar uma situação, tornou-se uma maratona de viagens, telefonemas e papelada. “Não é que as coisas não saem, na verdade saem mas demora muito”, diz Almendra.