Edição 8
O Banco Itaú, segundo maior banco privado do país, está criando uma
família de fundos voltados para os grandes investidores
O Banco Itaú, segundo maior banco privado do país, está criando uma
família de fundos voltados para os grandes investidores, alguns deles
exclusivos para os institucionais. “Já temos sete carteiras, com perfis
distintos, mas devemos chegar a 10 nos próximos meses”, afirma o
superintendente da área de investidores institucionais do banco, Oscar
Audino.
O setor de fundos de investimentos já representa quase a metade dos
ativos totais do banco, englobando recursos de R$ 6,2 bilhões. Ficam de
fora dessa conta os fundos de curto prazo, administrados diretamente
pela tesouraria do banco.
Dos sete fundos que compõem a família de produtos destinados aos
grandes aplicadores, três são voltados exclusivamente aos fundos de
pensão: um de renda fixa DI, um de derivativos de alta volatilidade e
uma carteira livre que só aplica em ações do setor de telecomunicações. O
banco aguarda, ainda, a aprovação pela CVM de outros três fundos de
ações (carteira livre) destinados exclusivamente às fundações, com
portfólios adequados às necessidades estratégicas desses clientes, conta
Audino.
Segundo ele, o direcionamento dos grandes investidores para fundos de
investimento não prejudica as carteiras administradas. “Estamos propondo
aos clientes um sistema que pode até incluir uma parte de recursos
administrada separadamente, mas incorporando a participação de
fundos”, diz. “Desta forma, o investidor pode ir compondo sua aplicação
de acordo com diferentes graus de risco e de retorno”, acrescenta.
Perfil conservador – Além dos R$ 6,2 bilhões em fundos de investimentos,
a área de gerenciamento de recursos de terceiros do Itaú incorpora R$ 1,5
bilhão em carteiras de fundos de pensão (16,6% do total) e R$ 1,3 bilhão
em private bank (13,3% do total). No total, são R$ 9 bilhões em recursos
de terceiros, do total de R$ 13,5 bilhões administrados pelo banco. “É
uma área completamente independente da Tesouraria, mas a política de
investimentos, do ponto de vista do risco, segue o perfil conservador do
banco”, diz o vice-presidente de mercado de capitais da instituição, Alfredo
Setubal. “Disso o banco não abre mão”.
Do R$ 1,5 bilhão em recursos de fundos de pensão, cerca de R$ 900
milhões estão em carteiras administradas, cujos donos são 61 fundações
(42 de fundações privadas e 19 de estatais), conta Setúbal. Outros R$
600 milhões são aplicações da carteira de investimentos da Fundação
Itaubanco, cujo patrimônio integral soma R$ 1,2 bilhão.
Oscar Audino observa que os fundos de empresas estatais ainda são os
mais resistentes à terceirização das carteiras. “O que falta à maioria
dessas fundações é definir seus objetivos, por isso para elas é tão difícil
repassar parte da administração dos investimentos”, afirma.
Segundo ele, o Itaú não trabalha no sentido de conquistar todos os
recursos de uma fundação. “Não queremos 100% da carteira dos fundos,
nosso objetivo é ser um complemento à gestão interna”, diz. “Nosso
trabalho é ajudar o fundo de pensão a encontrar caminhos”.
Previdência aberta – O Itaú prepara uma estratégia para atuar mais
fortemente no setor de previdência complementar aberta. Está dedicando
maior atenção à Itauprev, sua empresa na área, que opera timidamente
no mercado desde 1987, e está definindo novos produtos para somar ao
Flexprev, lançado em novembro.
A estratégia para ser forte na área de previdência aberta começou a ser
definida na reestruturação do controle da Itauprev, em abril do ano
passado, conta Setúbal. A antiga formatação do controle, dividido em
partes iguais entre o Banco Itaú, a holding Itaúsa e a Itaú Seguros,
dificultava a condução dos negócios.
A Itauprev praticamente não decolou. Isso fica claro pela desproporção
dos seus resultados em relação ao banco. Para os R$ 13,5 bilhões
administrados pelo banco, a Itauprev possui reservas técnicas de apenas
R$ 60 milhões. A Bradesco Previdência, líder do mercado, possui reservas
ao redor de R$ 2,5 bilhões.
De acordo com Setúbal, a partir da mudança na composição acionária da
Itauprev, cujo controle (80%) agora é do Banco Itaú – a Itaú seguradora
detém os outros 20% – ficou mais fácil definir o foco de atuação. “A
mudança foi feita com o objetivo de preparar a Itauprev para crescer em
um mercado em franca expansão”, diz.
Estabilidade – A retomada dos planos do Itaú na área de previdência
aberta foi estimulada pela estabilidade econômica decorrente do plano
Real. “A inflação elevada tornava muito difícil operar este tipo de produto,
pois gerava insegurança quanto à correção dos planos e afastava o
cliente”, observa.
Para Oscar Audino, um fator fundamental e que irá favorecer a evolução
do segmento é a possibilidade de dedução dos gastos com previdência
complementar no imposto de renda, que estava suspensa desde o
governo Collor e foi retomada a partir da declaração deste ano.Este está
sendo o principal atrativo da Itauprev na campanha de marketing do
recém-lançado Flexprev.
“Estamos mostrando aos clientes do banco e eventuais novos parceiros
que, além de se preparar melhor para a aposentadoria, o plano permite
hoje uma vantagem fiscal considerável”, explica Audino.
OS FUNDOS DO ITAÚ (linha de fundos voltada aos grandes investidores)
NOME – PERFIL
Exclusive Institucional DI* – Renda fixa atrelado ao CDI
Delta Institucional* – Derivativos de alta volatilidade
Top Renda Estadual – Títulos de bcos e de governos estaduais e munic.
Top Misto Estadual – Títulos de bcos estaduais, empr. estatais, gov.
estad. e munic. e CDB de bcos de 2º linha
Itaucorp Acões – Carteira livre de liquidez, parte em renda fixa e parte em
ações de primeira linha
Draco* – Carteira livre com papéis de empr. de telecomunic.
Private Índice – Procura acompanhar o Ibovespa
* Carteira exclusiva para investidores institucionais – o banco tem mais
três fundos de ações exclusivos para fundações em análise pela CVM